LEGISLATIVAS 2019/ abstenção
LEGISLATIVAS 2019/ abstenção
Cardeal D. António Marto
lamenta elevada abstenção e pede aposta na área social
Out 12, 2019 - 20:22
Foto: Santuário de Fátima |
O bispo de Leiria-Fátima disse
hoje esperar que a nova legislatura “traga paz social”, com estabilidade e
maior atenção à solidariedade “com os mais pobres, os mais frágeis”, alertando
para a abstenção e a “onda de populismo”.
“A solidariedade social é um
dos pontos fulcrais da política de um país e, pelos ecos que chegam das
instituições, estão a sentir-se em dificuldades para poder prestar assistência
a todos aqueles que as procuram e têm de responder”, afirmou D. António Marto,
esta tarde em Fátima.
Na conferência de imprensa de
abertura da peregrinação internacional de outubro ao santuário mariano, o bispo
de Leiria-Fátima explicou que algumas instituições de solidariedade se “sentem
asfixiadas” e exemplificou com o “reduzido subsídio que dão para as pensões”,
“carências económicas para os filhos” que originam “desigualdades sociais” e
“algumas são gritantes, escandalosas, sobretudo as pensões mínimas”.
O cardeal português sublinhou
que o problema da abstenção “denota um défice democrático” e “desinteresse pela
coisa pública”.
“É a própria democracia que
está em jogo. A democracia não é um dado adquirido, vai-se construindo com o
contributo de todos e todos os dias temos de trabalhar para a manter diante das
ameaças que chegam diariamente através das ondas de choque populistas”,
desenvolveu.
D. António Marto declarou que
“votar é o exercício de um direito” mas também uma “obrigação moral” e destacou
a necessidade de “elevação da qualidade da atividade politica para não se
contentar com slogans superficiais”.
O vice-presidente da
Conferência Episcopal Portuguesa elogiou ainda a “maneira cívica” como correram
as eleições legislativas de 6 de outubro.
Fazemos votos de que esta nova etapa nos traga paz social,
estabilidade, maior atenção à solidariedade social para com os mais pobres, os
mais frágeis, vulneráveis, e para com as instituições de solidariedade, que a
eles mais se dedicam”.
O bispo de Leiria-Fátima
defendeu que a “classe política deve mostrar que tem classe”, uma frase que já
tinha usado, mas acrescentou que a sociedade civil também deve “mostrar o seu
empenho na construção quotidiana de mais e melhor democracia”.
“Nota-se no povo um
desinteresse”, lamentou, considerando que a atividade política precisa de “dar
um salto na atenção aos problemas”, que ponha o bem comum acima do “bem
particular ou partidário, que sejam fieis às promessas, e não usem “demagogias
e sejam próximos daqueles que os elegem”.
D. António Marto optou por não
se referir especificamente a “este ou aquele partido” eleito para a Assembleia
da República, mas alertou para os populismos que se estão “a espalhar pela
Europa e merecem atenção particular”.
“Não basta responder com
slogans, análises superficiais, mas procurar fazer reflexão profunda, objetiva,
científica, sobre as situações que provocam estes populismos, também ação de
formação e iluminação das consciências”, dinâmica na qual as Igrejas também
devem participar.
A Peregrinação Internacional
Aniversária de 12 e 13 de outubro a Fátima evoca a última aparição de Nossa
Senhora aos Pastorinhos em 1917.
D. António Marto falou aos
jornalistas sobre a nova frente de guerra contra os curdos, na Síria, numa
ofensiva militar da Turquia.
“Abre-se uma feridade que já
se jugava curada e criou uma situação de crise humanitária”, lamentou.
O cardeal saudou ainda
a canonização da Irmã “Dulce
dos pobres”, religiosa brasileira, e do cardeal Newman,
este domingo, no Vaticano.
Já o reitor do santuário
lembrou que o acolhimento dos peregrinos e as peregrinações são a principal
atividade pastoral que vive um “tempo de estabilização” depois do centenário
das aparições em 2017; nos últimos nove meses, a Cova da Iria recebeu “cerca de
4 milhões e meio de peregrinos”, que participaram em 7658 celebrações.
O padre Carlos Cabecinhas
realçou que o “momento marcante” deste ano pastoral foi a participação da
imagem de Nossa Senhora de Fátima na Jornada Mundial da Juventude no Panamá, em
janeiro, onde também teve um programa próprio.
Este domingo, o arcebispo do
Panamá vai anunciar a “construção de um santuário dedicado a Nossa Senhora de
Fátima na capital do país centro-americano, cujo núcleo será “uma replica da
Capelinha das Aparições”.
A peregrinação internacional
aniversária ao Santuário de Fátima é presidida pelo arcebispo de Seul, o
cardeal Andrew Yeom Soo-jung, este sábado e domingo.
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