.Sínodo dos Bispos Aprovado documento final apresentado ao Papa Francisco.
Sínodo dos Bispos
Aprovado documento final
apresentado ao Papa Francisco.
Sínodo dos Bispos - Foto: Daniel Ibáñez (ACI Prensa) |
Vaticano,
28 Out. 18 / 12:52 pm (ACI).- Este Sábado 27 de outubro foi apresentado o Documento
Final da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que, desde o dia 3 de outubro, foi celebrada em
Roma com a temática dos jovens, a fé e o discernimento vocacional.
Em
um início o Vaticano tinha anunciado a conferência de imprensa para apresentar
o documento às 7:15 p.m.; entretanto, foi adiada até 8:30 p.m. hora local.
O
documento (publicado em italiano) tem 167 pontos. Cada um foi votado de forma
individual e aprovado com a maioria requerida de dois terços dos 268 padres
sinodais.
Sob
essa óptica trataram-se temas sumamente variados como a centralidade da
liturgia, a pastoral juvenil, o papel da mulher na Igreja, a sexualidade, o
escândalo dos abusos, as perseguições, a espiritualidade, a vocação e seu
discernimento, as relações entre gerações, a colonização cultural, o mundo do
trabalho ou a importância da formação, em especial a formação dos seminaristas.
Embora
todos os pontos obtiveram os dos dois terços dos votos necessários para a
inclusão no documento final (ou seja, pelo menos 166 votos), alguns contaram
com maior oposição.
É
o caso do ponto 150, que fala dos caminhos de acompanhamento na fé das pessoas
homossexuais, e que obteve 65 votos em contra e 178 a favor.
Outros
pontos que tiveram um número expressivo de votos contrários foram o numeral 148
que versava sobre “a mulher na Igreja sinodal” (38 votos contra), o numeral 121
sobre “a forma sinodal da igreja” (51 votos em contra), o 39 sobre “as
perguntas dos jovens” (43 votos em contra) ou o ponto 3, cujo título é “o
documento final da assembleia sinodal” (que recebeu 43 votos contra sua
inclusão no texto entregue ao Santo Padre).
Vocação
A
escuta como condição essencial para receber a vocação percorre todo o Documento
Final. O ponto 77 diz que a vocação “comporta uma longa viagem”. “A palavra do
Senhor exige tempo para ser compreendida e interpretada; a missão à qual foi
chamado se desvela gradualmente”.
“Para
acolher em profundidade o mistério da vocação que encontra em Deus sua origem
última, estamos chamados a purificar nosso imaginário e nossa linguagem
religiosa, reencontrando a riqueza e o equilíbrio de nossa narração bíblica”,
diz-se no ponto 78.
O
Documento também chama a desenvolver uma cultura vocacional, criando “as
condições para que em todas as comunidades cristãs, a partir da consciência
batismal de seus membros, desenvolva-se uma verdadeira e específica cultura
vocacional e um constante compromisso de oração pelas vocações”.
O
Sínodo recorda que a vocação batismal é para todos, sem excluir ninguém do
“chamado à santidade”. “Tal chamado implica necessariamente o convite a
participar da missão da Igreja, que tem como finalidade fundamental a comunhão
entre Deus e todas as pessoas”, afirma.
De
fato, “as vocações eclesiásticas são expressões múltiplas e articuladas por
meio das quais a Igreja realiza sua chamada a ser sinal real do Evangelho
acolhido em uma comunidade fraterna”.
O
ponto 88 fala da vidaconsagrada e afirma que “a missão de
muitos consagrados e consagradas que se entregam aos últimos nas periferias do
mundo manifesta concretamente a dedicação de uma Igreja em saída”.
“Se
em algumas regiões se experimenta a redução numérica e a fadiga do
envelhecimento, a vida consagrada continua sendo fecunda e criativa também por
meio da corresponsabilidade com tantos leigos que compartilham o espírito e a
missão dos diferentes carismas”.
