Sínodo Amazónia: a caminho do ‘documento final’ em estilo sinodal


Sínodo Amazónia: a caminho do ‘documento final’ em estilo sinodal
Padres sinodais nas Catacumbas de Domitilla | Foto: Vatican Media
Um itinerário sinodal
Os padres sinodais reúnem nos chamados círculos menores com base nas línguas e ai é ocasião de escutar a voz dos participantes. Depois, os temas são apresentados e debatidos em assembleia. As posições dos padres sinodais nem sempre coincidem, mas cada um oferece a sua própria contribuição.
Estão em andamento em estudo e reflexão. É a fase de coligir propostas. A próxima fase, será a do documento final a ser confiado ao Papa e ao seu discernimento. 
Este Sínodo é uma oportunidade para escutar a voz da Amazónia, para reconhecer os caminhos já traçados pelos mártires e abrir novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia com respeito pelas suas diferenças. “As vozes das comunidades indígenas onde trabalhámos todos os dias, foram ouvidas. O que é realmente importante: as pessoas”, dizia um missionário.
A experiência do caminho sinodal é única. Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, sublinhou que “o Sínodo nos exorta a refletir também sobre o significado da universalidade da Igreja”.

Projeto de Documento Final
Os trabalhos da terceira e última semana do ‘Sínodo especial para a Amazónia’, arrancaram com a apresentação do projeto de Documento Final.
O cardeal Schönborn, arcebispo de Viena e membro da Comissão de Redação do documento final, nomeado pelo Papa, disse aos jornalistas que “o tema dos ministérios é um tema importante deste Sínodo, e faz parte dos novos caminhos na Amazónia. Aposta numa “melhor distribuição do clero” para resolver a falta de padres, para que toda a Igreja Católica se sinta “corresponsável” pela região.
Considerou ainda, que o diaconado permanente, restaurado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), é “muito significativo” para a vida da Igreja e pode ser uma grande ajuda pastoral “neste imenso território” pan-amazónico.
O problema mais difícil é sempre entre o homem e o ambiente. Foi denunciado o envenenamento dos rios com mercúrio, por causa da extração mineira do ouro, e a necessidade de considerar a “presença significativa” de povos indígenas a viver nas cidades e não apenas na floresta.

Na força do testemunho
Não há uma cultura que seja perfeita, e ninguém tem o direito de impor a sua aos outros.
É necessário preservar as sementes em todas as culturas e a proclamação do Evangelho é um anúncio de uma “nova vida” transformada pelo encontro com uma nova pessoa, Jesus de Nazaré.
Na defesa dos direitos, as populações da Amazónia e os descendentes afro-americanos muitas vezes entram em conflito com o modelo de desenvolvimento predominante. Mas o homem não tem o direito de eliminar os ecossistemas agitando a bandeira do progresso, no aumento das fazendas e das monoculturas.
Um especialista em espiritualidade indígena e pastoral agradeceu aos missionários terem unido o Evangelho ao conhecimento das culturas indígenas.
A evangelização e a inculturação estiveram no centro da conferência de imprensa do Sínodo para a região Pan-Amazónica.
Uma líder das comunidades Kichwa de Sarayaku incentivou a uma aliança entre os indígenas, que são perseguidos e até assassinados, com a Igreja.

O «Pacto das Catacumbas» 
Em 1965, antes do encerramento do Vaticano II, um grupo de bispos assinou um documento histórico, defendendo uma Igreja ao serviço dos mais pobres.
 No dia 20 passado, outubro 2019, simbolicamente, nas Catacumbas de Domitila, dezenas de bispos que participam no Sínodo, assinaram o ‘Pacto das Catacumbas’, com 15 compromissos em defesa dos indígenas e do ambiente.
Propostas: maior participação dos leigos nas estruturas de decisão diocesanas, a promoção do diálogo inter-religioso e ecuménico, o reconhecimento de “ministérios eclesiais já existentes”, em agentes pastorais, catequistas indígenas e ministros da Palavra.
Abordam a “ordenação de ministros” e o reconhecimento da “diaconia” das mulheres, assumindo papel de liderança na Amazónia.
O texto do ‘Pacto’ foi lido e assinado por vários dos padres sinodais, que manifestam a “alegria de viver entre numerosos povos indígenas, nas suas comunidades ou na periferia das cidades” amazónicas.
O documento exprime “urgência” perante a destruição do território e as violações dos direitos, apelando a enfrentar os desafios das alterações climáticas.
Para defesa do meio ambiente propõem: “assumir, frente ao consumismo, um estilo de vida sóbrio, simples e solidário com quem tem pouco ou nada”




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