MARROCOS/comcatólicos Papa rejeita discursos de «supremacia étnica, religiosa e económica», em encontro com responsáveis católicos
MARROCOS/comcatólicos
Papa rejeita
discursos de «supremacia étnica, religiosa e económica», em encontro com
responsáveis católicos
Mar 31, 2019 - 11:19
Francisco saudou padre Jean-Pierre
Schumacher, sobrevivente da comunidade de Tibhirine, massacrada na Argélia em
199
Foto: Lusa |
Rabat, 31 mar 2019 (Ecclesia) – O Papa
encontrou-se hoje com os sacerdotes e religiosas que acompanham os católicos em
Marrocos, país com 99% de muçulmanos, e disse que a sua ação não se mede por
números, mas pela capacidade de diálogo, rejeitando qualquer manipulação das
diferenças.
“Não com a violência, não com o ódio, nem
com a supremacia étnica, religiosa e económica, mas com a força da compaixão
espargida para todos os homens na Cruz. Esta é a experiência vivida pela maior
parte de vós”, declarou, na Catedral de Rabat, no segundo dia da sua viagem ao
país do norte de África.
Perante membros do clero e dos institutos
religiosos presentes nas duas dioceses marroquinas, o Papa cumprimentou e
beijou a mão, em sinal de respeito, ao religioso mais idoso presente em
Marrocos, o padre Jean-Pierre Schumacher, de 95 anos, um dos sobreviventes da
comunidade de Tibhirine, na Argélia, onde sete monges trapistas sequestrados e
mortos, em 1996; os religiosos foram beatificados em dezembro de 2018, por
decisão de Francisco.
Na sua intervenção, o pontífice evocou os
“irmãos e irmãs cristãos que escolheram permanecer solidários com um povo até
ao dom da própria vida”.
Assim, desmascarais e conseguis pôr a descoberto todas as tentativas de
usar as diferenças e a ignorância para semear medo, ódio e conflito. Porque
sabemos que o medo e o ódio, alimentados e manipulados, desestabilizam e deixam
espiritualmente indefesas as nossas comunidades”.
O Papa cumprimentou ainda a irmã Ersillia
Mantovani, missionária italiana, de 97 anos de idade.
Francisco comparou a minoria católica a
“um pouco de fermento que a mãe Igreja quer misturar com uma grande quantidade
de farinha, até que toda a massa se levede”.
A Igreja, precisou, quer ser “o fermento
das bem-aventuranças e do amor fraterno”, capaz de “gerar e suscitar mudança,
encanto e compaixão”.
“O problema não está no facto de ser pouco
numerosos, mas de ser insignificantes, tornar-se sal que já não tem o sabor do
Evangelho, este é o problema, ou uma luz que já nada ilumina”, advertiu.
O Papa sublinhou que ser cristão “não é
aderir a uma doutrina, a um templo, ou a um grupo étnico”, mas “um encontro”
com Jesus Cristo.
Francisco citou a figura de São Francisco
de Assis que há 800 anos, “em plena cruzada”, foi ao encontro do sultão egícpio
al-Malik al-Kamil, ou o Beato Carlos de Foucault, missionário do povo tuaregue,
e o seu sonho de ser “irmão universal”.
O diálogo, acrescentou, torna-se “oração”
que “não discrimina, não separa nem marginaliza, mas faz-se eco da vida do
próximo”.
“Que a vossa caridade se faça sempre
ativa, tornando-se assim uma via de comunhão entre os cristãos de todas as
confissões presentes em Marrocos: o ecumenismo da caridade. Possa também ser
uma via de diálogo e colaboração com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos e com todas
as pessoas de boa vontade”, concluiu.
Francisco cumprimentou, no final do
encontro, responsáveis do Conselho Ecuménico de Igrejas Cristãs.
A primeira viagem do Papa Francisco a
Marrocos, iniciada este sábado, encerra-se esta tarde, pelas 14h45, com a
celebração da Missa no Estádio ‘Príncipe Moulay Abdellah’.
Comentários
Enviar um comentário