IGREJA DA «COMPAIXÃO» A Igreja de Jesus Cristo é «Igreja de compaixão»
IGREJA DA «COMPAIXÃO»
A Igreja de Jesus Cristo é «Igreja de
compaixão»
«Ter compaixão é chave da vida cristã», Papa Francisco
Por ARMANDO SOARES In JM-122/16.07.2019
1.Um doutor da Lei perguntou a
Jesus: “E quem é o meu próximo?” Ao que Jesus respondeu com a parábola: “Um
homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes que
o roubaram, espancaram e se foram-se embora, deixando-o meio morto.
Pela mesma estrada desceu um
sacerdote, desceu um levita. Quando viram o homem ferido passaram pelo outro
para não se ‘contaminarem’.
Mas um samaritano, estando de
viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, colocou-o sobre o seu próprio animal,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte disse ao dono da estalagem:
“Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver”.
E Jesus perguntou: “Qual dos
três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
“Aquele que teve
misericórdia”, respondeu o perito na lei. E Jesus lhe disse: “Vai e faz o mesmo.
(cf. Lucas 10, 29-37)
2.Para Francisco, a parábola
do Bom samaritano “Tornou-se o modelo de como um cristão deve agir”. Antes do
Angelus, o Papa Francisco recordou o elo indissolúvel que existe entre o amor a
Deus e o amor concreto e generoso pelos irmãos.
Neste episódio, Jesus é
interrogado por um doutor da lei sobre o que é necessário para alcançar a vida
eterna. Jesus o convida a encontrar a resposta nas Escrituras: “Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a
ti mesmo!”. Havia, porém, diferentes interpretações sobre quem seria o
“próximo”. O protagonista é um samaritano, um herege, desprezado pelos judeus.
Ao longo de uma estrada, o samaritano encontra um homem roubado e agredido por
assaltantes. Antes dele, haviam passado um sacerdote e um levita, isto é,
pessoas que se dedicavam ao culto de Deus.
Mas não pararam. O único que
lhe presta socorro é justamente o samaritano. “Jesus escolhe como modelo alguém
que não era homem de fé. Este homem, amando o irmão como a si mesmo, demonstra
que ama a Deus com todo o coração e com todas as forças e expressa ao mesmo
tempo verdadeira religiosidade e plena humanidade. ”
“ Ter compaixão é a chave da
vida cristã. A capacidade de compaixão tornou-se a medida do cristão, ou
melhor, do ensinamento de Jesus ”. “A misericórdia diante de uma vida humana na
situação de necessidade é a verdadeira face do amor”. São afirmações de
Francisco.
3.No domingo passado, D. Nuno
Brás, bispo do Funchal, visitou a paróquia da Ribeira Seca, 50 anos depois da última
visita de um bispo, tendo sido recebido pelos paroquianos e pelo pároco, padre
Martins Júnior, em clima de festa.
Esta visita acontece um mês
depois de D. Nuno Brás revogar a “suspensio a divinis” aplicada ao
padre Martins Júnior, em julho
de 1977, nomeando-o administrador paroquial da Ribeira Seca.
A celebração eucarística
decorreu na igreja, construída “com o suor, com a força, com o sacrifício” da
comunidade, que ainda não tinha sido visitada por um bispo diocesano, assinalou
o padre Martins, admitindo “o sentimento de expectativa, a fome e a sede” das
pessoas em “receber o seu líder religioso, como um pai, como um amigo, não como
um juiz”.
Foi uma “travessia no deserto
de 42 anos” que a comunidade fez, mas surgiram novas “energias” entre as
pessoas, referiu o Padre Martins.
D. Nuno Brás apelou à
construção de relações fraternas e centradas na necessidade “do próximo”
deixando uma “lógica egoísta”, a partir do exemplo do Bom Samaritano. “Não faz sentido
não nos aproximarmos uns dos outros e de todos aqueles que precisam de Jesus”, reforçou.
Esta celebração foi classificada por alguns como “Missa da reconciliação”.
O padre Martins Júnior, nunca
deixou a paróquia, presidindo a celebrações religiosas, apesar da suspensão e
da ausência de nomeação oficial da diocese. Ocupou vários cargos políticos, como
deputado da Assembleia Regional e como presidente do Município de Machico. O decreto,
entretanto publicado pela Diocese do Funchal, explica que a 27 de julho de
1977 o então Bispo do Funchal, D. Francisco Santana, decretou
administrativamente a suspensão a divinis do padre José Martins
Júnior pelo delito previsto no cânone 2401 do Código de Direito Canónico de
1917, então em vigor – “manter um cargo, um benefício ou uma dignidade, apesar
de uma privação ou revogação legítima”.
Numa carta de 8 de maio de
2019, o sacerdote solicitou a revogação da referida pena de suspensão,
mostrando a sua intenção de ser “plenamente reintegrado” no exercício do seu
ministério sacerdotal no
presbitério Diocesano do Funchal.
4.O amor a Deus e ao próximo é
que dão pleno sentido à vida. “Vai e faz o mesmo”, diz Jesus a
cada um dos que querem
segui-lO. Faz o mesmo que o samaritano, herege e infiel segundo os padrões
judaicos, mas capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído na
berma da estrada.
D. Manuel Linda, bispo do
Porto, deixou aos 2 sacerdotes e 5 diáconos ordenados no domingo passado, o
desafio de se aproximarem de quem passa pela “angústia de viver sozinho”. E há tantos
abandonados, esquecidos e desprezados nas suas casas e comunidades e nos Lares
de idosos. Fora com o ‘fariseísmo da letra e dos fazeres que humilham’’, numa
Igreja cansada e pratiquemos o amor fraterno com ações como Jesus ‘fez e
ensinou’. Numa viragem de forte ‘reconciliação’.
A lei nova é a lei do amor. É
de estender a mão a todo aquele que precisa de mim em qualquer das suas
fragilidades.
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