QUARESMA/lusofonias LUSOFONIAS – Quaresma – do deserto ao Jardim
QUARESMA/lusofonias
LUSOFONIAS –
Quaresma – do deserto ao Jardim
Mar 11, 2019 - 13:42
Por Tony Neves
Os cristãos têm de viver a Páscoa a sério.
Para tal, a preparação torna-se caminho decisivo. Daí a importância do tempo da
Quaresma e o lugar que a Igreja, ano após ano, lhe atribui.
O Papa Francisco, na sua habitual mensagem quaresmal, faz uma aposta ecológica. O Papa reconhece que os maus comportamentos geram atentados contra a mãe-natureza, para além de destruir os próprios irmãos. Há, pois, que adoptar um estilo de vida fraterno e simples que ame os irmãos e proteja a natureza. Tal acontecerá se todos viverem segundo a lógica da Páscoa: ‘Se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para o horizonte da Ressurreição, é claro que acaba por se impor a lógica do tudo e Páscoa: ‘Se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para
o horizonte da Ressurreição, é claro que acaba por se impor a lógica do tudo
e imediatamente, do possuir cada vez mais’.
Os primeiros capítulos do livro do Génesis
falam de uma história de amor a três dimensões: com Deus, com os irmãos e com a
natureza. A seguir, mostram as rupturas que foram e vão acontecendo, destruindo
a comunhão querida e proposta por Deus. Lembra o Papa: ‘Rompendo-se a comunhão
com Deus, acabou por falir também a relação harmoniosa dos seres humanos com o
meio ambiente, onde estão chamados a viver, a ponto de o jardim se transformar
num deserto.’
Esta ruptura de relação acaba por oprimir
os mais fracos e pobres. É sempre assim: os mais débeis pagam sempre as
facturas mais elevadas. Mas nada está perdido, pois a conversão tudo pode
alterar para melhor: Diz a mensagem: ‘o caminho rumo à Páscoa chama-nos a
restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do
arrependimento, a conversão e o perdão, para podermos viver toda a riqueza da
graça do mistério pascal’.
A Quaresma, para os cristãos, será sempre
este tempo de mudança, assente em três atitudes históricas fundamentais: ‘JEJUAR,
isto é, aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas:
passar da tentação de ‘devorar’ tudo para satisfazer a nossa voracidade, à
capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração. REZAR para
saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos
necessitados do Senhor e da sua misericórdia. DAR ESMOLA, para sair
da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos, com a ilusão de
assegurarmos um futuro que não nos pertence. E, assim, reencontrar a alegria do
projeto que Deus colocou na criação e no nosso coração: o projeto de amá-Lo a
Ele, aos nossos irmãos e ao mundo inteiro, encontrando neste amor a verdadeira
felicidade’ – diz o Papa.
Deus criou um Jardim de Paraíso e nós, com
as nossas ganâncias, transformámo-lo num deserto. A Quaresma é o tempo de dar a
volta a esta situação para voltarmos a viver no Paraíso, que é um Jardim de
comunhão.
Uma Santa Quaresma para todos!
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