EAU/comentário Santa Sé na Onu: o diálogo inter-religioso e a paz
EAU/comentário
Santa Sé na Onu: o
diálogo inter-religioso e a paz
A
declaração assinada na segunda-feira (04/02) pelo Papa e pelo Grão Imame de Al
Azhar esteve no centro do discurso do observador permanente da Santa Sé na Onu,
Dom Bernardito Auza, no encontro sobre o tema "O diálogo inter-religioso
de Nova York: construir a coesão social e comunidades inclusivas"
Cidade
do Vaticano
Os
ensinos religiosos autênticos contribuem para a paz, a verdadeira liberdade,
para combater o terrorismo, garantir o acesso à instrução e trabalho sobretudo
para as mulheres, para proteger crianças, anciãos e os mais fracos.
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Esses
foram alguns dos temas do “Documento sobre
a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum” –
assinado durante a viagem apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes –
evocados esta terça-feira (05/02) em Nova York pelo observador permanente da
Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Bernardito Auza, em seu discurso no encontro
centralizado no tema propriamente do diálogo inter-religioso: um modo para
celebrar a oitava edição da Semana da harmonia inter-religiosa da Onu.
O
representante vaticano levou uma cópia do Documento para todos os participantes
do encontro. Em seu pronunciamento, o arcebispo filipino retomou também as palavras do Papa
Francisco por ocasião da assinatura da declaração.
Canais
de fraternidade
“O
diálogo inter-religioso é uma condição necessária para a paz no mundo”,
essencial para assegurar o verdadeiro progresso humano. Foi também ressaltado
que se profana o nome de Deus toda vez que o mesmo é usado para justificar
a violência. “A verdadeira piedade religiosa implica sempre amar Deus e o
próximo.” Para construir comunidades inclusivas é central que os religiosos e
as pessoas de fé sejam canais de fraternidade.
E o
Papa Francisco “ama falar do diálogo inter-religioso” como um “caminhar
juntos”, em que as pessoas de diferentes religiões e culturas começam um
diálogo de vida, partilhando alegrias e dores, ressaltou ainda Dom Auza.
Conhecer
os outros
Outro
aspecto evidenciado pelo Papa – continuou o núncio apostólico – é o da “coragem
da alteridade”, com a defesa da humanidade e dos direitos do outro, incluída a
liberdade religiosa, do contrário, não pode existir verdadeiro diálogo. É
preciso conhecer a história e a cultura dos outros e as muitas dificuldades
derivam propriamente de falsas compreensões daquilo em que os outros não creem.
“O
verdadeiro diálogo pressupõe que cada um deseje conhecer-se e deseje crescer e
aprofundar o conhecimento recíproco”, ressaltou. Ademais, o diálogo requer um
profundo sentido de justiça fraterna. Uma autêntica fraternidade, favorecida
por uma autêntica harmonia inter-religiosa, pode ajudar-nos a manter o
desenvolvimento integral e coeso.
As
consequências do diálogo inter-religioso
Em
seguida, Dom Auza passou em resenha as consequências positivas deste tipo de
diálogo inter-religioso. Em primeiro lugar, mostra a toda a sociedade como
lidar com as questões mais importantes e como trabalhar respeitosamente, numa
época de grande polarização e fragmentação social.
Em
segundo lugar, leva a trabalhar juntos em projetos de ajuda aos pobres, a
educar os órfãos e assim por diante. Em terceiro lugar, “num mundo em que
alguns buscam banir Deus dos espaços públicos”, a colaboração entre fieis ajuda
a “assegurar que o nome de Deus não seja esquecido e que o amor de Deus
sobretudo pelos mais necessitados jamais se esfrie nos corações humanos”.
A
terceira consequência evidenciada pelo observador permanente da Santa Sé na Onu
é que este tipo de diálogo inter-religioso torna possível um testemunho
concertado contra a violência de matriz religiosa e “oferece um meio para
limpar os pântanos em que tal extremismo se reproduz”.
Portanto,
não somente ajuda a superar a falta de compreensão recíproca, que pode levar a
tratar os outros como inimigos ao invés de irmãos, mas pode também fazer de
modo que os valores religiosos, que se transmitem de geração em geração, sejam
os que promovem a harmonia e não o ódio.
Por
fim, o diálogo inter-religioso exalta o testemunho de toda religião sobre a
importância da dimensão transcendente da vida humana. Concluindo, Dom Auza fez
votos de que esta conversação se torne um passo na direção de comunidades
coesas, de modo que se favoreça o verdadeiro desenvolvimento e a paz.
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