Sínodo Amazónia: Cuidado da criação em defesa da vida Por P. Armando Soares
AMAZÓNIA
Sínodo Amazónia: Cuidado da criação em
defesa da vida
27 Outubro, 2019
JM-174
in JM online
D.R. |
Visão cristã da ecologia
Foi lançado em 24
outubro 2019 o livro “Nostra Madre Terra. Una lettura cristiana della sfida
dell’ambiente”, com textos de documentos do Papa Francisco sobretudo da
‘Laudato Sí’ e com o prefácio do Patriarca Ecuménico Bartolomeu I. Este recorda
as etapas da colaboração com o Santo Padre, principalmente nas mensagens por
ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído em 2015,
que une a Igreja Católica e a Ortodoxa na “preocupação pelo futuro da criação”.
Foram selecionados
trechos que mostram a necessidade da união de “toda a família humana” para
proteger a nossa casa comum. Este é um desafio que o Papa Francisco apresenta
sobre a crise ambiental dos nossos dias, onde poluição, aquecimento global,
mudanças climáticas, perda de biodiversidades são o efeito de uma exploração
incontrolada a exigir medidas imediatas numa mudança de direção. É necessária a
conversão ambiental “através da promoção de uma verdadeira educação ecológica
que crie, principalmente nos jovens, uma conscientização e portanto uma
consciência renovada.”
No escrito inédito que
conclui o livro “Nostra Madre Terra”, Papa Francisco desenvolve o que
poderíamos chamar a “teologia da ecologia”, num discurso profundamente
espiritual.
Em comunhão com a Criação
A criação é fruto do
amor de Deus para com todas as criaturas, e principalmente pelo homem, ao qual
deu o dom da criação, lugar em que “somos convidados a descobrir Sua presença.
Mas isso significa que na sua capacidade de comunhão, é o homem que determina o
destino do universo”, escreve Papa Francisco. A conexão entre homem e criação
está no amor. A exploração dos recursos feita de modo irresponsável para tomar
posse de riquezas e poder, concentrando nas mãos de poucos, cria um
desequilíbrio destinado a destruir o mundo e o próprio homem.
Não basta uma revolução
tecnológica e um compromisso individual, mas é preciso assumir um “autêntico
espírito de comunhão”. Deve-se recomeçar do perdão. Pedir perdão aos pobres,
aos excluídos, antes de tudo, para poder pedir perdão também “à terra, ao mar,
aos animais…”. Para o Papa pedir perdão significa renovar-se profundamente. E o
perdão só é possível no Espírito Santo e sendo ativos, num caminho juntos e
nunca na solidão.
A defesa da vida
O tema da defesa da
vida, de todos os seres e em especial dos “seres humanos” foi um dos pontos
importantes no Sínodo.
A água, fonte de vida,
possui um significado importante na vida de todos os seres vivos. Une a todos
na vida da Pan-Amazónia. O Papa Francisco afirma que a água conecta
ecossistemas, culturas e o desenvolvimento do território (LS 16,91). Da
harmonia relacional entre a água, a natureza, Deus Criador, a família, as
pessoas e todos os bens da criação, depende a harmonia ambiental.
No entanto, esta vida na
Amazónia está ameaçada pela destruição e exploração. As ameaças à vida provêm
de interesses de grupos económicos, e políticos da sociedade atual. Assistimos
a assassinatos de lideranças, a caça e a pesca predatórias, concessões a
madeireiras, hidroelétricas,
hidrovias e ferrovias, narcotráfico, violência contra a mulher, a exploração
sexual infantil, o assassinato de jovens, a violência contra os trabalhadores
rurais entre outros problemas sociais.
A partir do Sínodo a
Igreja busca a vida sobre a morte neste contexto da Amazónia. Somos chamados a
lutar pela vida dos povos originários, pelos jovens, pelos idosos, pelas
crianças, por todos porque Deus é vida e quer a vida. O Sínodo nos estimula a
irmos em busca das pessoas que mais precisam de nós, os pobres e os excluídos
da sociedade.
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