CATOLICISMO/Europa Escolas Católicas debateram soluções para a construção de um projeto «ajustado aos desafios do século XXI»
CATOLICISMO/Europa
Escolas Católicas debateram soluções para a
construção de um projeto «ajustado aos desafios do século XXI»
Mar 18, 2019 - 12:15 Ecclesia
Secularização, globalização, diálogo inter-religioso e
multiculturalidade foram temas em cima da mesa num colóquio internacional em
Bruxelas
Cerca de 150 responsáveis de Escolas Católicas na
Europa, incluindo em Portugal, debateram em Bruxelas os desafios do setor, com
particular incidência no crescente afastamento da sociedade face à religião.
Em
declarações enviadas hoje à Agência ECCLESIA, o presidente da Associação
Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) mostrou-se convicto de que, apesar das
dificuldades, “uma vez mais, neste como em outros momentos que o antecederam, a
Escola Católica será capaz de afirmar” a sua proposta.
“O
que é absolutamente imprescindível é não perdermos nunca aquilo que é essencial
na nossa identidade”, frisa Fernando Magalhães.
Num
colóquio promovido pelo Comité Europeu para o Ensino Católico, entre 15 e 18 de
março, em Bruxelas, na Bélgica, os responsáveis das Escolas Católicas
procuraram saber de que forma é que este tipo de ensino pode continuar a ser
relevante numa Europa que está a perder a sua matriz cristã.
Os
participantes nesta iniciativa abordaram também as transformações provocadas
pelos mais recentes fluxos migratórios, particularmente pela crise de
refugiados.
Estes
fenómenos sociais têm colocado igualmente questões às Escolas Católicas, em
termos da convivência com outras religiões e culturas.
Para
o sociólogo Jean de Munck, professor na Universidade de Louvain, na Belgica, as
Escolas Católicas são chamadas em primeiro lugar a construir um projeto
“ajustado aos desafios do século XXI”, que consiga responder à “secularização e
à globalização” com “dados válidos”.
Aquele
responsável considerou ainda essencial “desconstruir duas mitologias que
persistem” no tempo atual: “a de associar a religião à violência e a que
consiste na interpretação da secularização como uma privatização do religioso”.
Sobre
os desafios das múltiplas religiões e culturas que compõem hoje a Europa, Jean
de Munck apontou para a importância de “fomentar” uma verdadeira “cultura de
diálogo”, que consiga ir “para lá de uma ideia de tolerância” e seja “fundada
no respeito mútuo e numa busca comum da verdade”.
E
aqui recordou que “a interculturalidade é uma componente da tradição europeia
cristã”.
O
presidente da APEC também abordou esta questão, no contexto da realidade
portuguesa.
Para
Fernando Magalhães, a promoção do diálogo com outras religiões e culturais é
algo intrínseco ao povo português e por isso as Escolas Católicas saberão
adaptar-se e responder a essas interpelações.
“Somos
uma cultura universal, aberta, dialogante, habituada a cruzar outras fronteiras
e isso concorre para nós numa capacidade única de estabelecer essas pontes, de
fazermos, enraizados na nossa própria cultura, aquilo que o Papa tanto
recomenda, que é a gramática do diálogo”, realça o responsável português.
Durante
o colóquio do Comité Europeu para o Ensino Católico, em Bruxelas, o sociólogo
belga Jean de Munck, citado pelo portal Educris, do Secretariado Nacional para a
Educação Cristã, enumerou ainda outros dois pressupostos que devem ser vistos
como essenciais para a sobrevivência das Escolas Católicas neste tempo.
A
aposta numa “cultura de exigência” em todos os campos, “do estudo, do treino da
atenção, do rigor gramatical, da hermenêutica, formal e científica”, tendo como
horizonte “difundir, ensinar e cultivar os valores da verdade, da justiça e da
beleza”.
E a
responsabilidade de “oferecer a cada aluno uma introdução valida e informada da
religião, como fenómeno cultural objetivo e como atitude (inter) subjetiva para
compreender a existência”.
“Trata-se
de realizar uma tarefa numa cultura pós-cristã onde não se espera nem se dá um
papel relevante à religião. Não se trata, por isto, de retificar ou de
modernizar os conteúdos religiosos tradicionais, mas de introduzir a questão
religiosa num mundo que a ignora”, completou Jean de Munck.
O
Comité Europeu para o Ensino Católico representa atualmente 35 mil escolas
frequentadas por cerca de 8 milhões de estudantes em toda a Europa.
Em
Bruxelas esteve também em representação de Portugal o professor Fernando Moita,
coordenador nacional da Escola Católica no Secretariado Nacional da Educação
Cristã.
JCP
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