MORTE 18. Cultura da Morte por Armando Soares

MORTE
18. Cultura da Morte por Armando  Soares
Passando os olhos pelos jornais, em poucos dias verificamos que este mundo não é nada edificante quanto ao respeito pela vida e pela paz, que são ambição de todo o homem de bem e que procura viver na posição vertical ainda que custosa e exigindo esforço. Com efeito, nos últimos tempos dos dias precedentes, todas as semanas poderíamos fazer um elenco de acontecimentos semelhantes a estes: * Em Timor Lorosae continuava a pairar a onda de sofrimentos, com mortos ainda não sabemos quantos e as atrocidades bárbaras que nem os animais são capazes de praticar: matar com requintes de crueldade; milhares de 47 refugiados nas montanhas, desaparecidos e compulsivamente deslocados. • Este ano já houve, em Portugal, 54 casos de pessoas assaltadas quando levantavam dinheiro nas caixas automáticas. • Na África do Sul, morreram 25 turistas ingleses quando viajavam num autocarro a caminho de Lydemburg, a 220 kms de Joannesburg, e este foi o terceiro acidente de autocarro na África do Sul em apenas uma semana. • No Iraque, vários opositores de Saddam foram assassinados por agentes de segurança e sepultados numa vala comum. Mortos de olhos vendados, mãos atadas e alvejados com metralhadoras. • Na Arábia Saudita, segundo informações da AI, já houve este ano de 1999, 90 execuções, entre as quais 58 estrangeiros que foram decapitados. • Grozni, a capital da república independentista da Chechénia, voltou a ser flagelada com ataques aéreos russos. O presidente da Chechénia, Aslan Maskhadov, disse a 27 de Setembro p.p., que mais de 300 pessoas morreram nesses bombardeamentos. Os islamitas chechenos são acusados duma série de atentados na Rússia com 239 pessoas mortas desde 31 de Agosto. • Os desalojados da Chechénia andam neste momento pelos 50 a 60 mil, com grande dificuldade de acolhimento nas regiões que fazem fronteira com a república separatista. • Cerca de 100 crianças morrem anualmente nas estradas portuguesas. A maioria por falta de cuidado, por transporte incorrecto das crianças. Milhares de portugueses infringem a lei do uso do cinto de segurança nos bancos de trás perante a complacência das autoridades. E Portugal mantém assim a liderança dos países da União Europeia onde mais jovens perdem a vida em acidentes de viação. • A China está a proceder à execução em massa de condenados à morte; 26 pessoas foram executadas em Chongqing, dentro de uma ampla «operação de limpeza, e segundo a campanha “bater duramente”, para poderem celebrar os 50 anos da revolução» em paz. • Como consequência dos sismos registados na ilha de Taiwan (Formosa), no dia 29 de Setembro, o balanço oficial era de 2.113 mortos, 8.736 feridos, 34 desaparecidos e 115 pessoas sepultadas sob os escombros. • Os mortos nos sismos da Turquia ascendem a mais de 20 mil, com elevados danos materiais e um enorme número de feridos e desalojados. Estas são realidades, muitas das quais passaram diante dos nossos olhos 48 aterrorizados, através dos meios de comunicação social. E apesar de todos estes sinais dos tempos, a vida decorre para muitos como se nada fosse, a não ser um movimento de solidariedade, e em muitos casos, sem continuidade. É lá longe que isto se passa, dirão alguns. Mas o mesmo se passará talvez no prédio onde vivem: situações a exigirem solidariedade. Há muitas situações degradantes que estão bem perto e no meio de nós. Há que ter coragem para as enfrentar e resolver num respeito grande pela vida e contra a cultura da morte que invadiu o nosso mundo.

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