FOME/aumentou últimos 3 anos
Fome no mundo aumentou nos últimos três anos
A fome no mundo não dá sinais de aplacar. Ao mesmo tempo
aumenta a obesidade. É o que revela o relatorio da ONU sobre o "Estado da
segurança alimentar e da nutrição no mundo” , tornado público no dia 15 de
Julho, em Nova Iorque. A Ásia e a África são os continentes onde a situação é
mais preocupante. Há que ter estratégias multisectoriais e centradas na pessoa
humana e nas comunidades, para fazer face a isto e atingir o objectivo
"Fome Zero" até 2030.
Por
Vatican News
17 Julho, 2019
Mais
de 820 milhões de pessoas passam fome no planeta. Pelo terceiro ano consecutivo
a fome no mundo não deu sinais de diminuição, antes pelo contrário. Isto mostra
quão grande é o desafio de atingir o objectivo Fome Zero até 2030 – lê-se na
edição do relatório anual sobre o Estado da Segurança Alimentar e má-nutrição
no mundo, publicado ontem no Palácio das Nações Unidas em Nova Iorque.
Num comunicado de
imprensa conjunto, a FAO, IFAD, UNICEF, WFP e OMS fazem notar que se está a
proceder com muita lentidão no processo de diminuição de metade das crianças
que sofrem de má-nutrição crónica e de redução do número daqueles que nascem
com peso abaixo do normal. E isto torna ainda mais difícil atingir o objectivo
fome zero.
Ao lado deste desafio há
o do aumento da obesidade que atinge 338 milhões de crianças em idade escolar e
adolescente mundo. Os adultos obesos são 672 milhões ou seja 1 em cada 8.
A possibilidade de ser
vítimas da insegurança alimentar é mais elevadas entre as mulheres do que os
homens em todos os continentes. A diferença é maior na América Latina – lê-se
no comunicado. Nele sublinha-se ainda a necessidade de intervenções
multissectoriais para enfrentar esta tendência preocupante.
A fome está a
aumentar em muitos países onde o crescimento económico demora a chegar,
de modo particular nos países de rendimento médio e naqueles onde a principal
fonte de entrada é a venda de matérias-primas. O relatório anual das Nações
Unidas revela também que a diferença de PNB está a alargar-se em países onde fome
está a aumentar, tornando ainda mais difícil para os pobres, vulneráveis e
marginalizados fazer face à crise.
“Temos de promover uma
transformação estrutural inclusiva e a favor dos pobres, centrada na pessoa, e
que ponha a comunidade no centro para reduzir as vulnerabilidades económicas e
enveredar pelo caminho que leve a acabar com a fome, a insegurança alimentar e
com todos as formas de má-nutrição” – escrevem as agencias das Nações Unidas.
África e Ásia
Em África a situação é
extremamente alarmante porque é o continente onde a fome continua a aumentar
lenta, mas constantemente em quase todas as sub-regiões. Na África oriental,
por exemplo, a taxa de má-nutrição é de 30,8%. Para além do clima e dos conflitos,
esta situação é determinada pelas crises económicas. Quase metade dos países
onde aumentou a fome a partir de 2011 e na sequencia de crises ou estagnações
económicas, são africanos.
O maior número de
pessoas desnutridas no mundo, (mais de 500 milhões) encontra-se, todavia, na
Ásia, sobretudo Asia meridional. Juntas, a África e a Ásia detém a maior quota
de todas as formas de má-nutrição no mundo, ou seja mais de nove em cada dez
crianças sofrem de má-nutrição crónica. Na Ásia Meridional e na África sub-sahariana,
uma criança em cada três sofre de má-nutrição crónica
Para além da má-nutrição
cronica e aguda, na Ásia e na África vivem mais de três quartos de todas as
crianças obesas do mundo, sobretudo devida a uma alimentação incorrecta.
Novo indicador
De salientar ainda que o
relatório deste ano introduz também um novo indicador para medir os diversos
níveis de insegurança alimentar e monitorar os progressos em direcção ao
objectivo fome zero: a prevalência da insegurança alimentar moderada ou grave.
Este indicador baseado em sondagens junto das populações, mostra que as pessoas
expostas a uma moderada insegurança alimentar enfrentam incertezas em relação à
sua capacidade de procurar alimentos, e para sobreviver tiveram de reduzir a
qualidade ou a quantidade de alimentos que consumem.
Ainda segundo o
relatório, mais de dois mil milhões de pessoas, sobretudo nos países de
rendimento baixo, não têm acesso regular a alimentos sãos, nutritivos e
suficiente. Mas o acesso regular constitui um desafio também para países de
alta renda per capita, inclusive 8% da população nos Estados Unidos e na
Europa. Isto requer uma profunda transformação dos sistemas alimentares a fim
de que forneçam alimentos sãos e produzidos de forma sustentável para uma
população mundial em crescimento.
Recordamos que o
relatório agora publicado faz parte da monitorização dos progressos feitos na
caminhada em direcção ao segundo objectivo do Desenvolvimento Sustentável –
Fome Zero – que visa eliminar a fome, promover a segurança alimentar e pôr
termo a todas as formas de má-nutrição daqui até 2030.
Factores na base do aumento da
fome
O relatório de 2017
tinha apontado três factores na base do recente aumento da fome no mundo:
conflitos, mudanças climáticas e diminuição do crescimento económico. O
Relatório deste ano é centrado sobre o papel das crises e da diminuição do
ritmo de crescimento económico em relação à segurança alimentar e à nutrição.
O Relatório deste ano
sobre o “Estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo” revela que
a fome no mundo não dá sinais de diminuir, enquanto que está a aumentar a
obesidade.
O Relatório foi
apresentado por cinco agencias da ONU no decurso de um evento especial por
ocasião do Fórum Politico de alto nível no Palácio das Nações Unidas em Nova
Iorque.
Alguns dados em síntese:
– Número de pessoas que
passaram forme no mundo em 2018: 821,6 milhões (1 em cada 9)
– Na Ásia: 513,9
milhões;
– Em África 265,1
milhões;
– Na América Latina e
Caraíbas: 42,5 milhões;
– Número de pessoas em
estado de insegurança alimentar moderada ou grave: dois mil milhões (26,4%)
– Crianças com pessoa
abaixo do normal à nascença: 20,5 milhões (1su 7);
– Crianças com menos de
cinco anos que sofrem de má-nutrição crónica (baixa estatura em relação à
idade)148,9 milhões (21,9%);
– Crianças com menos de
cinco anos que sofrem de má-nutrição aguda (peso baixo em relação à altura):
490 milhões (7,3%);
– Crianças com menos de
cinco anos obesas (peso elevado em relação à altura): 40 milhões (5,9%);
– Crianças em idade
escolar e adolescentes obesas: 338 milhões
– Adultos obesos: 672
milhões 13%)
Ana Poce /Dulce Araújo – Cidade
do Vaticano
Comentários
Enviar um comentário