PAQUISTÃO Liberdade Religiosa: Absolvição de Asia Bibi é uma vitória contra «a mentalidade extremista», diz José Ribeiro e Castro
PAQUISTÃO
Liberdade Religiosa:
Absolvição de Asia Bibi é uma vitória contra «a mentalidade extremista», diz
José Ribeiro e Castro
Out 31, 2018 - 12:39
Político português saúda decisão hoje dada a conhecer pelo Supremo Tribunal de Justiça do Paquistão
Lisboa, 31 out 2018 (Ecclesia)
– José Ribeiro e Castro considera que a absolvição de Asia Bibi, uma
mulher cristã presa desde 2010 no Paquistão, acusada de blasfémia, é uma
vitória contra “a mentalidade extremista” que ainda marca vários países.
Em entrevista hoje à Agência ECCLESIA, o político português, que como
deputado colaborou em várias iniciativas a favor da libertação de Asia Bibi,
salientou a sua “alegria” com o veredicto hoje tornado público pelo Supremo
Tribunal de Justiça do Paquistão.
“Um ato de clareza e coragem”, que veio anular “uma acusação que não tinha
pés nem cabeça”, frisou José Ribeiro e Castro, que faz agora votos de que “esta
mulher possa finalmente viver em liberdade, com os seus filhos, com o seu
marido, e ter uma vida normal”.
A decisão do Supremo Tribunal de Justiça do Paquistão coloca um ponto
final num caso que suscitou a indignação da comunidade internacional e da
Igreja Católica, por colocar em causa a liberdade religiosa e de culto, e por
ter na sua génese, como lembrou José Ribeiro e Castro, uma “interpretação
radical” da lei, neste caso, “da lei da blasfémia”. Político português saúda decisão hoje dada a conhecer pelo Supremo Tribunal de Justiça do Paquistão
“Não é possível interpretar uma lei penal para punir com crime de
blasfémia quem se limita a afirmar uma fé diferente daquela que prevalece num
determinado território”, apontou José Ribeiro e Castro, recordando que “a
liberdade religiosa está consagrada na Declaração Universal dos Direitos do
Homem.
Asia Bibi, mãe de cinco filhos, permanecia encarcerada à quase 9 anos, no
‘corredor da morte’, devido a um desentendimento com mulheres muçulmanas
envolvendo um copo de água, que depois terminou com a cristã acusada de
blasfémia.
Em declarações hoje aos jornalistas, divulgadas pelo
portal Vatican News, o juiz Saqib Nisar, do Supremo Tribunal de Justiça do
Paquistão, referiu que Asia Bibi “foi ilibada de todas as acusações” e deverá
ser libertada “imediatamente”.
A decisão já tinha sido tomada no início deste mês de outubro, mas foi
mantida em segredo de justiça, devido às pressões vindas da comunidade
muçulmana, que já tinham marcado e influenciado os vários recursos que a defesa
de Asia Bibi tinha apresentado ao longo dos anos.
Esta quarta-feira, o anúncio público da decisão do Supremo Tribunal do
Paquistão em absolver Asia Bibi foi marcado por protestos por parte da
comunidade radical islâmica no país.
“A situação no Paquistão é muito perigosa a este respeito. Ela tanto
quanto sei ainda não foi libertada. Sabemos das pressões de que a magistratura
paquistanesa tem sido alvo ao longo deste tempo. Sabemos também que um ministro
foi assassinado por ter criticado a injustiça deste caso”, lembrou José Ribeiro
e Castro, referindo-se ao caso de Shahbaz Bhatti, morto em 2011.
Este ministro detinha a pasta das Minorias, era o único político cristão
do seu gabinete e afirmava frequentemente posições contrárias à lei da
blasfémia.
Shahbaz Bhatti acabaria morto a tiro, na sequência de uma emboscada movida
por homens armados perto da sua residência, em Islamabad.
No mesmo ano, em 2011, o governador de Punjab também foi assassinado,
neste caso por um membro do seu corpo de segurança, por criticar a pena de
morte que pesava sobre aquela mulher cristã.
Para José Ribeiro e Castro, é fundamental por isso “continuar a seguir com
muita atenção e preocupação esta situação”, até em homenagem à memória destas
vítimas, e “agir junto das autoridades paquistanesas para que a liberdade de
Asia Bibi seja assegurada e protegida e possa professar livremente a sua fé”.
“Que este caso possa ser uma alavança de transformação para a situação
deste e de outros países”, completou José Ribeiro e Castro, que como deputado
da Assembleia da República Portuguesa esteve envolvido em 2016, com colegas das
várias bancadas parlamentares, na entrega de uma carta a favor da situação de
Asia Bibi, junto da embaixada do Paquistão em Lisboa.
José Ribeiro e Castro é também um dos mentores do grupo de solidariedade
para com os cristãos perseguidos em todo o mundo, criado no Parlamento
português em 2015.
JCP
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