Sínodo 2018 Bispos da china: «Aqui sente-se a única fé da Igreja», realça bispo católico chinês
Sínodo 2018
Bispos da china: «Aqui sente-se a única fé da Igreja»,
realça bispo católico chinês
Out 15, 2018 - 13:31
D. Joseph Jincai e D.
Yang Xiaoting abordaram desafios dos jovens na China sem esconder o desejo de
união para a comunidade católica no país
D. Joseph Jincai e D. Yang Xiaoting com o Papa Francisco, Foto: Vatican News |
Cidade do Vaticano, 15 out 2018 (Ecclesia) – O Sínodo dos Bispos
dedicado aos jovens, que está a decorrer em Roma, tem a particularidade de
contar pela primeira vez, numa iniciativa deste género, com o presença de dois
bispos católicos da China continental.
D. Yang Xiaoting é responsável pela Diocese de Ya’na, inserida na
chamada Igreja clandestina, ou seja, que é reconhecida pela Santa Sé mas não
pelo Governo de Pequim, e que conta atualmente com uma comunidade de cerca de 6
a 7 milhões de fiéis.
Para este bispo, poder fazer parte desta experiência em Roma “é
muito significativo”, uma vez que através do Sínodo “a Igreja fala hoje acerca
dos problemas que se devem enfrentar” e em particular de como apoiar aqueles
que são o futuro da sociedade, “de como ajudar os jovens a viver a fé e a
encontrar os verdadeiros valores para as suas vidas”.
“Esta é uma das discussões mais importantes. Neste tema, temos
visto dificuldades e desafios em outros países do mundo. Na realidade, este
Sínodo ajuda-nos a compreender como podemos acompanhar os jovens no trabalho
pastoral, como ajudá-los a testemunhar a sua fé seguindo a sua vocação”, realça
o prelado, em entrevista ao portal Vatican News.
A acompanhar D. Yang Xiaoting em Roma está D. Joseph Jincai,
bispo de Chengde e que faz parte da chamada Igreja patriótica, reconhecida pelo
Governo chinês.
Uma comunidade católica composta por cerca de 5 a 6 milhões de
fiéis, que viu há alguns dias nascer um princípio de acordo com a Santa Sé, com
o Papa Francisco a reconhecer os sete bispos que dela fazem parte.
D. Joseph Jincai
salienta a sua satisfação de “como bispo chinês”, poder “participar no Sínodo
pela primeira vez”.
“Sentimos que a Igreja é uma família e que recebemos um
acolhimento caloroso”, destaca o prelado, que não deixa de implicitamente
referir o contexto católico do seu país ao realçar que neste encontro sente-se
“a única fé da Igreja”.
“Nós partilhamos as nossas reflexões com os outros bispos e
discutimos as questões atuais que devemos enfrentar”, acrescentou.
Uma boa parte do Sínodo dos Bispos está a ser dedicada à temática
da vocação, não só ao sacerdócio mas também à formação da família.
Um tema que está na ordem do dia na China, uma vez que depois de
muitos anos a implementar a política de ‘um casal, um filho’, o Governo chinês
está a ver-se agora obrigado a recuar nessa medida.
Ao procurar controlar o crescimento populacional naquela que é
atualmente a nação mais populosa do mundo, com perto de 1,38 mil milhões de
habitantes, Pequim ‘esqueceu-se’ de um desafio que poderia decorrer desse
controlo: o envelhecimento populacional.
De acordo com D. Joseph Jincai, existem “sob a orientação dos
bispos, nas dioceses e em cada paróquia departamentos específicos de
acompanhamento pastoral a jovens casados e aos que se estão a preparar para o
matrimónio”.
“Cada família e a vocação da família estão ligadas ao crescimento
da Igreja e ao serviço da sociedade. Portanto, a estabilidade da família trará
o bem para toda a sociedade. Devemos rezar pelas famílias e por esta vocação,
para que com a fé possam ser guardadas as promessas matrimoniais e continuem a
seguir este chamamento de Deus”, sustentou.
Já D. Yang Xiaoting também relevou as “diversas atividades” que na
China “são realizadas a favor do matrimónio e da família”, no âmbito da Igreja
Católica.
“Cada diocese, de acordo com suas próprias exigências, oferece uma
formação pré-matrimonial e durante o casamento. Algumas dioceses têm seu
próprio centro, com cursos regulares ou de curta duração, têm também formações
sobre ética matrimonial que ajudam muito os jovens na sua vida conjugal”,
explica o bispo, que conta com mais de 15 anos de ligação ao trabalho de
formação nos seminários.
Uma realidade pastoral diferente da vocação para a família, mas
que ao nível dos desafios encerra também “problemas semelhantes aos de outros
países no mundo”.
No contacto com os jovens, neste campo, é trabalhado o “conceito
de formação” não só ao nível da consagração mas também “para os leigos”, para
que os mais novos “possam olhar” para o seu futuro “sob diferentes pontos de
vista”.
“Escutar permite que os
jovens já não se sintam mais sozinhos, que já não estejam sem esperança quando
têm dificuldades, porque a Igreja será sempre sua família e vai acompanhá-los
sempre”, frisou D. Joseph Jincai, destacando uma palavra que desde o início tem
marcado os trabalhos deste Sínodo.
“O nosso propósito mais sentido neste Sínodo é justamente o de
ouvir as vozes dos jovens em diferentes situações, também a dos jovens
chineses”, completou.
Por sua vez, D. Yang Xiaoting faz votos de que deste Sínodo possa
sair para os jovens “uma mensagem alegre”, um desejo que estende também aos
jovens da “China continental”.
“A Igreja precisa de jovens, a Igreja ama os jovens e, acima de
tudo, vê que os jovens são o futuro da Igreja”, concluiu.
Os bispos
despediram-se hoje do Papa Francisco, regressando à China devido a compromissos
assumidos antes do convite para participar nesta assembleia sinodal.
JCP
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