REFUGIADOS Milhares de refugiados interpelam a Igreja

REFUGIADOS
Milhares de refugiados interpelam a Igreja
PAULO AIDO*

Dias de lágrimas. O mundo vive nos dias de hoje a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Milhares de pessoas estão em fuga de países em guerra. Muitos são cristãos. Foram escorraçados das suas casas. Hoje estão sem nada, estão em fuga, precisam de nós. Ajudá-los é também a missão da Fundação AIS.
Nove dias em cativeiro. O P. Douglas Bazi estava numa das avenidas principais da capital iraquiana, Bagdade, quando um carro que vinha em grande velocidade parou junto de si. Começou aí a sua tortura. No Iraque, o rapto de pessoas é um negócio que vale milhões. Os Cristãos são particularmente visados. Foram nove dias de tortura, sem comer nem beber água. Mais de 200 horas de suplício. Queimaram-no com pontas de cigarro, partiram-lhe dentes e o nariz. Algemaram-no.
Rezar com as algemas. Os algozes julgavam que, algemado, o P. Douglas não conseguiria fugir. O que nunca imaginariam é que o P. Douglas iria usar essas algemas para rezar. Foi aí, nessas ave-marias rezadas em silêncio, que foi buscar a coragem para sobreviver. “Foi o mais belo rosário que já rezei em toda a minha vida.” Essas algemas, que foram colocadas para lhe prender os movimentos, libertaram-lhe o espírito. “Tinham exactamente dez argolas.” Os algozes podiam bater-lhe, queimar-lhe o corpo, privá-lo de comida e de água. Fizeram-lhe isso tudo e nunca repararam, nem podiam reparar, que os dedos do P. Douglas iam acariciando as argolas das algemas, numa oração ininterrupta de ave-marias. Batiam-lhe no corpo mas não podiam prender-lhe a alma. 
Apoiar os refugiados. O P. Douglas tem 47 anos e vive agora em Ankawa. Forçado a fugir, como milhares de iraquianos, por causa da guerra, é agora um refugiado entre refugiados.  Aí ele tenta ajudar o povo cristão a sobreviver a estes dias de provação. “Esta é uma Igreja de sangue”, costuma dizer. “No meu país, se alguém fizer um buraco para procurar petróleo, vai descobrir sangue de cristãos. Porém, o petróleo é mais caro do que o sangue dos mártires.”
O P. Douglas ajuda mais de uma centena de famílias cristãs. Através dos donativos dos benfeitores e amigos da Ajuda à Igreja que Sofre é possível refazer vidas, dar esperança a quem perdeu tudo. O P. Douglas é também um exemplo do trabalho missionário nestes países martirizados. Onde os Cristãos são perseguidos, há alguém que ampara, que conforta, que auxilia. Os Cristãos, no Iraque, vivem “permanentemente numa Sexta-feira Santa”, diz ele. “Rezem por nós, salvem-nos!”
Missão da AIS. Quando o P. Werenfried van Straaten fundou a Ajuda à Igreja que Sofre nos escombros da II Guerra Mundial, a Europa estava destroçada e pelas ruas carregadas de ruínas vagueavam milhares de pessoas de mãos vazias, sem nada. Hoje, vemos outra vez milhares de refugiados que buscam na Europa uma vida com dignidade, pessoas que estão a fugir da guerra, de cidades em ruínas. Pessoas assustadas que foram obrigadas a deixar tudo o que tinham e agora precisam de ajuda.

Todos os dias vemos imagens de milhares de refugiados que fogem da morte, como uma mancha de sangue que não para de crescer. Vêm do Iraque, Síria, Líbia, Afeganistão, Nigéria… São pessoas como nós, são homens, mulheres e crianças. Estão perdidos. Estão de mãos estendidas. Pedem-nos ajuda. Não podemos fingir que não os vemos. Nunca, como nos dias de hoje, faz tanto sentido a missão da Fundação AIS. Ajudar a Igreja que Sofre nas pessoas concretas dos que fogem, dos que são perseguidos por causa da fé, dos que perderam tudo. O P. Douglas diz-nos: “Se têm algum poder e vontade para salvar o meu povo, por favor, façam alguma coisa. Salvem-nos!” Não fazer nada, não ajudar, é criminoso. A omissão é um pecado.  *www.fundacao-ais.pt   in VM, Set.2015

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