Sínodo 2018: Cardeal cabo-verdiano quer Igreja a responder ao «vazio» de milhões de jovens
Sínodo 2018: Cardeal cabo-verdiano quer Igreja a responder
ao «vazio» de milhões de jovens
Out 26, 2018 - 19:00
D. Arlindo Furtado refere que
assembleia vai deixar indicações para serem aplicadas por cada comunidade local
Foto: Ricardo Perna/Família Cristã
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
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“A vida sem Deus, uma
vida muito individualizada e virtual, acaba por criar em qualquer pessoa um
certo vazio e um desejo de mais e melhor. Quando os jovens começarem a dar
testemunho de que é possível encontrar um caminho complementar para equilibrar
a vida, poderão ser bem acolhidos e aceites em nome de Jesus”, referiu o
responsável católico à Agência ECCLESIA.
O primeiro cardeal de
Cabo Verde sustenta que a Igreja deve procurar fazer todos os possíveis para
“envolver os jovens com a sua dinâmica, alegria, esperança, oportunidade, de
investir as suas energias e criatividade”.
“Tudo isto será um
chamariz para outros jovens e com certeza vai ajudar os outros a perseverarem
nessa dinâmica de socialização e confraternização de experiência espiritual”,
precisa.
O participante no
Sínodo sublinha que, após mais de 20 dias de trabalho, tem surgido a convicção
de que a missão das comunidades católicas junto das novas gerações tem de
“partir dos jovens”, para chegar a outros ambientes.
“Hoje grande parte da
população mundial é jovem, e têm de ser os jovens a chegar a eles. Quer pela
linguagem, pela mentalidade, pelos hábitos, pela capacidade de encontro com
essas pessoas, só os jovens podem chegar lá, nós, os adultos, não temos
hipótese”, observa.
Se a Igreja quer continuar a ser uma Igreja dinâmica, viva, tem de usar
todas as forças e recursos, e um dos principais recursos são os jovens. Devem
ser preparados, fazer a experiência de Jesus Cristo, assumir a paixão por Jesus
Cristo, aquecer o seu coração, mediante a Palavra e a presença de Jesus Cristo
como os discípulos de Emaús, que foi a imagem deste Sínodo”.
D. Arlindo Furtado
considera que, nalguns casos, os padres da Europa se afastaram do povo simples,
do povo no seu dia a dia, o que gerou “o afastamento dos jovens em relação à
Igreja e à sua participação”.
Questionado sobre a
realidade das migrações, um dos temas mais abordados na assembleia, o cardeal
cabo-verdiano defende que “os problemas dos países de origem devem ser
resolvidos de uma forma adequada, e os países ricos deverão ajudar nisso”.
“Por outro lado, ao
nível da Europa e outras regiões, deveperceber-se o que fazer em conjunto, não
só para estancar e criar condições lá, com os problemas humanitários, mas como
fazer em conjunto, de uma forma solidária e generosa, para acolher os que
precisam de ser acolhidos nesta fase, para depois poderem organizar a sua vida
com maior dignidade e esperança para o futuro”, acrescenta.
Em relação ao futuro,
D. Arlindo Furtado refere que este Sínodo pretende “desencadear um processo que
terá uma continuidade em diversas comunidades regionais e locais”.
“Esta abertura de
espírito para envolver as pessoas na discussão de situações, na procura de
soluções, de caminhos que sejam válidos para a maioria, para que se atinja o
objetivo comum que é dar melhor qualidade, testemunho de vida do Evangelho, da
parte da Igreja e cumprir a missão de levar o Evangelho a todos sem exceção”,
realça.
Para o cardeal de
Santiago de Cabo Verde, a discussão sobre questões eventualmente fraturantes passou
para segundo plano, em prol de uma visão mais pastoral.
“A Igreja não tem
respostas claras para todos os desafios, com humildade reconhecemos isso, e
juntos continuaremos à procura do melhor caminho e da melhor solução para
todos”, observa.
O responsável
considera, por outro lado, que a primeira proposta de Documento Final foi
bastante eurocêntrica.
“Os princípios não
serão igualmente válidos para todas as regiões, mas haverá uma mensagem boa,
sobretudo esta abertura da Igreja para uma Igreja mais simples, sóbria,
família, mais envolvente, mais inclusiva, mais dinâmica, mais alegres e
esperançosa”, conclui.
O Sínodo dos Bispos,
iniciado a 3 de outubro, discute e aprova, este sábado, o Documento Final e uma
Carta aos Jovens; no domingo, o Papa Francisco preside à Missa conclusiva da
assembleia, na Basílica de São Pedro, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa).
OC
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