AMAZÓNIA/ modelos de evangelização e «rito amazónico»
AMAZÓNIA/ modelos de evangelização
e «rito amazónico»
Grupos em português propõem novos modelos de evangelização e um «rito
amazónico»
Out 18, 2019 - 15:32 13ª sessão CGS
Sínteses dos círculos
linguísticos falam na possibilidade de homens «com família» serem admitidos ao
ministério presbiteral e «mulheres ao diaconado»
Os grupos de trabalho de língua portuguesa no Sínodo dos Bispos para a
região pan-amazónica afirmam que o caminho sinodal “abriu a perspectiva de uma
eclesiologia diferente, mais batismal e colegial, diferente da Igreja
clerical”.
Os membros dos grupos em português consideram que, pela “necessidade de
uma Igreja permanente” na Amazónia, “é necessário multiplicar” essa
presença “com novos ministérios” e pedem ao Papa Francisco que “admita homens
ao ministério presbiteral e mulheres ao diaconado, de preferência indígenas”.
“Mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade
de assegurar os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã da
comunidade (IL 102,2). Desta forma, daremos rosto feminino e rosto materno à
Igreja”, acrescentam.
Na síntese dos círculos linguísticos é pedido “um rito amazónico com
património teológico, disciplinar e espiritual” que expresse ao mesmo tempo a
universalidade e catolicidade da Igreja, na Amazónia, para um povo “religioso”,
“a espiritualidade e sabedoria dos ancestrais e a mariologia trazem uma
manifestação própria em sua vida de fé”.
O “protagonismo” da Igreja na Amazónia “não pode importar modelos” e
precisa de “construir o rosto próprio com formação ampla e integral”, a partir
da espiritualidade ecológica, Bíblica, comunitária e eclesial, em vista de uma
conversão pastoral, sinodal, e conversão ecológica.
Neste contexto, os
participantes propõem uma formação “planeada”, com equipas que incluam
mulheres, e com o apoio da pastoral vocacional procurando “servidores da
própria região”, isto é “autóctones, indígenas, ribeirinhos, quilombolas e
outros”.
Os membros dos grupos de trabalho em português alertam para a “violência”
na região pan-amazónica, um “flagelo” generalizado, com “o feminicídio em casa,
a violência institucionalizada e omissão do Estado”, “nas prisões e escolas,
abuso e exploração sexual” e violação dos direitos dos povos primitivos,
“assassinato dos defensores dos territórios”, narcotráfico e tráfico de
pessoas, “extermínio da população juvenil”.
É também proposto “um modelo de desenvolvimento alternativo” com qualidade
de vida através de cursos de agroecologia, desenvolvimento de projetos
sustentáveis, “desenvolver projetos de reflorestamento”, projetos alternativos
aos megaprojetos, extrativismo sustentável, entre outros.
Na Amazónia gozamos de
uma biodiversidade ecológica, intercultural, religiosa e espiritual. Sabemos
que o diálogo é a ponte para a construção da paz e do ‘bem viver’”.
Os relatórios em português realçam também que a migração na cidade e o
“refúgio de tantos irmãos e irmãs” solicitam uma pastoral urbana de
acolhimento, “de proteção, de promoção e de integração no caminho da dignidade
humana”.
Apontando a educação como caminho para uma sociedade capaz de “bem viver
em sobriedade feliz”, surge a sugestão de criar escolas e universidade
indígenas, “com linguística própria”, a tradução da Bíblia e catecismo, bem
como “investir na educação a distância” e abrir espaços para escutar os jovens.
A utilização das redes sociais para comunicação – web rádio e tv – bem
como outros meios de comunicação, como as rádios, para divulgar as conclusões
da assembleia especial é outro pedido, com o incentivo à divulgação do que
“acontece na Amazónia principalmente o que diz respeito ao que o projeto
destrói a biodiversidade”.
A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou hoje os relatórios dos “círculos menores”, que foram
apresentados durante a 13.ª reunião geral do Sínodo, esta sexta-feira.
CB/PR
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