AMAZÓNIA / ordenação de homens casados?
AMAZÓNIA / ordenação de homens casados?
Ordenação de homens
casados e situação dos povos indígenas
Out 14, 2019 - 13:56
O Sínodo especial para a Amazónia entrou na sua segunda
semana de trabalhos com o tema da ordenação sacerdotal de homens casados e a
situação dos povos indígenas como pontos centrais do debate.
D. Carlo Verzeletti,
bispo de Castanhal (Pará – Brasil) lembrou hoje aos jornalistas a falta de um
verdadeiro “cuidado pastoral” na região pan-amazónica, pela falta de clero, uma
situação em que o padre se torna um “distribuidor de Sacramentos”, algumas
vezes no ano.
O missionário
italiano, há 38 anos no Brasil, manifestou o seu apoio à ordenação de homens
casados para o ministério sacerdotal, para que “possam, de facto, acompanhar a
vida do seu povo, a vida das comunidades”.
O primeiro bispo da
Diocese de Castanhal disse que existem “pessoas preparadas, com uma vida
exemplar”, prontas para assumirem plenamente este ministério e não como padres
de “segunda categoria”.
Durante os trabalhos
foi proposta uma assembleia do Sínodo dos Bispos sobre o papel da mulher e os
ministérios não-ordenados na Igreja.
As reuniões
(congregações) gerais desta assembleia especial, que decorrem à porta fechada,
discutiram em vários momentos a possibilidade de ordenação sacerdotal de homens
casados para as regiões mais remotas, não para “encontrar respostas à falta de
vocações, mas para expressar uma Igreja que tenha uma identidade amazónica”.
Vários intervenientes
deixaram, no entanto, alertas para a necessidade de conservar o valor do
celibato.
Segundo o portal de
notícias ‘Vatican News’, “foi observado que muitos cristãos foram acolhidos
pelas culturas indígenas, justamente em razão do seu celibato”.
Esta segunda-feira,
D. José Ángel Divassón Cilveti, salesiano, antigo vigário-apostólico de Puerto
Ayacucho (Venezuela), falou à imprensa da importância do “diálogo
intercultural”, de conhecer a “vida, os sentimentos” dos povos indígenas.
O religioso destacou
a experiência de “partilhar a vida das comunidades” Yanomami, na Venezuela e
Brasil, com apostas nas áreas da Educação, Saúde e projetos autossustentáveis.
“Não podemos chegar
como colonizadores, para impor coisas”, precisou.
A conferência de
imprensa contou com a presença de uma das convidadas especiais do Sínodo,
Josianne Gauthier, secretária-geral da CIDSE-Aliança Internacional das Agências
de Desenvolvimento pela Justiça Global, a qual destacou a importância de criar
“pressão política” a partir das mensagens que os povos da Amazónia, “vítimas de
uma trágica exploração”, levaram a Roma.
José Mirabal, presidente do Congresso das Organizações
Indígenas Amazónicas (COICA), indígena kurripako (Venezuela), considerou, por
sua vez, que o Papa é a única voz “que chama para um despertar do planeta”.
O convidado especial
defendeu “o fim da invasão violenta e sem consulta prévia”, nos territórios
indígenas, por parte de “grandes projetos que vêm do mundo civilizado”, desde
as centrais hidroelétricas aos projetos agrícolas e de criação de gado.
“Convido os meios de
comunicação a destacar o chamamento para salvar o planeta. Pedimos ao Papa que
nos ajude a falar com os novos deuses dos países civilizados, que são o Google,
el o FMI e os governos da Amazónia”, acrescentou José Mirabal, para quem
“nenhum país escapa” à violência contra os indígenas.
Os presentes ouviram
uma questão sobre a presença, no Vaticano, do vice-presidente do Brasil,
Hamilton Mourão, que acompanhou a canonização de Santa Dulce Lopes Pontes, a
Irmã Dulce.
“Igreja e governo,
dentro da região amazónica, têm interesses comuns e ligados especialmente ao
desenvolvimento sustentável, ao apoio espiritual àquela população”, referiu o
governante, em declarações ao
‘Vatican News’.
D. Carlo Verzeletti,
bispo de Castanhal, recordou à imprensa que “a Igreja sempre afirmou que o
Brasil tem a soberania sobre a sua Amazónia”.
Paolo Ruffini,
prefeito do Dicastério para a Comunicação, confirmou que o número dois do
governo do Brasil se reuniu hoje com os responsáveis pela diplomacia da Santa
Sé, mas sustentou que “não há qualquer ligação entre este encontro e o Sínodo”.
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