AMAZÓNIA: Sínodo 2019 Vaticano apresenta assembleia especial sobre a Amazónia e desvaloriza polémicas
AMAZÓNIA: Sínodo 2019
Vaticano apresenta assembleia especial sobre a Amazónia e
desvaloriza polémicas
Out 3, 2019 - 14:39
Encontro
decorre de 6 a 27 de outubro, debatendo questões ecológicas e temas ligados ao papel
dos indígenas nas comunidades católicas
O Vaticano
apresentou hoje em conferência de imprensa a Assembleia Especial do Sínodo dos
Bispos para a região pan-amazónica, que vai decorrer de 6 a 27 de outubro,
desvalorizando as críticas recebidas pelo documento de trabalho.
“Não
é um documento do Sínodo, é um documento para o Sínodo: é a voz da Igreja
local, é a voz da Igreja na Amazónia, da Igreja, das pessoas, da história, da
própria Terra”, disse o Cardeal Cláudio Hummes arcebispo emérito de São Paulo,
presidente da REPAM – Rede Eclesial Pan-Amazónica.
O
cardeal brasileiro, relator-geral do Sínodo 2019, sublinhou que nos dois anos
de preparação foram ouvidas 80 mil pessoas, em diversos inquéritos.
A
assembleia especial que se inicia este domingo foi convocada por Francisco em
2017, com o tema ‘Amazónia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia
integral’.
D.
Cláudio Hummes falou numa situação de crise, na região, “em consequência da
degradação e contaminação e devastação do planeta, em especial da Amazónia, e a
crescente crise social, de uma pobreza e miséria gritante”.
O
responsável foi questionado sobre as reservas levantadas pelo governo do Brasil,
relativamente a este encontro eclesial, e disse que houve “diálogo” para
responder às questões levantadas.
“Uma
abordagem ecológica deverá ser sempre também uma abordagem social, que deve
integrar a justiça dos debates sobre o meio ambiente, para ouvir o clamor da
terra como o clamor dos pobres”, apontou.
O
arcebispo emérito de São Paulo elogiou a “Igreja pobre” da Amazónia e lamentou
que muitas pessoas, religiosos ou ativistas, sejam “ameaçadas constantemente”.
O
documento de trabalho pede aos
participantes no Sínodo 2019 que “para as áreas mais remotas da região seja
estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal para anciãos,
preferencialmente indígenas”.
Segundo
o cardeal Hummes, a Igreja Católica na Amazónia sente a falta de recursos
humanos, de ministros ordenados, pelo que mais de 70% do interior amazónico tem
pouca vida sacramental, particularmente a celebração da Eucaristia, “um
problema que dura há muito tempo”.
O
Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia
consultiva de representantes dos episcopados católicos, a que se juntam peritos
e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
O
cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, destacou que
esta assembleia especial diz respeito à Igreja universal e não a uma
“representação parcial dos bispos da região”.
A
assembleia conta com 185 padres sinodais, 113 de circunscrições eclesiásticas
pan-amazónicas (pertencentes a 7 conferências episcopais); marcam presença 13
responsáveis da Cúria Romana, 15 religiosos eleitos pelo superiores gerais e 33
membros nomeados por indicação pontifícia.
Como
habitualmente, há seis delegados que representam outras igrejas e comunidades
cristãs presentes no território pan-amazónico; 12 convidados especiais como
cientistas, peritos no setor do meio ambiente e outras disciplinas; 25
especialistas indicados pelas suas competências especificas.
O
cardeal Baldisseri destacou a presença de 35 mulheres, no conjunto de presentes
na assembleia especial, falando ainda de um Sínodo “verde”, com preocupações
ecológicas na sua organização.
Em
relação às críticas deixadas por vários responsáveis eclesiais aos trabalhos da
assembleia sobre a Amazónia, o colaborador do Papa destacou que o instrumento
de trabalho não é um “documento pontifício”, mas uma recolha dos vários
contributos.
“É a
primeira vez que responsáveis diretos da evangelização escutam o povo”,
sustentou.
O
secretário-geral do Sínodo dos Bispos valorizou a “síntese” feita após dois
anos de preparação e admitiu que os “alertas” podem ajudar a fazer um trabalho
melhor.
Até
hoje houve 15 assembleias gerais ordinárias e três extraordinárias, as últimas
das quais dedicadas à Família (2014 e 2015).
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