PORTUGAL/desertificação do interior Évora: Comissão Justiça e Paz vai estar atenta à «desertificação do interior»


PORTUGAL/desertificação do interior
Évora: Comissão Justiça e Paz vai estar atenta à «desertificação do interior»
Jul 6, 2019 - 17:54
«O silêncio da Igreja, dos cristãos, pode ser grave, pode ser uma abstenção ou mesmo omissão» – D. Francisco Senra Coelho
O arcebispo de Évora afirmou que o “desinvestimento do interior é muito grave”, porque não se deve “cuidar apenas daquilo que dá lucro”, e é um dos temas que vai ser analisado pela nova Comissão Justiça e Paz.
“Temos o investimento social de populações que serviram, durante décadas, a comunidade e, agora, no seu envelhecimento têm de ser cuidadas e o interior do país vive uma situação preocupante”, disse D. Francisco Senra Coelho em declarações à Agência ECCLESIA.
O arcebispo alerta que “tudo convida as pessoas a sair do interior”, como o “desinvestimento” nas escolas, nos postos de saúde, nos postos de diversos atendimentos públicos, sem referir os casos “dos CTT e dos bancos”, e, “agora, até parece, na conservação das próprias estradas”.
Observa que o interior vai ficar sem população uma vez que “a mais jovem sai” e “a problemática do desinvestimento do interior é muito grave”: “Fica o património sem ninguém que o cuide – arquitetónico, cultural, imaterial mas também o cinegético e o património florestal”.
“Os idosos começam a estar em circunstâncias tais que, às vezes, já não temos pessoas para tratar dos idosos, ou seja, a emigração vai ter que ser um facto porque há instituições que não têm capacidade de recrutar funcionários. IPSS, incluindo centros sociais e paroquiais, e até Santas Casas da Misericórdia, começa a faltar mão-de-obra, ou seja, aldeias inteiras de idosos”, desenvolveu.
Nas mais recentes nomeações pastorais, o arcebispo de Évora anunciou a nova Comissão Justiça e Paz e a “dimensão da desertificação do interior tem de ser um tema” desta equipa, como as “novas formas de exploração, a escravatura”, entre outros, uma vez que não se deve “cuidar apenas daquilo que dá lucro”.






D. Francisco Senra Coelho Foto AE/MC
Neste âmbito, adianta que a comissão ‘Justiça e Paz’, “também põe muita esperança” na sua “visão de pastor, que saiba ler o momento” que se vive e “fazer luz profética” para problemáticas “muito graves e atuais” e que “passam à margem do que, muitas vezes, é a superficialidade de uma análise apenas com critérios imediatistas sobretudo centrados no populismo e aquisição de votos”.
D. Senra destaca que “o silêncio da Igreja, dos cristãos pode ser grave, pode ser uma abstenção, ou mesmo omissão” e a Comissão Justiça e Paz, “que reflete com base e critério científico de averiguação com preocupação hermenêutica, contextual, axiológica”, vai apoiar o bispo na sua mensagem e análise para ter “atenção daqueles que querem resolver os problemas de uma região e de um povo” CB|Ecclesia.

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