MISSIONÁRIOS: não esquecer quem “jogou a vida” pelos outros
MISSIONÁRIOS: não esquecer quem “jogou a vida”
pelos outros
22 Outubro, 2019 JM-169
CERNACHE DO BONJARDIM (Sertã). Estátua a Dom António Barroso inaugurada em 20/10/2019 Foto: Ecclesia |
O desafio da missão
O Ano Missionário 2018/2019 foi encerrado ontem, em Fátima, com
presença das dioceses do país. Presidiu à Eucaristia D. Manuel Clemente: “O
desafio cultural da missão é hoje grande, exigindo mais capacidade de escuta e
mais disponibilidade dialogante: “ouvindo o que nos dizem e dizendo o que nos cumpre”,
disse na homilia.
O cardeal-patriarca de Lisboa referiu a grande aglomeração de
pessoas e etnias” nos ambientes urbanos, sem “reconhecimento e comunicação
interpessoal autêntica. Por vezes o ‘sair de casa’, em sentido missionário,
pode significar virar a esquina e entrar num mundo bem diferente ali ao lado,
sustentou. Para a ‘missio
ad gentes’, ficando ou partindo, regressando ou voltando a partir, o campo é
sempre o mundo inteiro.
Afirmou também que “oração e missão andam
a par”, “não vai uma sem a outra”, “a fé confirma-se na missão e a missão
confirma a fé”, sublinhou.
“Agradeçamos a Deus tanta generosidade
nos missionários – sacerdotes, consagrados e leigos”, concluiu D. Manuel
Clemente.
O Ano Missionário em Portugal foi proposto pela CEP, em maio de
2018, depois de o Papa Francisco ter convocado um “mês missionário
extraordinário” para outubro de 2019, por ocasião do centenário da Carta
Apostólica ‘Maximum Illud’, de Bento XV.
Homenagem à missionação portuguesa
Na inauguração da estátua de D. António Barroso, em Cernache do
Bonjardim (Sertã), ontem (20/10), D. Manuel Linda, bispo do Porto, afirmou:
“Este monumento traz-nos à memória a história tensa entre libertação, salvação
e inculturação”.
Referiu que os missionários são os “maiores fomentadores da
verdadeira cultura da globalização”, e os construtores do “homem novo”, a
“exemplo de Jesus Cristo”. “É preciso resgatar do esquecimento todas estas
dimensões, dar voz a quantos, por estas razões, sofreram a solidão, a doença, o
martírio e a própria morte”, afirmou.
Para D. Manuel Linda, o monumento a D. António Barroso deve
constituir um desafio á Igreja e à sociedade civil e política, resgatando a
“amnésia” em relação ao trabalho missionário, nomeadamente do voluntariado: “… a exemplo do que acontece em
muitos países civilizados do mundo, que as centenas de leigos e religiosos que
todos os anos partem para a missão não sejam prejudicados nos seus direitos
sociais, mas obtenham o justo reconhecimento”, salientou.
D. António Barroso, natural de Remelhe, nasceu no dia 5 de
novembro de 1854 e morreu no dia 31 de agosto de 1918, no Porto, com 63 anos
Foi aluno do Colégio das Missões Ultramarinas, em Cernache
do Bonjardim. O Colégio foi frequentado por cinco mil homens e desses foram
ordenados 320 padres, cujos nomes ficam inscritos na estátua.
Na estátua de homenagem, em bronze, D. António Barroso
aparece com uma cruz numa mão e uma enxada na outra, símbolo do anúncio do
Evangelho e do trabalho pela promoção e desenvolvimento dos povos. Foi
missionário no Congo, bispo em Moçambique, entre 1891 e 1997, depois bispo de
São Tomé de Meliapor, na Índia, entre 1887 e 1889, e bispo do Porto desde 1889
e até 1918.
70×7
A 21 de outubro de 1979 ia para o ar a primeira emissão do
“70×7”. O Padre António Rego foi um dos fundadores deste programa. Pensou, com
o colega Manuel Vilas Boas, em criar um novo programa religioso de televisão. E
recorda os primeiros anos, em que percorreu o país com câmara às costas e
microfone em punho para “relevar o que a Igreja fazia”.
“O que me lembrei e o que veio de novo foi que o programa passou
a ir à realidade e a entrevistar as pessoas percorrendo todo o país: “visitar
as comunidades, ouvir os jovens e os idosos, gravar experiências diferentes que
havia”, sublinha.
O “70×7” surge poucos anos depois do Concílio Vaticano II, que
se realizou em 1961. Por isso mesmo houve reações positivas, e algumas
críticas.
“O programa era visto em todo o país, e
isso era estimulante. Terá ajudado a abrir horizontes”, disse. Procurávamos
falar da evangelização de uma maneira acessível.
O momento mais marcante, foi o programa dedicado à Cartuxa, em
Évora, emitido em Abril de 1982. Um programa que recebeu um Prémio da
Associação Católica Internacional de Cinema e Televisão.
“Para filmar a Cartuxa, temos de estar muito calados, não
necessário que os irmãos falem muito, é preciso que saibamos fazer silêncio e
quase nos tornarmos um pouco monges e captar aquilo que parece que não é
captável em televisão, que é a experiência do silêncio”, conclui.
Missão “diálogo entre religiões”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recorda o
programa “70×7” como uma ponte de diálogo entre religiões. “Dentro do espírito
de abertura ecuménica, a liberdade religiosa, de diálogo entre religiões,
confissões e Igrejas passou a ser uma ponte para essas confissões, para essas
comunidades e Igrejas, não deixando de ser a voz dos católicos, ou se
quisermos, de forma mais geral, dos cristãos, num país aberto e ecuménico”,
afirmou o Presidente da República numa mensagem enviada à Agência Ecclesia,
recordando ainda os tempos em que foi colaborador do programa com uma pequenina
crónica semanal.
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