AMAZÓNIA: Sinodo destruição identidade Papa denuncia «destruição da identidade cultural» na Amazónia
AMAZÓNIA: Sinodo destruição identidade
Papa denuncia
«destruição da identidade cultural» na Amazónia
Out 26, 2019 - 18:12
Assembleia especial encerra
trabalhos, após aprovação do documento final
Cidade do Vaticano,
26 out 2019 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje no Vaticano os trabalhos do
primeiro Sínodo especial para a Amazónia, iniciados a 6 de outubro, denunciando
as violações aos direitos dos povos da região.
Francisco falou das
“injustiças, destruição, exploração de pessoas, a todos os níveis, e destruição
da identidade cultural” que marcam a vida das comunidades indígenas.
Numa intervenção
improvisada, em espanhol, perante todos os que participaram nas três semanas da
assembleia, após a aprovação do documento final, o pontífice prometeu uma
exoração pós-sinodal até ao fim do ano, para deixar a sua própria palavra sobre
a experiência que viveu.
“Tudo depende do
tempo que tenha para pensar”, gracejou, provocando um aplauso dos presentes.
Francisco disse que o
Sínodo especial, iniciado a 6 de outubro, abordou quatro dimensões
fundamentais, a começar pela inculturação e da valorização das culturas, “que
está dentro da Tradição da Igreja”.
A segunda foi a
dimensão ecológica, em que se “joga o futuro”, denunciando a “exploração
selvagem” dos recursos naturais, como acontece na Amazónia.
Após falar da
dimensão social, com alertas para o “tráfico de pessoas”, o Papa declarou que a
quarta dimensão, “a principal”, é a pastoral, mais ligada à ação das
comunidades católicas na transmissão da fé.
“Urge o anúncio do
Evangelho, mas que seja entendido, assimilado, compreendido por essas culturas”,
apontou.
Francisco começou por
agradecer a todos que “deram este testemunho de trabalho, de escuta, de busca”,
procurando colocar em prática o “espírito sinodal”.
“Estamos a entender o
que significa discernir, escutar, incorporar a rica tradição da Igreja nos
momentos conjunturais”, precisou.
O discurso deixou reparos a quem pensa que “a Tradição é um
museu de coisas velhas” e indicou a necessidade de colocar a Igreja Católica a
avançar “neste caminho da sinodalidade”.
Entre os temas
debatidos, segundo Papa, está a necessidade de reformar a formação sacerdotal
nalguns países de promover a “redistribuição do clero”.
“Sejamos corajosos
para fazer esta reforma”, apelou.
Outro assunto a
merecer atenção será a reorganização do território eclesial amazónico, com
ideias como a criação de “semiconferências episcopais” para várias zonas e, no
Vaticano, a abertura de uma “secção amazónica” no Dicastério para o Serviço do
Desenvolvimento Humano Integral.
Os participantes
pediram ainda ao Papa que o percurso dos membros do corpo diplomático da Santa
Sé inclua “um ano” ao serviço de uma diocese em território de missão
Os padres sinodais
votaram esta tarde o texto do documento final, que inclui propostas como a
criação de um Rito Amazónico, entre outras.
Francisco disse que
irá solicitar à Congregação para o Culto Divino que faça “as propostas
necessárias”, recordando as 23 igrejas com rito próprio, no mundo católico.
“Não é preciso ter
medo das organizações que custodiam uma vida especial”, sustentou.
Na Igreja Católica
existem os ritos latinos (tendo por base o rito romano e admitindo as variantes
dos ritos ambrosiano, hispânico e outros, como o bracarense) e ritos orientais
(especialmente o bizantino); várias Igrejas orientais em comunhão com Roma
admitem a ordenação sacerdotal de homens casados, mas não é consentido casar
depois da ordenação.
O Papa agradeceu o
trabalho dos media e desejou que estes pudessem ter acompanhado a votação,
antes de deixar um pedido aos jornalistas: “Parem, sobretudo, nos diagnósticos,
que é a parte pesada, onde o Sínodo se expressou melhor”.
A este respeito,
Francisco alertou para o que chamou de “cristãos de elite” ou “grupos
seletivos” que se fixam em “pontos intraeclesiásticos” e procuram vencedores ou
derrotados, nas votações.
“Ganhamos todos com o
diagnóstico que fizemos”, observou.
O documento final
será publicado, pela sala de imprensa da Santa Sé, acompanhado pelo resultado
da votação
O Sínodo dos Bispos
pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de
representantes dos episcopados católicos, a que se juntam peritos e outros
convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
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