SÍNODO 2018 Enzo Bianchi: perseguição e hostilidade à Igreja
SÍNODO 2018
Enzo Bianchi: perseguição e
hostilidade à Igreja
“Achei muito interessante
ouvir as várias situações dos jovens que vivem na Igreja e daqueles que não
fazem parte dela. Há realmente um aflato de universalidade no Sínodo”: disse em
entrevista concedida nos microfones de Rádio Vaticano Itália o fundador da
Comunidade monástica de Bose, Enzo Bianchi, auditor na XV assembleia geral
ordinária do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano até o dia 28 de
outubro com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional
“Aqui se ouvem as situações da
Igreja do sofrimento, que vive na hostilidade e na perseguição. E, ao mesmo
tempo, a voz de Igrejas que pertencem ao Ocidente em que a visão sobre Deus
mudou completamente”, explicou Bianchi.
Portanto, continuou, “ouvimos
vozes que vêm de jovens que têm sede de Deus, que buscam Deus, para os quais
Deus é realmente uma opção decisiva. Já em outros casos temos sobretudo
situações em que as pessoas se tornaram indiferentes em relação a Deus, e é
muito difícil poder fazer um anúncio do Evangelho”.
“Nesses casos se tratará de
encontrar novos caminhos, mediante sobretudo o anúncio de Jesus Cristo, porque
do contrário Deus em si permanece sendo uma palavra muito ambígua, sem
interesse para os jovens, sempre mais acostumados a viver como se Deus não
existisse”, disse ainda.
Encarnar o Evangelho na vida
para falar aos jovens
“Entre os acolhidos na
Comunidade de Bose temos uma grande maioria sobretudo de jovens. Creio ter sido
por este motivo que fui convidado para o Sínodo”, disse o monge fundador.
“A exigência expressa pelos
jovens que vêm a Bose é a de ver como a fé pode incidir na vida deles: no
cotidiano, em suas histórias de amor, na vida profissional, social. É isso que
eles procuram.”
“Certamente, os jovens hoje não
vão imediatamente à busca de Deus, como nós pensamos ou como pensa uma geração
como a minha para a qual a busca de Deus era uma sede que habitava em nosso
coração”, observou.
“Hoje, se trata de
decodificar o Evangelho também através de uma experiência humana, para depois
levar os jovens, mediante a humanidade de Jesus, a compreender que Ele é o
único que salva e justifica suas vidas e pode dar vida a suas existências.”
“Se se consegue fazer essa
passagem, esse encontro pessoal com Cristo, então o caminho da fé se abre para
Deus e também para a Igreja que é o Corpo do Senhor”, acrescentou.
Espaços de silêncio, mas
habitados pela Palavra
“Os jovens do pré-Sínodo pediram
mais ocasiões de oração, silêncio e contemplação”, recordou Enzo Bianchi. “É um
pedido importante, mas o silêncio deve ser habitado pela Palavra de Deus. Hoje
os jovens sentem muita atração pelas orações de tipo oriental em que abundam
meditação e silêncio. E é uma reação à verborragia das nossas assembleias”,
destacou.
Mas atenção, disse: “aquele
silêncio deve ser sempre uma preparação para o encontro com a Palavra. Deve ser
habitado pelo Evangelho, do contrário não produz nada, a não ser um bem-estar
individualista. Mas essa é, infelizmente, a espiritualidade que corre o risco
de reinar: um deísmo vaporoso, ético, com uma busca do bem-estar individual.
Essa não é a espiritualidade cristã: em que Cristo, a Graça, a Misericórdia,
salvam o homem e não simplesmente os caminhos que ele percorre em busca da paz
interior”.
A Igreja não perca o desejo de
gerar Fé
“Por enquanto é difícil dizer
quais poderão ser os frutos pastorais concretos deste Sínodo, ainda estamos no
início”, concluiu o fundador da Comunidade monástica de Bose. “Veremos como os
padres sinodais saberão indicar o futuro. É claro, como disse o Papa, o fruto
do Sínodo não pode ser somente um documento.”
“É preciso que se abram novos
modos de pastoral, de presença no meio dos jovens, de proximidade. Porque se
isso faltar e se faltar também a vontade generativa da Igreja em relação à fé,
então não haverá uma geração cristã futura”, disse por fim. VATICAN VA
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