QUARESMA: Confissão nosso pecado é o lugar do Encontro Por P. Armando Soares
CONVERSAEMFAMÍLIA
QUARESMA: Confissão nosso pecado é o
lugar do Encontro
14 Março,
2019 (JM-91)
Deus faz em nós maravilhas
Dirigindo-se a 50 mil fiéis presentes na Praça São Pedro no
Domingo da Divina Misericórdia – festa instituída por São João Paulo II –, o
Papa Francisco recordou o perdão, afirmando que diante das passagens que
parecem bloqueadas pela vergonha, pela resignação e pelo nosso pecado,
justamente ali “Deus faz maravilhas”, pois Ele adora entrar através das portas
fechadas”, pois para Ele, “nada é intransponível”.
Lembrando a incredulidade de Tomé que disse acreditar somente se
pusesse “o dedo nas marcas dos pregos” e “a mão no seu lado”, o Papa
iniciou dizendo que “temos de agradecer a Tomé, pois a ele não bastou ouvir
dizer dos outros que Jesus estava vivo, e tão pouco de vê-Lo em carne e osso,
mas quis tocar com a mão nas suas chagas, os sinais do seu amor.”
Precisamos de tocar para acreditar
Tomé, o «Dídimo», “é verdadeiramente nosso irmão gêmeo. Pois
também a nós não basta saber que Deus existe”:
“Um Jesus ressuscitado, mas longínquo, não preenche a nossa
vida; não nos atrai um Deus distante. Não. Nós também precisamos de ver e
“tocar com a mão” para acreditar que Ele tenha ressuscitado por nós”.
“Entrar nas suas chagas significa contemplar o amor sem medida
que brota do seu coração. Significa entender que o seu coração bate por
mim, por ti, por cada um de nós. Podemos considerar-nos e chamar-nos cristãos,
e falar sobre muitos belos valores da fé mas, como Tomé, precisamos ver Jesus
tocando o seu amor. Só assim podemos ir ao coração da fé e, como os discípulos,
encontrar uma paz e uma alegria mais fortes que qualquer dúvida”.
Da vergonha ao perdão
Mas, “como saborear este amor, como tocar hoje com
a mão a misericórdia de Jesus?” Logo depois de ressuscitar – explica o Papa – Jesus “dá o
Espírito para perdoar os pecados”:
“Para experimentar o amor, é preciso passar por ali. Eu me
deixo perdoar? Mas, Padre, ir confessar-se parece difícil. Diante de Deus,
somos tentados a fazer como os discípulos no Evangelho: trancarmo-nos por
detrás de portas fechadas. Eles faziam isso por temor e nós também temos medo,
vergonha de abrir-nos e contar os nossos pecados. Que o Senhor nos dê a graça
de compreender a vergonha: de vê-la não como uma porta fechada, mas como o
primeiro passo do encontro”.
Sentir-se envergonhado, reitera Francisco, é um dos motivos para
sermos agradecidos, pois “quer dizer que não aceitamos o mal, e isso é bom”. “
A vergonha é um convite secreto da alma que tem necessidade do Senhor para
vencer o mal. ”
“O drama está quando não se sente vergonha por coisa alguma. Nós
não devemos ter medo de sentir vergonha! E passemos da vergonha ao perdão!”
Cometo sempre os mesmos pecados
Mas diante deste perdão do Senhor, há uma porta fechada: a
resignação. Mesmo sendo cristãos há muito tempo, parece que nada muda, “cometo
sempre os mesmos pecados”, e desalentados, “renunciamos à misericórdia”:
“Entretanto, o Senhor nos interpela: “Não acreditas que a
misericórdia é maior do que a tua miséria? Estás reincidente no pecado? Sê
reincidente em clamar por misericórdia, e veremos quem leva a melhor!”. E
depois – quem conhece o sacramento do perdão o sabe – não é verdade que tudo
permaneça como antes”.
Em cada perdão, recebemos novo alento, somos encorajados, pois
nos sentimos cada vez mais amados, mais abraçados pelo Pai. “E quando,
sentindo-nos amados, caímos mais uma vez, sentimos mais dor do que antes. É uma
dor benéfica, que lentamente nos separa do pecado. Descobrimos então que a
força da vida é receber o perdão de Deus, e seguir em frente, de perdão em
perdão. E assim segue a vida: de vergonha em vergonha, de perdão em perdão. E
esta é a vida cristã”.
O nosso pecado é o lugar do Encontro
“Quando cometo um grande pecado, se eu, com toda a honestidade,
não quero me perdoar, por que o faria Deus?”, pergunta o Papa, que explica:
“Jesus, como nos ensina o Evangelho, adora entrar através “das portas
fechadas”, quando todas as passagens parecem bloqueadas. Aí Deus faz
maravilhas”. “Ele nunca
decide separar-se de nós, somos nós que o deixamos do lado de fora”:
“Quando nos confessamos, descobrimos que precisamente aquele
pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro
com Ele. Ali o Deus ferido de amor vem ao encontro das nossas feridas. E torna
as nossas chagas miseráveis semelhantes às suas chagas gloriosas. Existe uma
transformação: a minha mísera chaga assemelha-se às suas chagas gloriosas. Pois
Ele é misericórdia e faz maravilhas nas nossas misérias. Peçamos a graça de
reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria; de
encontrar na sua misericórdia a nossa esperança”.
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