ENFERMEIROS/greve Enfermeiros dizem que há cirurgias marcadas à pressa e adiadas por ordem superior
Enfermeiros dizem que há cirurgias marcadas à
pressa e adiadas por ordem superior22 DE FEVEREIRO DE
2019 - 07:44 TSF
Sindicato Democrático dos
Enfermeiros de Portugal acusa o Ministério da Saúde de manipular dados e greve distorcer informação. Enfermeiros já enviaram novo requerimento ao Supremo
Tribunal Administrativo.
Foto: Pedro Granadeiro / Global Imagens |
Maria Miguel Cabo
Na ação enviada ao Supremo Tribunal Administrativo (STA), para contestar a intimação apresentada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), o Governo alega que os serviços mínimos foram desrespeitados em cerca de 450 cirurgias durante a greve dos enfermeiros nos blocos operatórios.
Em resposta aos números e
argumentos do executivo, o Sindepor enviou novo requerimento ao STA, em que
acusa o Ministério da Saúde de manipular dados e distorcer informação.
No documento, a que a TSF teve
acesso, o sindicato garante que, em muitos casos, houve cirurgias marcadas à
pressa que acabaram adiadas de forma propositada por ordem superior, sem
qualquer ligação à greve dos enfermeiros e ao alegado incumprimento dos
serviços mínimos.
Um dos exemplos registou-se no Bloco Operatório de
Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de São João, no Porto, com doentes
considerados clinicamente normais e em lista de espera desde agosto, a serem
considerados muito prioritários, por ordem do Diretor de Serviço.
Noutros casos, o Sindepor garante
que as cirurgias não aconteceram porque foram desmarcadas pelos médicos no
próprio dia, apesar de a equipa de enfermagem estar disponível, por falta de
comunicação entre os cirurgiões ou até porque os doentes não estavam em jejum.
Além disso, há exemplos de cirurgias prioritárias escaldas para salas que não
estavam a funcionar.
No requerimento que pretende
invalidar a requisição civil decretada pelo Conselho de Ministros e pelo
Ministério da Saúde, o Sindepor acusa ainda o Ministério da Saúde de omitir
informação aos diretores hospitalares, o que condicionou a forma como foram
preenchidas as tabelas que deram origem aos relatórios de incumprimento dos serviços
mínimos.
Decretada a 7 de fevereiro, a
requisição civil na greve dos enfermeiros tem por base o alegado incumprimento
dos serviços mínimos.
A greve cirúrgica foi convocada
pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindepor em
dez centros hospitalares, até 28 de fevereiro, depois de uma paralisação
idêntica de 45 dias no final de 2018.
As duas greves foram convocadas
após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos numa plataforma
online para financiar as paralisações, conseguindo um total de 740 mil euros.
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