POEMA Mosquitos por Teófilo Minga


POEMA
Mosquitos por Teófilo Minga

Miseráveis mosquitos,
Que só atavam de noite!
É preciso que alguém se afoite,
Em paciência e sem gritos,
E se levante para este combate,
Ate lhes dar o xeque-mate. (1)

São ataques insistentes…
E passam junto aos teus ouvidos,
Rápidos, em voos repetidos,
Que te martirizam em todas as frentes,
E te roubam um precioso sono.
Não deixo o combate ao abandono! (2)

Mas uma vez, em voo rasteiro,
Passam em revoada, em multidão.
Prevenido, eis-me em toda a atenção,
Munido do meu travesseiro,
Sem remorsos, para qualquer matança.
A paciência, seus limites alcança! (3)

Na alegria, vejo alguns colados à parede…
Miseráveis bichos, tantos contra um…
Continua o combate, até que mais algum,
Fica enredado também na rede,
Com que agora me protejo e defendo…
Em paz, sobre a cama me estendo! (4)

Alguns repelentes valem também,
Para assegurar completa vitória,
Nestas noite, de má memória,
Onde o descanso perdido tem
A possibilidade de ser retomado,
Com estes bichos, agora, de lado! (5)



Teófilo Minga
Kigali, 12 de fevereiro de 2018

    1) Má memória de uma noite dormida no Centro de Acolhimento da Igreja presbiteriana, em Karongi. Karongi é um lindo espaço junto ao lago Kivu, já na parte oeste do Ruanda. Aí dormimos a noite do dia 10 para o dia 11 de Fevereiro de 2018. Lugar lindo e turístico, junto ao lago. Mas nem por isso os “miseráveis mosquitos” deixam de atacar, estragando-te assim uma boa parte da noite e roubando-te um sono precioso depois de uma viagem linda mas cansativa, em estrada muito boa, mas cheia de curvas, através das colinas do Ruanda.
Acordado, bem cedinho, depois dessa luta noturna contra os mosquitos, quis escrever este poema, sentado no refeitório, em frente do lado. Tive que reter a inspiração, se inspiração havia, porque não tinha comigo, nem papel, nem caneta, nem esferográfica, nem lápis… Coisas que acontecem, mas que não ficam muito bem, num professor. Eu, um pouco clássico, ainda considero o papel e a caneta como instrumentos essenciais para o meu trabalho. Outros já só vivem na era digital e arrumaram esses instrumentos humildes de trabalho. Na humildade, ainda são os meus., embora esteja aberto, como é evidente aos benefícios que nos dão as novas tecnologias. Mas aí entro, calmamente, calmamente.
    2) Quem viaja por estes e outros lados, em zonas tropicais, sebe bem que esta luta contra os m osquitos é uma constante. Não há nada a fazer; apenas defender-se, como se pode.
    3)  Quando é um ou dois, nem é grande problema. Mas quando são multidão até parece que comem. Há que entrar a matar, mesmo, sem remorsos de alguma espécie.
    4)  Acaba por ser um bom meio de se defender: uma boa rede sobre a cama é quase uma vitória assegurada sobre esses bichos insignificantes, mas extremamente incomodativos. “Boa rede”: porque, às vezes, são incapazes de travar as investidas desses bichos ou pelo mau estado da rede, ou porque são suficientemente inteligentes para entrarem dentro do teu espaço privado que acabam por não respeitar.
   5) Aliado a uma boa rede, um bom repelente também te pode proteger dos ataques desses bichos indesejáveis. Não sou muito dado a repelentes, mas ao ver os efeitos desastrosos desses ataques, vou-me resignando também a defender-me com ele. Vários meses depois conservo ainda na pele os efeitos das “picadas” desses bichos em plena selva peruana. Sempre é melhor evitar essas situações.


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