REFUGIADOS/Mediterrâneo «Maior tragédia de 2019 no Mediterrâneo» com morte de 150 pessoas
REFUGIADOS/Mediterrâneo
«Maior tragédia de 2019 no Mediterrâneo» com morte de 150 pessoas
Jul 26, 2019 - 15:51
ACNUR regista 164 vítimas
mortais em 2019 vindos da Líbia, num total de 683 mortes no Mediterrâneo desde
o início do ano
Os Médicos Sem Fronteiras na
Líbia estimam que 150 pessoas tenham pedido a vida num naufrágio esta
quinta-feira, provenientes de duas embarcações vindas de Trípoli.
“A terrível notícia deste novo trágico naufrágio demonstra, mais uma vez,
o altíssimo preço em vidas humanas da atual situação na Líbia. Mostra também a
falta de uma adequada capacidade de busca e socorro no mar Mediterrâneo”,
afirmou Julien Raickman, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteira na Líbia,
citado pela Vatican News.
Os dois barcos, com 300 pessoas no total, naufragaram a 120 km de Trípoli,
na Líbia, nas proximidades de Khoms.
“A guarda costeira líbia resgatou 137 deles e recuperou um corpo sem
vida”, regista o jornal «The Guardian», mantendo-se desaparecidas 150.
Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados,
afirmou tratar-se da pior tragédia de 2019 no mar Mediterrâneo e pediu a retoma
das operações de resgate, assim como o fim das detenções de refugiados e
migrantes na Líbia.
“Aumentem os itinerários seguros fora da Líbia. Estas medidas devem
começar agora, antes que seja tarde demais para muitas pessoas desesperadas”,
afirmou.
O ACNUR regista 164 vítimas mortais em 2019, vindos da Líbia, num total de
683 mortes no Mediterrâneo desde o início do ano e 426 mortes nas ‘rotas
negras’, oriundos da Argélia, Tunísia ou Líbia em direção a Malta ou Itália.
“Há mais de 100 desaparecidos, dos quais muitos podem ter-se afogado,
segundo os primeiros testemunhos dos sobreviventes atendidos pelos MSF. A
equipa atendeu os casos mais graves e prestaram os primeiros socorros. Os
pacientes estavam em estado de choque com sintomas de pré-afogamento como
hipoxia e hipotermia”, regista Julien Raickman
A ONG «Save the Children» considera “absolutamente inaceitável” a posição
da Europa que adjetiva de “indiferente”, perante os factos.
“Enquanto a situação da segurança na Líbia piora a cada dia os refugiados
e migrantes têm poucas opções: ou ficam presos no país, tentam a travessia do
Mediterrâneo ou do deserto do Sahaara”, lembra a organização, registando que entre os migrantes “há muitos
menores, adolescentes e algumas vezes até crianças que viajam sozinhas”.
Salvar vidas, sublinham, “deveria ser a principal preocupação dos Estados
membros da União Europeia”, e simultaneamente “multiplicar esforços para
encontrar itinerários seguros longe das áreas de crise” de forma a evitar que
“milhares de pessoas” coloquem a sua vida em risco, através de traficantes, e
atravessem o Mediterrâneo.
LS
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