No
ponto 89 se destaca que “a Igreja sempre teve um particular cuidado pelas
vocações ao ministério da ordem sacerdotal, na consciência de que este último é
um elemento constitutivo de sua identidade e necessário para a vida cristã”.
Por
tal razão, “sempre cultivou uma atenção específica pela formação e o
acompanhamento dos candidatos ao presbiterado. A preocupação de muitas Igrejas
por sua queda numérica faz necessária uma renovada reflexão sobre a fascinação
sobre a pessoa de Jesus e de sua chamada a fazer-se pastores de seu rebanho”.
Além
disso, o Sínodo também reconhece que a condição de solteiro, situação que “pode
depender de muitas razões, voluntárias ou involuntárias, e de fatores
culturais, religiosos e sociais”, “assumida em uma lógica de fé e de entrega,
pode derivar em muitos caminhos por meio dos quais atua a graça do batismo e dirige para essa
santidade para a que todos estamos chamados”.
Sexualidade
A
sexualidade foi um dos pontos mais debatidos nos trabalhos do Sínodo, embora os
padres sinodais teham recordado em todo momento que não se tratava de um Sínodo
sobre a sexualidade em específico, mas sobre os jovens.
No
ponto 149 indica que a Igreja trabalha “para transmitir a beleza da visão
cristã da corporeidade e da sexualidade”, tal e como emerge das Sagradas
Escrituras e da Tradição e do Magistério dos últimos Papas.
Não
obstante, chama-se a atenção também sobre a necessidade urgente de procurar
modalidades mais adequadas para transmiti-la. “É preciso propor aos jovens uma
antropologia da afetividade e da sexualidade capaz também de dar o valor justo
à castidade”.
Para
isso, “é necessário cuidar a formação dos agentes pastorais para que sejam
críveis, a partir do amadurecimento de sua própria dimensão afetiva e sexual”.
O
acompanhamento pastoral às pessoas homossexuais é abordado no ponto 150. Este
recorda que “Deus ama a cada pessoa, e assim o faz a Igreja, renovando seu
compromisso contra toda discriminação e violência por motivos sexuais”.
“Igualmente,
reafirma a determinante relevância antropológica da diferença e da
reciprocidade entre o homem e a mulher, e considera redutivo definir a
identidade das pessoas a partir, unicamente, de sua orientação sexual”.
Neste
sentido, põe o acento em que “já existem em muitas comunidades cristãs caminhos
de acompanhamento na fé de pessoas homossexuais: o Sínodo recomenda favorecer
tais percursos”.
A
mulher na Igreja
O
ponto 13 indica que a diferença entre homens e mulheres “pode ser um âmbito no
qual nascem formas de domínio, exclusão e discriminação, dos quais a sociedade
e a Igreja mesma precisam libertar-se”.
O
documento também faz insistência em que entre os jovens existe a vontade de
“que haja um maior reconhecimento e valorização da mulher na sociedade e na
Igreja”.
“Muitas
mulheres desempenham um papel insubstituível na comunidade cristã, mas em
muitos lugares há uma resistência a outorgar-lhes seu espaço nos processos de
tomada de decisões, inclusive quando não se exige de forma específica uma
responsabilidade ministerial”.
Lamenta-se,
além disso, que “a ausência da voz e do olhar feminino empobreça o debate e o
caminho da Igreja, subtraindo do discernimento uma contribuição preciosa”. Por
isso, “o Sínodo recomenda que todos sejam mais conscientes da urgência de uma
mudança iniludível, também a partir de uma reflexão antropológica e teológica
sobre a reciprocidade entre homens e mulheres”.
Abusos
O
tema dos abusos de poder, econômicos, de consciência e sexuais no seio da
Igreja também tem uma importante presença no Documento Final da reunião dos
bispos.
No
ponto 29 se reconhece que “os diversos tipos de abusos cometidos por alguns
bispos, sacerdotes, religiosos e leigos provocam naqueles que são vítimas,
entre os quais há muitos jovens, sofrimentos que podem durar toda a vida”.
