Mundo e Missão por Armando Soares

Se pretendêssemos resumir numa palavra chave a atitude fundamental que caracteriza a nossa presença e a nossa actividade missionária é o diálogo. Primeiro o diálogo entre os agentes da missão e depois o diálogo com as culturas. O diálogo é essencial, constrói a fraternidade e converte-se num poderoso meio de evangelização pelo testemunho de vida, que damos apesar das nossas identidades e nacionalidades distintas. Acontece mesmo perguntarem como é possível uma tão grande convivência fraterna num grupo heterogéneo. A missão realiza-se através deste diálogo comunitário partilhando experiências, discernindo, avaliando, rezando e celebrando juntos. Já o disse Jesus: “Que todos sejam um, ó Pai, como tu e eu somos um, a fim de que o mundo acredite” (Jo 17, 21). A Missão fundada na comunhão fraterna transforma-se em testemunho visível da presença viva de Jesus. Importante, em segundo lugar, é o diálogo com a cultura e o diálogo inter-religioso. Estamos num pluralista e a missão só é possível numa abertura positiva que leve a Igreja a descobrir as imensas riquezas presentes a nível cultural e religioso dos povos que são evangelizados. A tarefa do missionário é amar e servir o povo a que se dirige. Testemunhar-lhes um Deus que é essencialmente amor, comunidade, justiça, compaixão, igualdade, perdão, paz. Será esta a atitude que poderá levar à conversão. Um Deus que se esvazia da sua divindade para se encarnar e a loucura da sua morte na cruz por amor ao homem, é o arquétipo do missionário que pretende levar adiante uma missão como diálogo que evangeliza”, assim refere o P. Rafael del Blanco, imc. E continua: “Fazemo-nos budistas com os budistas, crentes com os não crentes, pobres com os pobres, amamos a língua do povo que nos acolheu, a sua cultura, as suas tradições e queremos testemunhar com a vida que Deus é essencialmente amor e porque é amor, ama sem fazer distinção de pessoas, nem de religião, nem de cultura, nem de raças, nem de estado social. “Evangelizamos com desapego, porque o nosso absoluto é Deus, não o diálogo interreligioso, nem os pobres nem a animação missionária. Deus conduz a história e o missionário é um instrumento que concretiza um desígnio de amor que só Deus conhece e do qual só Ele pode ser protagonista. Por isso estamos abertos ao que Deus nos vai colocando no caminho.”

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