MISSÃO COMUNHÃO fonte da missão

Toda a Igreja é missionária, e se não o for, não é Igreja. Gostamos de o ouvir.  Mas por vezes não assimilamos nem a força das palavras nem a força do compromisso que sobre nós impende.
O mês de Outubro, com a celebração do Dia Mundial das Missões 1, oferece às comunidades diocesanas e paroquiais, aos Institutos de Vida Consagrada, aos Movimentos Eclesiais e a todo o Povo de Deus uma ocasião para renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e atribuir às actividades pastorais uma ampla conotação missionária.

Este evento anual convida-nos a viver com intensidade os caminhos litúrgicos, catequéticos, caritativos e culturais, mediante os quais Jesus Cristo nos convoca à ceia de sua Palavra e da Eucaristia para saborearmos o dom de sua Presença, nos formarmos na sua escola e vivermos com mais consciência unidos a Ele, Mestre e Senhor.
Foi Ele mesmo que nos disse: Quem me ama será amado por meu Pai, e eu amá-lo-ei e me hei-de manifestar a ele (Jo 14,21).
Só depois deste encontro com Ele poderemos viver em comunhão com Ele e nEle encontrarmos os nossos irmãos dando-lhes um testemunho credível da nossa fé e da nossa esperança. Só assim podemos ser homens novos num mundo novo. À medida que Jesus exige de nós.

Em Outubro terminam as férias de Verão e retomam-se as actividades lectivas e eclesiais convidando-nos a Igreja à oração e meditação do Rosário, a vivência de Maria no mistérior redentor e salvífico de Maria.
O pedido dos Helenos, em Jerusalém, na peregrinação pascal, ao apóstolo Filipe: "Queremos ver Jesus" (Jo 12, 21), podemos ouvi-lo neste nosso tempo de caos e abismo, em que o homem tenta viver, sufocado por coisas materiais em demasia ou desesperado sem aquelas coisas que lhes seriam úteis e necessárias. A lei da equidade dos bens terrenos que são de todos os homens, é tão desigual que provoca um abismo entre uns e outros. Uns com a gamela cheia, outros morrendo à míngua famintos, embora ouvindo palavras bonitas de reconforto, que não enchem os estômagos vazios.

Numa sociedade em que cada ser humano vale cada vez menos para o outro, e em que não se respeita a dignidade da vida humana nem do alheio, onde reinam a indiferença e a solidão, os cristãos  devem testemunhar que este mundo é a casa de todos ainda que tenda passageira, e empenhar-se a fazer do nosso planeta a casa da fraternidade.

Num mundo que rejeita Deus, falemos de Deus.
Num mundo que avilta a religião, oremos sem medo.
Num mundo avesso à moral, sejamos fiéis aos princípios da moral.
Num mundo que vive para o nada, mostremos que alguém nos espera e nos chama.
Num mundo que procura o prazer, mostremos que a vontade de Deus e o respeito pelas leis da Natureza, dão muito mais prazer e felicidade.
Num mundo conspurcado com  uniões de facto creditadas por leis, ousemos pregar o verdadeiro casamento natural de um homem com uma mulher.
Num mundo que diz mata, rouba, arruma com ele, digamos amor e respeito.

É certo que neste mundo nem tudo é mau.
Há gente que reza.
Há gente que ama.
Há gente se dedica aos outros com toda a sua capacidade.
Há gente se preocupa veradeiramente por ajudar os necessitados.
Há gente que dá tudo para que os outros sejam felizes.
Há gente transmite a alegria de Deus.
Há gente transmite com um rosto sereno, o rosto amigo do Pai.
Há gente que transporta carradas de esperança, aos desesperados.
Há gente que anuncia o Evangelho como ele é.
Há gente que cumpre a mensagem de Jesus, pondo de lado aquilo que escreve para ser agradável a certos intelectuais, de cariz agnóstico ou ateu ou nada.

Só em Cristo encontramos o sentido da nossa vida. Somente Ele é "o caminho, a verdade e a vida".
Somos enviados a este para anunciar o Evangelho de Jesus. De maneira credível. Sentindo o estímulo da comunidade. Numa cooperação efectiva. Enviados a todas as culturas, raças, povos e pessoas. Com padres, leigos, catequistas, por toda a vida, voluntários por alguns anos.
E nunca esqueçamos que "o Evangelho é fermento de liberdade e progresso, fonte de fraternidade, humildade e paz (cf. Ad Gentes, 8). A Igreja "é em Cristo como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano" (LG, 1).
Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis escrevi: "Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar Nele (nº 84). Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: «Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária» (ibid.), capaz de levar todos à comunhão com Deus, anunciando com convicção: o que vimos e ouvimos, nós agora o anunciamos a vocês, para que estejam em comunhão connosco (1Jo 1,3).

Os missionários que, se dedicam a tempo pleno em anunciar e testemunhar o Evangelho, façam-no com Maria que disse o seu "sim" a Deus como resposta profundamente generosa. Tal resposta tornará todos os fiéis capazes de serem alegres na esperança (Rm 12,12) ao realizarem o projecto de Deus, que deseja a congregação de todo o género humano no único povo de Deus,  a sua união no único corpo de Cristo, a sua edificação no único templo do Espírito Santo (AG, 7).
(p. 909; CE 5116)

1. Vaticano, 6 de Fevereiro 2010

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