Europa: esperança para Continente e país «angustiados» Por P. Armando Soares


Europa: esperança para Continente e país «angustiados»
D.R. Assembleia Plenária da CCEE em Santiago de Compostela
(out. 2019)

Mensagem de esperança: acorda Europa
O Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) reuniu em Santiago de Compostela e no dia 7 de outubro enviou uma “mensagem de esperança à Europa angustiada”.
 “Toda a pessoa, de facto, tem um desejo secreto de encontrar alguém que ajude a sua consciência a despertar, a reavivar as questões decisivas da existência, do nosso futuro após a morte, do mal que nos fere e dos males que destroem a vida e o cosmos”, lê-se no Comunicado.
Estas questões existenciais encontram-se profundamente enraizadas no coração humano mesmo que “sejam obscurecidas por desejos materiais”.
‘Sinais de esperança’ foi o tema do encontro. Os bispos da CCEE fazem um apelo: «Acorda, Europa» é o que querem dizer “com força”, na mensagem de esperança “à Europa angustiada”, como vigilantes e “prontos para indicar para o novo dia”.
Analisaram as vertentes dum mundo que vive em diferentes contradições como o desejo de Deus e a fragilidade da vida cristã; o desejo de direitos humanos universais e a perda do respeito pela dignidade humana; o “desejo de harmonia” na sociedade e com a criação a par da “perda de qualquer senso de verdade objetiva”; “O desejo de “vida baseado no Evangelho” mas, ao mesmo tempo, “fraqueza eclesial e humana”, o “desejo de santidade”, mas “sem testemunho de vida”.
“Nas diferentes histórias e tradições, nos velhos e nos novos desafios, há elementos de esperança: os santos e mártires dos nossos países anunciam o futuro e brilham como estrelas no céu”, convidam a redescobrir “as raízes”. Os “santos patronos” do velho continente são sinais de “uma Europa unida na diversidade”.
A Europa “regozija-se com a bondade” do seu povo, e daqueles que “todos os dias contribuem em silêncio para a construção de uma sociedade civil mais justa e humana”.

«Não há democracia com fome»
O Papa Francisco saiu, no dia 4 junho 2019, em defesa dos Direitos Sociais, em particular dos mais pobres e excluídos, falando aos participantes numa cimeira pan-americana de juízes, que decorreu no Vaticano.
“Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”, sustentou. A cimeira foi patrocinada pela Academia Pontifícia das Ciências Sociais (Santa Sé), com o tema ‘Direitos Sociais e Doutrina Franciscana’.
O Papa falou numa “etapa histórica de mudanças”, de crise, em que “se verifica um paradoxo: de um lado, um desenvolvimento normativo fenomenal; do outro, uma deterioração no gozo efetivo de direitos consagrados globalmente”.
“Estou preocupado por notar que surgem vozes, especialmente de alguns doutrinários, que tentam explicar que os direitos sociais são velhos, estão desatualizados e não têm nada com que contribuir para as nossas sociedades. Desta forma, confirmam políticas económicas e sociais que levam os nossos povos à aceitação e justificação da desigualdade e da indignidade”, advertiu.
Francisco sustentou que qualquer sistema político-económico precisa de garantir que a democracia não seja apenas “nominal”, mas “incorporada em ações concretas que garantam a dignidade de todos os habitantes, sob a lógica do bem comum, num apelo à solidariedade e à opção preferencial pelos pobres”.

Portugal: solidariedade, democracia e populismos
O bispo de Leiria-Fátima, cardeal D. António Marto disse, no dia 12 de outubro 2019, esperar que a nova legislatura “traga paz social”, com maior atenção à solidariedade “com os mais pobres, os mais frágeis”
A solidariedade social é um assunto fulcral na política de um país. Na conferência de imprensa na abertura da peregrinação internacional de outubro ao santuário de Fátima, o bispo explicou que algumas instituições de solidariedade se “sentem asfixiadas” com o “reduzido subsídio que dão para as pensões”, “carências económicas para os filhos” que originam “desigualdades sociais” e até “algumas são gritantes, escandalosas, sobretudo as pensões mínimas”.
O cardeal português sublinhou que a abstenção dos cidadãos quando são chamados às urnas, “denota um défice democrático” e “desinteresse”. É a própria democracia que está em jogo pois ela se vai construindo com o contributo de todos. Declarou que “votar é o exercício de um direito”, uma “obrigação moral” e destacou a necessidade de “elevação da qualidade da atividade política”.
«Nota-se no povo um desinteresse”, lamentou, considerando que a atividade política precisa de “atender os problemas”, e pôr o bem comum acima do “bem particular ou partidário”.
A “classe política deve mostrar que tem classe”, e a sociedade civil também deve “mostrar o seu empenho na construção quotidiana de mais e melhor democracia”, acrescentou.
O cardeal Marto alertou para os populismos que se estão “a espalhar pela Europa e merecem atenção particular”. “Não basta responder com slogans, análises superficiais, mas sim procurar fazer reflexão profunda, objetiva, científica, sobre as situações que provocam estes populismos. É preciso protagonizar ações de formação e iluminação das consciências”, dinâmica na qual as Igrejas também devem participar.

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