Sínodo 2018: Participantes lusófonos propõem novo Observatório do Vaticano para a juventude
Sínodo 2018: Participantes lusófonos propõem novo Observatório do
Vaticano para a juventude
Out 20, 2018 - 15:00
Grupos linguísticos apresentam propostas antes de »pausa» para preparar semana final da ssembleia
Os participantes lusófonos
no Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, propuseram hoje a criação de um
observatório para a juventude, na Santa Sé.
O grupo de trabalho em língua portuguesa apresentou o seu relatório
sobre a terceira e última parte do ‘Instrumentum Laboris’, o documento
orientador da assembleia sinodal, sublinhando a “necessidade de integração e
comunhão de todas as forças eclesiais que trabalham com juventude” e a
exigência de estruturas paroquiais, diocesanas e nacionais que “favoreçam o
diálogo e a missão”.
“Seria oportuno a criação de um ‘conselho’ ou ‘observatório’ mundial da
juventude”, sustentam os participantes de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde,
Moçambique e Timor-Leste.
Outros grupos linguísticos, nos chamados “círculos menores”, também
destacaram a necessidade de um organismo que coordene os “temas relacionados
com os jovens”, no Vaticano e a nível mundial.
O círculo lusófono destacou ainda a “importância de um maior diálogo e
colaboração entre os diferentes organismos da Cúria Romana que, de alguma
maneira, têm relação com o mundo juvenil”.
O relatório em língua portuguesa, que é utilizada pela primeira vez como
idioma oficial no Sínodo, apela a uma Igreja e sociedade “inclusivas”, capaz de
promover a “solidariedade com os mais necessitados e o cuidado da casa comum”.
Em relação ao mundo digital, os representantes dos episcopados lusófonos
sejam que os jovens sejam “protagonistas na evangelização e não somente
destinatários”.
Foto: Ricardo Perna/Família Cristã |
O documento convida a considerar o acompanhamento juvenil como um
“verdadeiro processo de iniciação à fé cristã e à vida eclesial”.
“A Igreja é chamada a ajudar os jovens a terem uma visão integral da
vocação, que leve em conta as dimensões humana, comunitária, espiritual,
pastoral e social”, pode ler-se.
O texto alerta que, apesar de o termo “vocação” é suscetível de “algumas
reservas”, é necessário “não descurar a promoção de uma cultura vocacional, com
especial atenção à vocação especificamente religiosa e sacerdotal”.
Os participantes desafiam a comunidade católica a fazer “escolhas
corajosas” em ordem à renovação da Pastoral Juvenil, investindo nela recursos
humanos e materiais, incluindo “pessoas com dedicação exclusiva à pastoral
juvenil”.
“O Sínodo é uma oportunidade de manifestar a opção preferencial pelos jovens,
traduzida em escolhas concretas e corajosas a nível paroquial, diocesano,
nacional e internacional”, assinala o relatório, com 18
pontos.
Outros temas abordados pelos grupos linguísticos foram as migrações; o
acolhimento, nas comunidades católicas, das pessoas homossexuais; o papel das
mulheres e a liderança na Igreja; ou a crise dos abusos sexuais.
“O documento final não pode começar sem uma palavra clara sobre o drama
do abuso sexual de crianças e adolescentes”, escreve o grupo de trabalho de
língua alemã, que pede “mudanças concretas” na prevenção e na resposta às
vítimas.
O cardeal John Ribat, arcebispo de Port Moresby (Papua Nova-Guiné),
disse esta tarde, em conferência de imprensa, que na Igreja “ninguém está
excluído, todos estão em casa”.
O cardeal Blase Joseph Cupich, arcebispo de Chicago (EUA), defendeu, por
sua vez, que os bispos devem “dar a voz” aos jovens.
“Os jovens pedem-nos que falemos de forma desafiante, aos líderes
mundiais de hoje, em seu nome”, sublinhou.
Esta terça-feira, após uma pausa nas reuniões gerais e de grupo, vai ser
apresentado o projeto para o documento final do Sínodo 2018.
A 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os
jovens, a fé e o discernimento vocacional’, decorre até 28 de outubro.
A
Conferência Episcopal Portuguesa está representada por D. Joaquim Mendes –
bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e
Família -, e D. António Augusto Azevedo – bispo auxiliar do Porto e presidente
da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios
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