Sínodo 2019/ diaconado feminino Papa anuncia reabertura de comissão para debater diaconado feminino
Sínodo 2019/ diaconado feminino
Papa
anuncia reabertura de comissão para debater diaconado feminino
Out 26, 2019 - 17:43
Francisco diz que assembleia especial para a Amazónia pediu «criatividade»
na questão dos ministérios
O Papa Francisco anunciou hoje
a sua intenção de reabrir a comissão que debateu a possibilidade de ordenação
diaconal de mulheres, na Igreja Católica, falando no final dos trabalhos do
Sínodo especial para a Amazónia.
“Assumo o pedido de voltar a chamar a comissão ou talvez abri-la com novos
membros, para estudar como existia, na Igreja primitiva, o diaconado feminino”,
declarou, perante os bispos, missionários, religiosos e representantes de
indígenas que participaram na assembleia, desde 6 de outubro.
Após a votação do documento final, que aconteceu esta tarde, o Papa disse
que o Sínodo pediu “criatividade” para que seja possível encontrar “novos
ministérios” para as comunidades católicas.
Francisco indicou a vontade de trabalhar com a Congregação para a Doutrina
da Fé (Santa Sé), para “ver até onde se pode chegar”.
Após três semanas de trabalho em que se valorizou o papel das lideranças
femininas na “transmissão da fé e na preservação da cultura”, o pontífice pediu
que “não se fique apenas na parte funcional”.
“O papel da mulher da Igreja vai muito mais além da funcionalidade e é
nisso que temos de continuar a trabalhar”, indicou.
No número 103 do documento final, aprovado com 30 votos contra e 137
favoráveis, sublinha-se que “as múltiplas consultas realizadas no espaço
amazónico” destacam o “papel fundamental das mulheres religiosas e leigas na
Igreja da Amazónia”, com os seus múltiplos serviços.
“Num grande número destas consultas, solicitou-se o diaconado permanente
para a mulher”, pode ler-se.
O ponto anterior apela à formação de mulheres em estudos teológicos e uma
maior presença em papéis de liderança, dentro e fora da Igreja.
Nos novos contextos de
evangelização e pastoral na Amazónia, onde a maioria das comunidades católicas
são lideradas por mulheres, pedimos que seja criado o ministério instituído da
‘mulher dirigente da comunidade’ e reconhecer isto, dentro do serviço das
exigências da mutação da evangelização e da atenção às comunidades”.
Os participantes pedem a oportunidade de partilhar “experiências e
reflexões” com a Comissão de Estuado sobre o Diaconado das Mulheres.
A primeira comissão para o estudo do diaconado feminino foi anunciada a 12
de maio de 2016, durante um encontro de Francisco com a União Internacional de
Superioras Gerais (UISG) de institutos religiosos femininos.
Em maio deste ano, o Papa disse que a comissão tinha sido inconclusiva,
descartando mudanças no futuro imediato.
“Não há certeza de que a sua (mulheres) fosse uma ordenação com a mesma
forma e com o mesmo propósito que a ordenação masculina. Alguns dizem: há
dúvidas. Vamos continuar a estudar. Mas até agora não se avança”, referiu, em
declarações aos jornalistas durante o voo de regresso ao Vaticano, desde a
Macedónia do Norte.
O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado,
sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica.
Segundo o Papa, não existem dúvidas de que havia diaconisas no começo do
Cristianismo, mas a questão está em determinar se “era uma ordenação
sacramental ou não”.
Os estudos mostram que estas primeiras diaconisas assistiam na liturgia
batismal de mulheres, que era por imersão, e eram chamadas para casos de
disputa matrimonial para avaliar eventuais maus-tratos, uma situação limitada a
uma área geográfica, especialmente a Síria.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que
podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o
que não acontece com o sacerdócio.
O diaconado exercido por candidatos ao sacerdócio só é concedido a homens
solteiros.
Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e
corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades
caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, como assistir
o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e
exéquias, entre outras funções.
OC
Notícia atualizada às 19h50
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