MITO O que são os mitos? por Casimiro João *
MITO
O que são os mitos? por Casimiro João
sábado, 9 de junho de 2018
(Blogue Chapadinha)
A
Sagrada Escritura assumiu os mitos (mythoi) para transmitir manifestações de
Deus. Neles se ultrapassa o caráter intelectual puramente de pensamento, de
ideia, para envolver o emocional e o afetivo.
Na
verdade, sobre o solo humano, afetivo, brotaram os mitos, os sonhos, as
narrativas. Muitas narrativas da Escritura lançaram mão desta arte para
transmitir os sonhos da humanidade, como seria e como será, coisas que ninguém
sabe e nem saberá.
Tem
coisas que não vão pela lógica do raciocínio, mas em forma de imaginar
personagens, experiências, episódios, enredos, diálogos.
Desse
jeito esses contos que hoje chamamos de fadas, naquela época eram os
mitos, que envolvem o ouvinte em tempo e espaço irreal mas parecendo real.
Assim é
que essas narrações começam sempre : “Era uma vez”, “A terra de ninguém”,
“Naquele tempo” , “No tempo em que Deus ainda caminhava sobre a Terra”...
Nessas
narrativas os animais falam, acontecem coisas milagrosas fisicamente
impossíveis mas cheias de significado.
O ser
humano nasce curioso e questionador. Apagar nele este anseio da saber seria
castrá-lo. Se pais calam ou se omitem ou desviam para escanteio perguntas dos
filhos, estão castrando-os assim mesmo.
E nos
primeiros anos de escolaridade como é importante contemplar a imaginação das
crianças. Elas vão das panelas ao quarto de dormir, e das tarefas de já se
imaginar de pais e mães até se imaginarem como tais.
Os
adultos que queimaram etapas ficam espantados, de queixo caído com tanta
imaginação, e os que esqueceram retornam com as crianças ao seu tempo de
criança.
Foi
assim com primeiros seres humanos quando se interrogavam sobre a vida, de onde
viemos quem nos fez, como nos fez, e se tem Deus, como Deus é? Como Deus é?
Certamente como nós mesmos somos. O que inventa a criança? Como ela olha o pai,
e a mãe fazendo, e os mais velhos, e os irmãos e irmãs.
“Quando
era criança pensava como criança, raciocinava como criança, sentia como
criança; quando cheguei à idade de adulto deixei para trás as atitudes próprias
das crianças” (1.Cor. 13,11)
Quando
a humanidade virou mais adulta achou que a ciência podia explicar tudo. E
deixou de escutar muitas dessas narrações míticas que nos excedem.
Há,
porém, uma coisa a esclarecer: com o crescimento da humanidade, todo mundo sabe
distinguir os “contos de fadas do que não é conto de fadas. Assim como um livro
de contos, de outro livro qualquer.
Porém,
no referente à Bíblia, talvez por ser um livro de muitas misturas, em que se
misturam contos de fadas, os mitos com outras realidades mais históricas, todo
mundo ficou pensando que aí os mitos eram também coisas históricas.
Exemplo,
a serpente falava mesmo; que representando o demônio era ele mesmo que falava;
que o “dragão” era mesmo dragão; que a “árvore do paraíso” era mesmo essa
planta; que os seres humanos tinham mesmo aqueles nomes, e por aí adiante.
Tem
faltado esclarecimento em distinguir o imaginário, ou o mito, da realidade na
Bíblia. Distinguir o mito do que não é. Aqui e tomo a palavra “imaginário”
justamente por este conjunto de imaginações com que a humanidade nasceu,
igualmente como as crianças quando se envolvem e nos envolvem com as suas
imaginações.
E
justamente como as mulheres mais velhas referidas por Platão contavam às suas
crianças histórias simbólicas, mitos – mythoi – para diverti-las e instruí-las.
Com mitos e contos de fadas.
Então o
que é mito? A forma ancestral de conhecimento humano para
narrar os dilemas universais da existência humana. * Blogue Chapadinha
Comentários
Enviar um comentário