TERRORISMO/ NovaZel.mesquitas O ataque que fez 49 mortos e 48 feridos na Nova Zelândia


TERRORISMO/ NovaZel.mesquitas
O ataque que fez 49 mortos e 48 feridos na Nova Zelândia
15 DE MARÇO DE 2019 - 07:10
Quatro suspeitos foram detidos, um está a ser acusado por homicídio. Trata-se de um extremista de direita, 28 anos, que escreveu um manifesto anti-imigrantes.

Por Rita Carvalho
Pelo menos 49 pessoas morreram e 48 ficaram feridas no ataque às mesquitas de Linwood Masjid e de Al Noor, perto de Hagley Park,na Nova Zelândia.
Os ataques tiveram início às 13h40 (00h40 em Lisboa). Todas as mesquitas estão, por agora, encerradas.
O comissário de polícia da Nova Zelândia, Mike Bush, adiantou que a polícia desativou uma série de engenhos explosivos improvisados encontrados num veículo após o tiroteio numa das mesquitas, em Christchurch.
polícia neo-zelandesa encontra-se agora na cidade de Dunedin, no sul do país, que diz ser um "local de interesse" para as investigações do atentado terrorista.As autoridades isolaram a área e estão a evacuar as habitações, encaminhando os moradores para alojamento alternativo.


Três homens e uma mulher foram detidos, nenhum deles se encontrava referenciado pelas autoridades. Em conferência de imprensa, o comissário da polícia neozelandesa Mike Bush acrescentou que, entretanto, um dos homens foi acusado de homicídio e vai ser presente a tribunal pelos ataques.
Atacante transmitiu atentado nas redes sociais
O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, revelou que o atirador é um cidadão australiano, descrevendo-o como "um extremista de direita e um terrorista violento"Brenton Tarrant, de 28 anos, reivindicou a responsabilidade pelos disparos e deixou um manifesto anti-imigrantes de 74 páginas, no qual procurou justificar as ações.

O atentado terrorista foi transmitido em direto pelo próprio atirador, nas redes sociais.
O vídeo, cuja autenticidade ainda não foi comprovada, mostra o homem a conduzir até uma mesquita, entrando na mesma e abrindo fogo sobre as pessoas que se encontravam lá dentro. As imagens mostram ainda corpos das vítimas amontoados no chão.
O Facebook, o Instagram, o Twitter e o YouTube já anunciaram que estão a eliminar as publicações feitas pelo atirador.

"A polícia alertou-nos, pouco depois do livestream ter começado, e rapidamente removemos o vídeo das contas de Facebook e Instagram do atirador", esclareceu a empresa. "Também vamos remover [destas redes sociais] qualquer manifestação de apoio ao crime aos atiradores", acrescentou.
O Twitter indicou que tem "processos rigorosos e uma equipa dedicada a gerir situações de emergência" como esta.
Já o YouTube garantiu que está "a trabalhar vigilantemente para remover quaisquer imagens violentas".


O vídeo partilhado nas redes sociais 
mostra atirador a segurar as armas 
utilizadas no ataque
Foto: SOCIAL MEDIA WEBSITE/via REUTERS


Os relatos de quem sobreviveu ao ataque
Na imprensa internacional, surgem relatos de várias testemunhas do ataque terrorista.

Mohan Ibrahim, que escapou ao tiroteio trepando por uma janela da mesquita, relatou à CNN que 
foram "10 a 15 minutos seguidos de tiros".
Outro homem contou, à saída da mesquita, que estava a rezar para que o atirador ficasse em balas.
"Estava a pedir a Deus, por favor, que fizesse com que ele ficasse sem mais balas", disse o homem, que conseguiu esconder-se e escapar.
Famílias incrédulas depois do ataque à mesquita de Al Noor,
em Christchurch, Nova Zelândia
Foto: Martin Hunter/EPA
Entre os sobreviventes estão também a seleção nacional de críquete do Bangladesh, que estava na Nova Zelândia para disputar uma partida no próximo domingo (que, entretanto, foi cancelada). A equipa estava prestes a entrar na mesquita junto Hagley Park, quando a tentado começou.



"Tivemos muita sorte. 
Se tivéssemos chegado três a quatro minutos antes, estaríamos dentro da mesquita durante o ataque", disse o responsável pela equipa, Khaled Mashud.
"Toda a equipa está salvo dos atiradores", revelou um dos jogadores no Twitter.
"[Os jogadores] estão a salvo, mas estão mentalmente em estado de choque. Pedimos à equipa que não saísse do hotel", afirmou o porta-voz da seleção.

O nível de ameaça à segurança nacional foi entretanto elevado para alto, mas o ataque está fazer soar campainhas fora da Nova Zelândia. Outras cidades estão já a reforçar a segurança junto aos edifícios religiosos.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern,
na primeira reação depois dos atentados
Foto: Borisw Jancic/EPA
O presidente da câmara de Londres, no Reino Unido, anunciou que vão estar polícias armados nas imediações das mesquitas.
Também o ministro francês do Interior, Christophe Castaner, declarou que vão ser reforçadas as patrulhas de segurança em redor dos locais religiosos de França, "por precaução".
"A nossa cidade mudou para sempre"
A Câmara dos Comuns da Nova Zelândia anunciou que será feito, ainda esta sexta-feira, um minuto de silêncio em memória das vítimas.
"Não há lugar na Nova Zelândia para atos desta violência extrema e sem precedentes", declarou a primeira-ministra neozelandesa, que considera que os ataques foram planeados durante bastante tempo.
Também a autarca de Christchurch, Lianne Dalziel, classificou o ataque como "devastador" e afirmou que aquela cidade nunca mais será a mesma. "Agora é tempo de tolerância e compreensão", declarou Dalziel, em comunicado.
Foto: REUTERS






Christchurch é a maior cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia e a terceira maior cidade do país com cerca de 376.700 habitantes, localizada na costa leste da ilha e a norte da península de Banks. É a capital da região de Canterbury.

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