Francisco/6.º aniversário Um Papa em busca de respostas radicais para problemas sociais e da Igreja
Francisco/6.º aniversário
Um Papa em busca
de respostas radicais para problemas sociais e da Igreja
Mar 12, 2019 - 12:37
Vaticano destaca ano marcado
pelo «flagelo dos abusos» e ataques internos
O Papa Francisco assinala esta quarta-feira o sexto
aniversário da sua eleição pontifícia, um momento visto como de viragem, em
busca de respostas para os problemas sociais e da Igreja que foram
identificados desde 2013.
Andrea Tornielli,
diretor editorial da Secretaria para a Comunicação do Vaticano, assinala, numa
nota divulgada pela Santa Sé, que os últimos 12 meses, em particular, ficaram
marcados “pelo flagelo dos abusos e pelo sofrimento de alguns ataques internos”,
protagonizados inclusivamente por cardeais.
“Um olhar ao ano que
acaba de passar não pode ignorar o ressurgimento do escândalo dos abusos e das
divisões internas que levaram o ex-núncio Carlo Maria Viganò, em agosto de
2018, precisamente quando Francisco celebrava a Eucaristia com milhares de
famílias em Dublin, repropondo a beleza e o valor do matrimónio cristão, a
pedir publicamente a renúncia do Papa por causa da gestão do caso McCarrick”,
recorda o jornalista italiano.
O antigo arcebispo de
Washington, acusado de abusos sexuais, viria a deixar o Colégio Cardinalício e
a ser demitido do estado clerical, por “uso impróprio da confissão e violações
do Sexto Mandamento do Decálogo com menores e adultos, com a agravante de abuso
de poder”.
Há menos de um mês, o
Papa convocou uma inédita cimeira mundial, com presidentes de conferências
episcopais e responsáveis de institutos religiosos, sobre a proteção de menores
na Igreja e a crise dos abusos sexuais.
“Para o Papa
Francisco, o fundamental é a conversão dos corações que nasce ao ouvir as
vítimas”, sustenta o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.
Francisco apelou a
uma luta “total” e global perante crise à espera de respostas que superem
resistências e receios dos responsáveis católicos; no final de fevereiro, o
pontífice proibiu o cardeal George Pell, ex-prefeito da Secretaria para a
Economia da Santa Sé, do exercício público do ministério, após este ter sido
condenado em primeira instância por um tribunal australiano da acusação de
abusos sexuais contra menores.
Este é um tema
decisivo para a avaliação do pontificado, sobretudo no que diz respeito à sua
aposta no envolvimento dos episcopados locais em processos efetivos de decisão;
o Papa procura implicar toda a Igreja com a realização sucessiva de Sínodos (o
quarto será já em outubro, sobre a Amazónia) e um olhar global sobre os
desafios da humanidade.
Face ao crescimento
de nacionalismos e populismos, Francisco tem proposto uma Igreja de “portas
abertas”, que compara a um “hospital de campanha”, principalmente preocupada
com as periferias sociais, económicas e existenciais.
O primeiro Papa
sul-americano tem deixado gestos simbólicos como as viagens a Lampedusa e
Lesbos, a abertura da Porta Santa do Jubileu da Misericórdia em Bangui
(República Centro-Africana), as passagens por prisões e campos de refugiados, a
Missa junto à fronteira México-EUA, a aproximação a China com o acordo assinado
em 2018 ou a primeira viagem de um pontífice à Península Arábica.
Aos católicos,
Francisco tem recordado convicção de que Deus ama todos, sem distinção,
propondo uma “revolução da ternura”, na certeza de que a divisão não supera
qualquer dificuldade.
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