CRISTIANISMO/fraternidade Gregoriana: reflexão sobre o documento de Abu Dhabi sobre a fraternidade
CRISTIANISMO/fraternidade
Gregoriana: reflexão sobre o documento de Abu Dhabi sobre a
fraternidade
VATICANMedia 08.04
O
Centro de Estudos Inter-religiosos da Pontifícia Universidade e o Pontifício
Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos (Pisai) promoveram um fórum para
aprofundar o documento assinado no dia 4 de fevereiro, em Abu Dhabi, pelo Papa
Francisco e pelo Grande Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb.
Foto: VATICAN Media |
"A fé leva o crente a ver
no outro um irmão para apoiar e amar." Assim começa o "Documento
sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum",
sobre o qual o Grupo de Pesquisa "Centro de Estudos Inter-religiosos -
Pisai" iniciou seus trabalhos com um fórum de aprofundamento, realizado na
noite de segunda-feira (08/04) na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.
Estiveram presentes o teólogo muçulmano Adnane Mokrani e o diretor do Centro de
Estudos Padre Laurent Basanese: o moderador do evento foi o padre Valentino
Cottini.
Ouça
a reportagem
O direito de sonhar
O "Documento sobre a
fraternidade humana" marca um novo horizonte para o diálogo islâmico-cristão
e para além dele. Não é um documento idealista, mas oferece uma oportunidade e
restabelece o "direito de sonhar", especialmente para os jovens, que,
sublinha Adnane Mokrani, "são o motor da mudança, a esperança para o
futuro e têm uma grande sede de liberdade, democracia, direitos humanos,
cidadania plena".
Uma responsabilidade comum
Da análise do teólogo emerge que
o Documento se centraliza na fraternidade cósmica de todas as criaturas. É
evidente que o nosso planeta não pode sobreviver sem uma ideia de
responsabilidade comum perante Deus e perante a humanidade e a criação. A falta
de amor e de solidariedade fere a fé e não permite o que é indicado no texto
como "um encontro cheio de esperança para um futuro brilhante para todos
os homens". Por outro lado, o teólogo observou durante o encontro que
"este documento nasceu em estado de emergência, no qual existem muitos
conflitos. Nós não temos um destino separado, mas um destino único para toda a
humanidade. E somos todos responsáveis”.
Liberdade e pluralismo
Mokrani, neste primeiro fórum de
reflexão, se detém também sobre um parágrafo do documento no qual se lê que
"o pluralismo e a diversidade de religião, cor, sexo, raça e língua são
uma sábia vontade divina" e também recorda, a este respeito, as clarificações
feitas pelo Papa Francisco durante a audiência geral de 3 de abril, quando o
Papa recordou a voluntaspermissiva
mencionada pelos teólogos da escolástica. O Padre Laurent Basanese assinala
também que, pela primeira vez, num documento deste tipo, se fala de
"liberdade de crença".
Um novo documento
O Padre Basanese destaca, mais
genericamente, a originalidade do texto assinado pelo Papa e por Al-Tayyeb. Não
se trata, de fato, de um documento sobre "diálogo inter-religioso" em
sentido estrito, uma expressão que não aparece, "mas se fala - explica o
estudioso - de diálogo de culturas, é um convite a encontrar-se com todos:
crentes e não crentes, pessoas de boa vontade".
O diálogo da amizade
Desde Paulo VI, passando por
João Paulo II, Bento XVI até hoje, padre Basanese vê um caminho: do
diálogo com o mundo, com as civilizações, ao diálogo na verdade e na caridade,
até o diálogo do encontro e da amizade. Para o teólogo esta linha é evidente
também nos documentos cujos ecos ele percebeu: "Encontrei a Nostra
aetate, mas também a Gaudium
et Spes, onde se fala de fraternidade, de alegria e de tristeza, como neste
documento". Vatican News
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