FOME Papa: Números da fome no mundo devem fazer a sociedade «corar de vergonha»
FOME
Papa: Números da fome no mundo
devem fazer a sociedade «corar de vergonha»
Out 16, 2018 - 12:51 Ecclesia
Assinala-se hoje o Dia Mundial
da Alimentação, recurso que falta a cerca de 800 milhões de pessoas
Foto Agência ECCLESIA / HM |
O Papa salientou esta
terça-feira, Dia Mundial da Alimentação, a necessidade de “redobrar esforços”
no apoio a milhões de pessoas a quem hoje falta, “em quantidade e qualidade, o
alimento necessário”.
Numa mensagem enviada ao diretor-geral da organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, e divulgada
hoje pela Santa Sé, Francisco realça que “este não pode ser simplesmente mais
um dia” no calendário para “recolher informações ou satisfazer a curiosidade”
“Infelizmente, não cessa de aumentar o número imenso de seres humanos que
não têm nada, ou quase nada, para levar à boca”, alerta o Papa argentino, para
quem é “urgente” chamar “à responsabilidade todos os atores” que têm o poder de
mudar este contexto, e que não se podem deixar cair no “torpor que paralisa e
inibe”.
Só assim será possível cumprir com “os objetivos da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”, e passar a mensagem de que “um mundo com Fome
Zero é possível”, salienta.
De acordo com os últimos dados da FAO, atualmente cerca de 800 milhões de
pessoas sofrem de subnutrição crónica motivada pela falta de uma alimentação
adequada.
Números que, para o Papa, devem fazer “corar de vergonha” esta sociedade do
“século XXI que, apesar dos “avanços consideráveis nos campos da tecnologia, da
ciência, das comunicações e infraestruturas”, ainda não conseguiu obter
“idênticos avanços em humanidade e solidariedade”.
“De nós, os pobres esperam uma ajuda eficaz que os tire da sua prostração,
e não meros propósitos ou convénios que, depois de estudar detalhadamente as
causas da sua miséria, tenham como único resultado a celebração de eventos
solenes, compromissos que nunca se concretizam ou vistosas publicações
destinadas a engrossar os catálogos das bibliotecas”, frisa Francisco.
O Papa argentino desafia os países e organismos internacionais a irem
“mais longe”, na implementação de “políticas de cooperação no desenvolvimento”,
no respeito pelos recursos naturais, na distribuição equitativa dos alimentos,
no combate ao desperdício e ainda no empenho pela pacificação do mundo, que
está na base de todos os problemas.
“Precisamos de silenciar as armas e o seu pernicioso comércio, para
escutar a voz daqueles que choram desesperados por se sentir abandonados à
margem da vida e do progresso.”, refere Francisco, que destaca depois a
responsabilidade que cabe também à Igreja Católica, e a todas as suas
estruturas.
De continuar “diariamente” a lutar “no mundo inteiro contra a fome e a
subnutrição, de múltiplas formas e através das suas variadas estruturas e
associações, lembrando que aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de
nós”, que eles “têm a mesma carne e sangue que nós”.
“Que ninguém seja deixado para trás e que, no nosso mundo, a
fraternidade tenha direito de cidadania e seja algo mais que um
slogan sugestivo, sem consistência real”, exorta o Papa Francisco, neste
Dia da Alimentação.
JCP
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