ABUSOS SEXUAIS/vtperdão Papa presidiu a celebração penitencial para pedir perdão
ABUSOS SEXUAIS/vtperdão
Papa presidiu a celebração penitencial para pedir perdão
Fev 23, 2019 - 17:47
Participantes ouviram vítima de abusos falar de um «fantasma» que
acompanha toda a vida
Foto: EPA/Pool |
O Papa presidiu hoje no
Vaticano a uma Celebração Penitencial, com o objetivo de pedir “perdão” pelos
casos de abusos sexuais na Igreja Católica.
Francisco começou por rezar para que Deus ajude todos a ter “a coragem de
dizer a verdade” e a sabedoria para reconhecer onde “pecaram”, com “arrependimento
sincero”.
Mais tarde, comentou a passagem do Evangelho que foi lida na sala régia do
Palácio Apostólico, a Parábola do Filho Pródigo, ou, como lhe chamou, do “Pai
Misericordioso”, a qual mostra que “Deus dá esperança para o futuro”.
“Durante três dias falamos e ouvimos as vozes de vítimas, que sobreviveram
a crimes que sofreram na nossa Igreja, como menores e jovens. Interrogamo-nos,
longamente, sobre como é que podemos agir, responsavelmente, que passos devemos
tomar, agora”, referiu aos 190 participantes na cimeira sobre a proteção de
menores, que reuniu presidentes das conferências episcopais e superiores
religiosos.
O Papa sustentou que é necessário tomar consciência dos erros cometidos
nestes casos.
Para
poder entrar no futuro com coragem renovada, temos de dizer como o filho
pródigo: Pai, pequei. Temos necessidade de examinar, onde for necessário, ações
concretas para as Igrejas locais, para os membros das conferências episcopais,
para nós mesmos. Isso exige que olhemos sinceramente à situação que se criou
nos nossos países e pelas nossas próprias ações”.
A cerimónia contou com uma o testemunho de uma vítima que, de viva voz,
comparou os abusos a “um fantasma que os outros não podem ver”, mas que o
acompanha durante toda a vida
Foto: EPA/Pool |
“O que dói mais é a certeza de que ninguém te compreenderá”, declarou,
assinalando que deixou de ser ele próprio e ficou “completamente sozinho” com o
passar do tempo.
O jovem chileno, a viver no Kuwait, emocionou-se durante a leitura do seu
depoimento, antes de dizer: “Se me rendesse agora, ou parasse, deixaria que
esta injustiça interferisse na minha vida”.
Em seguida, executou uma peça musical, ao violino.
A homilia foi proferida por D. Philip Naameh, arcebispo de Tamale,
presidente da Conferência Episcopal do Gana, o qual criticou o “silêncio” e o
medo de enfrentar os conflitos perante casos que mostraram o “lado obscuro” da
Igreja Católica, apontando à necessidade de “reconquistar a confiança” das
pessoas.
No final da celebração, foi proposto aos participantes um exame de
consciência sobre a forma como abordaram os casos de abusos.
O dia de hoje contou com uma manifestação de ativistas e vítimas de abusos
sexuais do clero, reunidos no centro de Roma para exigir “tolerância zero” para
estes crimes ou o encobrimento destes por sacerdotes e outros responsáveis
católicos.
A inédita cimeira convocada pelo Papa contou com testemunhos
de vítimas, relatórios e reflexões de bispos e religiosas dos cinco
continentes, bem como de uma vaticanista mexicana, sobre a comunicação nestes
casos.
O encontro encarra-se este domingo, pelas 09h30 (08h30 em Lisboa) na sala
régia do Palácio Apostólico do Vaticano, com a celebração da Eucaristia e o
discurso do Papa Francisco.
OC. OC|Ecclesia
(A reportagem em Roma no Encontro sobre Proteção de Menores na Igreja é
realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis,
Rádio Renascença, SIC e Voz da Verdade.)
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