SÍNODO 2019 /ouvir o grito dos pobres


SÍNODO 2019 /ouvir o grito dos pobres
Papa: Igreja tem de ouvir «grito dos pobres» e questiona quem despreza o próximo
Out 27, 2019 - 9:41
Francisco preside a Missa no encerramento da assembleia especial para a Amazónia
Foto: Lusa/EPA

O Papa Francisco disse no dia 27/10, no Vaticano que a Igreja Católica tem de ouvir o “grito dos pobres” e deixou críticas a quem se julga “superior” a eles, perante Deus.
“Quantas vezes, mesmo na Igreja, as vozes dos pobres não são escutadas, acabando talvez silenciadas, porque incómodas. Saibamos escutar o grito dos pobres: é o grito de esperança da Igreja”, declarou, na homilia da Missa de encerramento do primeiro Sínodo especial para a Amazónia.
Após três semanas de trabalhos, acompanhadas por críticas de diversos setores, no interior da Igreja Católica, Francisco questionou quem “levanta muros” perante os excluídos e os necessitados, “para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados”.
“Ou então, considerando-os atrasados, despreza as suas tradições, apaga as suas gestas, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens. Quanta superioridade presumida, que se transforma em opressão e exploração”, denunciou.
Vimo-lo no Sínodo, quando falávamos sobre a exploração da criação, das pessoas, dos habitantes da Amazónia, do tráfico de pessoas”.
“Jesus nos cure de criticar e de desprezar seja quem for: são coisas que desagradam a Deus”, prosseguiu.
Há uma “religião do eu”, que deixa de lado os mandamentos centrais do Cristianismo, “amar a Deus e ao próximo”.
“Até mesmo cristãos que rezam e vão à Missa ao domingo são seguidores desta ‘religião do eu’,  lamentou.
Os erros do passado não foram suficientes para deixarmos de saquear os outros e causar ferimentos aos nossos irmãos e à nossa irmã terra: vimo-lo no rosto despedaçado da Amazónia. A ‘religião do eu’ continua, hipócrita, com os seus ritos e as suas ‘orações’,  – e tantos são católicos, confessam-se católicos, mas esqueceram-se de ser católicos e humanos – esquecida do «verdadeiro culto a Deus, que passa sempre pelo amor ao próximo»”.
A procissão de entrada da Eucaristia foi encabeçada por dois representantes das comunidades indígenas da Amazónia, ao som do cântico ‘Laudato Si’, de São Francisco de Assis, que inspirou a redação da encíclica ecológica e social.
Foto: Lusa /EPA
“Foi bom – e agradeço-vos, queridos padres e irmãos sinodais – termos dialogado, nestas semanas, com o coração, com sinceridade e franqueza, colocando fadigas e esperanças diante de Deus e dos irmãos, declarou Francisco.

O Papa insistiu na necessidade de reconhecer-se “miserável” aos olhos de Deus, pois “a raiz de todo o erro espiritual, como ensinavam os monges antigos, é crer-se justo”.
Membros da comunidade ‘L’Arche’, fundada por Jean Vanier para acompanhar pessoas com deficiência mental, estavam presentes e o Papa considerou “os mais pobres das sociedades desenvolvidas”.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.



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