PAPUA NOVA-GUINÉ O poder de um sorriso por r de Armando Soares

PAPUA NOVA-GUINÉ
O poder de um sorriso P. ARMANDO SOARES *
Que faz uma religiosa lá longe, na Papua-Nova Guiné, em Bereina, uma das dioceses mais pobres do mundo onde falta tudo ou quase tudo? A irmã Catarina Gasparetto tem sempre um sorriso estampado no rosto mesmo quando se senta ao volante da camioneta despertando dos mais novos, comentários como este: “Olhem a Irmã a conduzir! Fantástico!” A Irmã decidiu entregar sua vida a Deus e ingressou na Comunidade de Jesus Bom Pastor. Deu-se sem medo! Um dia cruzou-se com o bispo dessa diocese e respondeu sim ao seu desafio: “Por favor vem ajudar!” Não sabia bem o que ia fazer e muito menos o lugar onde ficava Bereina. E foi. Mais do que as inúmeras horas de voo entre a Itália e a Papua-Nova Guiné o avião levou-a a fazer uma viagem no tempo, entre o século XXI e quase a Idade da Pedra. Nunca a Irmã Catarina imaginaria iria conhecer uma região tão pobre, com tantos analfabetos e mergulhados em terríveis tradições ancestrais como a de mascar a noz de betel. Em Bereina falta quase tudo: não há escolas nem centros de saúde, as estradas não estão asfaltadas, as casas não têm instalações sanitárias, falta a eletricidade na maior parte das horas do dia e a esmagadora maioria da população vive em zonas rurais, em pequenas aldeias sem contacto umas com as outras. A Irmã Catarina deixou o conforto da sua terra natal para ajudar a construir uma comunidade menos exposta à pobreza. Talvez o maior desafio para a Irmã foi libertar a população do hábito de mascar noz de betel um poderoso alucinogénio que tem provocado inúmeros casos de cancro e que “tem paralisado toda a sociedade”. Como fazê-lo? “Com a educação”, diz a Irmã. A Papua Nova Guiné tem ao lado de uma grande riqueza cultural, com mais de oito centenas de línguas numa população de sete milhões de habitantes. Esta riqueza está aliada a uma enorme pobreza material – cerca de um terço da população sobrevive com menos de 1 euro por dia – provocando conflitos violentos entre a população. Com a educação e com o sorriso da Irmã os resultados foram benéficos e frutuosos. Qual a alegria de alguém, que com 20 ou mais anos, começou “a escrever o seu nome” ou a “fazer a primeira conta de somar”! E a alegria da Irmã? “As lágrimas caíam-lhe pelo rosto... Momentos bonitos...” A Papua-Nova Guiné continua a ser um dos países mais pobres do mundo. A Irmã Catarina faz, com o seu sorriso e generosidade, uma pequena revolução, combatendo a pobreza, a marginalidade, o abandono em que se encontra toda esta comunidade. Esta é a revolução do amor. E a Fundação AIS vai acudindo com ajuda económica.  * in VM março 2018

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