MARROCOS/despedida Papa despede-se em clima de festa, junto da comunidade católica, com mensagem contra o ódio


MARROCOS/despedida
Papa despede-se em clima de festa, junto da comunidade católica, com mensagem contra o ódio
Mar 31, 2019 - 15:38
Francisco desafio Igreja a apresentar «Evangelho da misericórdia» junto de todos
Foto: Lusa

Rabat, 31 mar 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco encerrou hoje a sua visita de dois dias a Marrocos com uma Missa para a comunidade católica, que tem cerca de 25 mil pessoas no país (0,07% da população), junto dos quais deixou uma mensagem contra o ódio e a violência.
“A experiência diz-nos que a única coisa que conseguem o ódio, a divisão e a vingança é matar a alma da nossa gente, envenenar a esperança dos nossos filhos, destruir e fazer desaparecer tudo o que amamos”, disse, perante milhares de pessoas reunidas no complexo desportivo ‘Principe Moulay Abdellah’, na homilia da celebração, em espanhol e francês.
Perante migrantes de várias proveniências, membros do clero e de institutos religiosos, Francisco admitiu que muitas circunstâncias podem alimentar a divisão e o conflito, levando a acreditar no ódio e na vingança como “formas legítimas de obter justiça de maneira rápida e eficaz”.
“Só se formos capazes diariamente de levantar os olhos para o céu e dizer Pai Nosso, é que poderemos entrar numa dinâmica que nos possibilite olhar e ousar viver, não como inimigos, mas como irmãos”, acrescentou.
O Papa centrou a sua reflexão na passagem do Evangelho que foi lida hoje nas igrejas de todo o mundo, conhecida como a parábola do ‘filho pródigo’, convidando todos a aceitar “um pai capaz de perdoar, disposto a esperar e velar para que ninguém fique de fora”.
“No limiar daquela casa, parece manifestar-se o mistério da nossa humanidade: por um lado, temos a festa pelo filho reencontrado e, por outro, um certo sentimento de traição e indignação por se festejar o seu regresso”, assinalou.
Francisco retomou a passagem do primeiro livro da Bíblia, sobre Caim e Abel, em que o primeiro, após assassinara o seu irmão, se recusa a ser questionado como seu “guardião”.
Segundo o Papa, o desígnio de Deus é que “todos os seus filhos tomem parte na sua alegria” e que ninguém viva em condições desumanas” nem “na orfandade, isolamento ou amargura”.
Foto: Lusa
Em vez de nos medirmos ou classificarmos com base numa condição moral, social, étnica ou religiosa, podemos reconhecer que existe outra condição que ninguém poderá apagar ou aniquilar, pois é puro dom: a condição de filhos amados, esperados e festejados pelo Pai”.
O pontífice agradeceu aos presentes pelo seu “testemunho do Evangelho da misericórdia” e desafiou-os a permanecer “ao lado dos humildes e dos pobres, daqueles que são rejeitados, abandonados e ignorados”.
 “Que o Misericordioso e o Clemente – como tantas vezes o invocam os nossos irmãos e irmãs muçulmanos – vos fortaleça e faça frutificar as obras do vosso amor”, concluiu.
A primeira viagem do Papa Francisco a Marrocos começou este sábado, com apelos ao diálogo inter-religioso e ao respeito pelos migrantes, tendo sido assinada uma declaração conjunta, com o rei Muhammed VI, sobre o estatuto de Jerusalém; o domingo foi dedicado à minoria católica, com novas mensagens contra a intolerância.
OC
“Quero mais uma vez encorajar-vos a perseverar no caminho do diálogo, com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos, colaborando também para que se torne visível aquela fraternidade universal que tem a sua fonte em Deus. Possais ser, aqui, os servidores da esperança, de que o mundo tanto precisa! E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim”
Mensagem de despedida do Papa Francisco, Marrocos, 31.03.2019

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