VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: mulheres e crianças Por P. Armando Soares
Violência doméstica: mulheres
e crianças
24 Fevereiro,
2019
O ano 2019, quando estavam decorridos apenas 49 dias, já contava
11 vítimas de crimes por assassinato, relacionados com a violência doméstica
(10 mulheres e uma criança de dois anos). Não há dúvida que é um número
assustador.
No ano passado foram assassinadas 28 mulheres e entre 2004 e o
final de 2018 um total de 503 mulheres foram mortas por motivos de violência
doméstica ou de género. 58% dos jovens que namoraram ou namoram, dizem que
houve violência durante o namoro. A Casa de Abrigo de Pombal, no distrito de
Leiria, recebeu entre 2001 e 2018 1.007 mães e filhos vítimas de violência
doméstica. O Gabinete de Apoio e Informação à Vítima (GAIV) da PSP Porto
atendeu nos últimos seis anos 7.400 vítimas.
Na União Europeia, uma em cada três mulheres experimentou
violência física e/ou sexual desde os seus 15 anos, segundo dados da European
Union Agency for Fundamental Rights, 2014
Num estudo com 14.000 crianças dos Estados Unidos, 40% não têm
fortes vínculos emocionais, com os pais. Destes, 25% evitam seus pais quando
eles estão chateados (porque seus pais estão ignorando as suas necessidades),
ou quando brigam diante deles, com palavras ou atos físicos, e acabam por
‘resistir’ aos seus pais.
Papa Francisco denuncia violência
doméstica
‘A não-violência: estilo de uma política
para a paz’, foi tema do 50° Dia Mundial da Paz.
“Se a origem donde brota a violência é o
coração humano, então é fundamental começar por percorrer a senda da
não-violência dentro da família”, escreve o Papa Francisco.
A mensagem sublinhou que é na família que se aprende que os
conflitos devem ser superados, “não pela força, mas com o diálogo, o respeito,
a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão”.
O Papa propõe uma ética de “fraternidade e coexistência
pacífica” entre as pessoas e entre os povos, que abandone a “lógica do medo”,
olhando com maior atenção para os indivíduos e os grupos sociais que são
“tratados com indiferença, que são vítimas de injustiça e sofrem violência”.
Pede frequentemente para rezarmos pelo
acolhimento generoso das vítimas da prostituição forçada e da violência, e foi
este o tema do ‘vídeo do Papa’ na intenção de oração para este mês de
fevereiro.
Proteger a dignidade de
mulheres e crianças
No Documento – denso, histórico e
importante – assinado em 4 de fevereiro deste mês, em Abu Dhabi (EAU), pelo
Papa Francisco e pelo Grande Imã de Al-Azharl Ahmad Al Tayyib, está expresso um
caminho para proteger os direitos das mulheres e das crianças.
Declara-se a necessidade de proteger a mulher “da exploração
sexual” e de não a tratar como uma mercadoria, meio de prazer ou ganho
económico”. Por isso, se pede que se “interrompam todas as práticas desumanas
que humilham a dignidade da mulher”.
E sobre as crianças: «É preciso condenar toda prática que viola
a dignidade das crianças ou os seus direitos. É também importante vigiar
contra os perigos aos quais são expostas,… e considerar como crime o tráfico de
sua inocência e toda violação de sua infância».
As crianças podem ser consideradas vítimas de violência
doméstica: ao presenciar ou ouvir os abusos infligidos sobre a vítima, ver os
sinais físicos depois de episódios de violência ou testemunhar as consequências
desta violência na pessoa abusada, ou um pai ou mãe agressor a utilizar os
filhos como uma forma de abuso e controlo, ou, as próprias crianças serem
física e/ou emocionalmente abusadas pelo agressor (ou mesmo, pela própria
vítima).
A violência doméstica é crime
Em vigor desde 1 de agosto de 2014, a Convenção de Istambul
estabeleceu medidas legais que criminalizam diversas formas de violência contra
as mulheres.
A auscultação dos agentes de terreno de combate a este tipo de
violência permitiu verificar que, em 2015, as valências (que participaram no
estudo) atenderam, em média, 88 mulheres, 10 homens e 27 crianças. Na sua
maioria vítimas de violência por parte do cônjuge/companheiro. O apoio prestado
passa por apoio social e apoio psicológico, apoio na procura de habitação,
asseguram pelo menos uma estrutura de atendimento, apoio na inserção no mercado
de emprego e apoio jurídico.
Os pedidos de ajuda chegam em grande parte em situações de
crise, por sentimento de medo pela própria vida e segurança pessoal,
agravamento da violência e o medo sentido pela segurança de filhos ou
familiares.
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