Recorda-se
que esse fenômeno que “está difundido na sociedade, afeta também à Igreja e
representa um sério obstáculo para sua missão. O Sínodo reitera seu firme
compromisso para a adoção de medidas rigorosas de prevenção que impeçam o que
se repita a partir da seleção e da formação daqueles aos que se confiarão
responsabilidades educativas”.
O
Sínodo pede atuar na raiz do problema (ponto 30): “o desejo de domínio, a falta
de diálogo e de transparência, as formas de dupla vida, o vazio espiritual,
assim como a fragilidade psicológica”.
Também
agradece a todo aquele “tem a valentia de denunciar este mal rapidamente: estes
ajudam a Igreja a tomar consciência do que aconteceu e da necessidade de atuar
com decisão”.
Formação
ao sacerdócio, pastoral juvenil e matrimônio
O
Documento Final também aborda a formação dos candidatos ao sacerdócio e à vida
consagrada, a importância dos centros católicos e a preparação dos jovens como
agentes pastorais e sua preparação para o sacramento do matrimônio.
Sobre
o primeiro, os padres sinodais assinalaram que a formação dos futuros
sacerdotes e consagrados é “um desafio importante para a Igreja”. Não só basta
escolher formadores “culturalmente preparados”, e sim capazes de “relações
fraternas, de uma escuta empática e de profunda liberdade interior”.
Além
disso, pediram que a formação tenha presente a experiência prévia dos
candidatos ao sacerdócio ou vida consagrada. Indicaram que ignorá-la afeta o
crescimento da pessoa e o desenvolvimento dos dons de Deus e da conversão do
coração.
Do
mesmo modo, indicaram que o caminho sinodal insistiu no desejo de dar espaço ao
protagonismo juvenil no trabalho missionário. É evidente que este apostolado
“não pode ser improvisado, mas deve ser fruto de um caminho formativo sério e
adequado”, assinalaram.
O
documento afirma que muitos jovens expressaram o desejo de “conhecer melhor sua
fé” através “do descobrimento das raízes bíblicas, compreender o
desenvolvimento histórico da doutrina, o sentido dos dogmas, a riqueza da
liturgia”.
Além
disso, o Sínodo anima as igrejas particulares, congregações religiosas,
movimentos e outras realidades eclesiásticas, a “oferecer aos jovens uma
experiência de acompanhamento em vista ao discernimento”. Tal experiência “se
pode qualificar como um tempo destinado ao amadurecimento da vida cristã
adulta”, afirmou.
Igualmente
se anima a acompanhar os noivos no “caminho de preparação ao matrimônio”, para
que contem com “os elementos necessários para receber (o sacramento) com as
melhores disposições” e iniciar com solidez a vida familiar. O acompanhamento,
indicaram os pais sinodales, deve seguir sobre tudo nos primeiros anos do
matrimônio, ajudando-os a formar “parte ativa da comunidade cristã”.
Sinodalidade
No
Documento se sublinha, no ponto 119, que a Igreja decidiu ocupar-se dos jovens
e “considera esta missão uma prioridade pastoral desta época na qual deve-se
investir tempo, energias e recursos”.
Como
mostra dessa eleição, o Sínodo optou desde o começo por envolver os jovens para
que se sintam co-protagonistas da vida da missão da Igreja”.
Os
padres sinodais reconhecem nessa experiência “um fruto do Espírito que renova
continuamente a Igreja e a chama a praticar a sinodalidade como um modo de ser
e de atuar, promovendo a participação de todos os batizados”.
Sobre
essa sinodalidade, o Documento assinala que a experiência vivida fez os
participantes no Sínodo conscientes da importância de uma forma sinodal de a
Igreja realizar “o anúncio e a transmissão da fé”.
No
texto se insiste na aposta pela sinodalidade, ao dizer que esta “caracteriza
tanto a vida como a missão da Igreja, que é o Povo de Deus formado por jovens e
idosos, homens e mulheres de toda cultura e horizonte, e o Corpo de Cristo, do
qual somos membros”.
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