AMAZÓNIA/invasão exploradores ouro Exploradores de mina de ouro expulsam tribo depois da morte de líder
AMAZÓNIA/invasão exploradores ouro
Exploradores de mina de ouro
expulsam tribo depois da morte de líder
28 Julho, 2019 • 21:57 R
A exploração de minérios de
forma ilegal atingiu proporções alarmantes na Amazónia, com os garimpeiros a
devastar as florestas, desde que o Presidente Jair Bolsonaro iniciou uma
censura pública às multas aplicadas a este tipo de atividade.
Bolsonaro comparou povos indígenas que vivem
vidas tradicionais nas suas reservas a "homens pré-históricos"
© Reuters
|
Por
Dezenas de garimpeiros invadiram
uma aldeia indígena numa zona remota da Amazónia, onde o líder da tribo nativa
foi esfaqueado até à morte. O grupo de exploradores de uma mina de ouro assumiu
então o controlo da vila, quando a comunidade residente se pôs em fuga, com
medo.
A informação foi avançada pelo
The Gardian , que cita políticos
locais e líderes indígenas. A polícia brasileira está a investigar o caso na
reserva indígena Waiãpi, de 600 mil hectares, no estado do Amapá.
A exploração de minérios como
o ouro de forma ilegal tem atingido proporções alarmantes na Amazónia, com os
garimpeiros a devastar as florestas e a poluir os rios com mercúrio, desde que
o Presidente Jair Bolsonaro iniciou uma censura pública às multas aplicadas a
este tipo de atividade.
Os garimpeiros foram avistados
após o homicídio de Emyra Waiãpi, líder da comunidade, cujo corpo foi
encontrado perto da vila de Mariry. Os indígenas fugiram, alegadamente forçados
pelos disparos ouvidos no sábado. Vários líderes indígenas e políticos locais
pediram ajuda policial urgente por temerem "um banho de sangue".
"Os garimpeiros invadiram
a aldeia indígena e estão lá. Estão bem armados, têm metralhadoras. Por isso
pedimos a ajuda da Polícia Federal ", delatou Kureni Waiãpi, de 26 anos, da
tribo que mora na cidade mais próxima de Pedra Branca do Amapari, 189
quilómetros da capital do estado do Amapá, Macapá. "Se nada for feito,
eles vão começar a lutar."
"Esta é uma situação
muito tensa", analisou também Beth Pelaes, presidente da Câmara de Pedra
Branca do Amapari. Beth Pelaes teme os impactos naquela que diz ser uma tribo
muito tradicional e que permite apenas visitantes autorizados.
Randolfe Rodrigues, senador do
estado do Amapá, diz ter recebido mensagens de áudio desesperadas com pedidos
de ajuda da polícia e do exército de Jawaruwa Waiãpi, um vereador e líder
local. O cantor brasileiro Caetano Veloso também deixou o seu apelo pelos
indígenas "agredidos e ameaçados" na rede social Instagram.
Sonia Guajajara, coordenadora
executiva da APIB - Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil , deixou também uma
mensagem de alerta na mesma plataforma.
Kureni Waiãpi, da comunidade
indígena, acredita que o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, encorajou
invasões como estas: "O Presidente está a pôr em perigo os povos indígenas
do Brasil."
O senador Rodrigues culpou as
repetidas promessas de Bolsonaro para permitir a mineração em reservas
indígenas protegidas, onde é atualmente proibido, pela primeira invasão da
terra Waiãpi em décadas. Na década de 1970, a tribo foi quase exterminada por
doenças, depois de estas terras terem sido invadidas por garimpeiros de ouro.
"O governo de Jair
Bolsonaro está a encorajar este conflito, incentivando os garimpeiros a entrar.
As suas mãos estão sujas ", acusou o senador Rodrigues.
Numa intervenção pública
recente, Bolsonaro comparou povos indígenas que vivem vidas tradicionais nas
suas reservas a "homens pré-históricos".
Comentários
Enviar um comentário