SACERDOTES/SacerdócioEucaristiaAmor SEMANA SANTA-5ª FEI.SANTA: Bispo do Funchal apela aos sacerdotes para que sejam “humildes e conscientes das suas fragilidades”
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SEMANA SANTA-5ª FEI.SANTA: Bispo do Funchal apela aos sacerdotes para
que sejam “humildes e conscientes das suas fragilidades”
D. Nuno Brás presidiu hoje à Missa Crismal, na Sé do
Funchal. No início da Eucaristia, referiu-se à tragédia de ontem, no Caniço.
Homenageou ainda os padres que fazem 60 e 50 anos de sacerdócio.
Por
Luisa Gonçalves
18 Abril, 2019
Foto: Duarte Gomes |
Os sacerdotes não podem
julgar que são suas “as capacidades ou a missão” de que são investidos. Na
verdade, “por nós, por muito sábios que porventura sejamos; por muito bons e
clarividentes que nos julguemos ou que nos pensem os nossos semelhantes, nunca
deixaremos de ser pecadores e frágeis, incapazes de pronunciar com verdade o
‘hoje’ de Deus.”
O alerta foi deixado por
D. Nuno Brás na Missa Crismal desta
Quinta Feira Santa, dia 18 de abril, na Sé, durante a qual o prelado
acrescentou que “Jesus quer proclamar o hoje de Deus, connosco e por meio de
nós. E essa vontade divina, esse olhar que repousou sobre nós e nos escolheu
por motivos que apenas Ele conhece, só nos pode tornar humildes e conscientes
das nossas fragilidades, para que em nós, no nosso ministério, no nosso pensar,
agir e falar, no nosso ser apareça de um modo mais evidente e claro, a pessoa
de Jesus.”
Esta Missa Crismal, a
primeira que D. Nuno presidiu enquanto bispo do Funchal, contou com a presença
dos bispos eméritos, D. Teodoro de Faria e D. António Carrilho, bem como com
a presença de muitos dos sacerdotes da Diocese, que na ocasião fizeram
também a renovação das suas promessas da ordenação sacerdotal.
“Não vos posso esconder
a minha comoção ao presidir pela primeira vez a esta celebração que nos é,
felizmente, tão querida”, começou por frisar D. Nuno na homilia, para logo
lembrar que “na impossibilidade de, por motivos pastorais, concelebrarmos a
Missa da Ceia do Senhor da tarde deste dia santo, quis a sabedoria da Igreja
convidar-nos para, nesta Eucaristia de consagração dos santos óleos, tomarmos
consciência do presbitério que somos, da missão que Jesus nos confia, a cada um
e a todos, sinais visíveis da Sua graça, sacramentos vivos e para sempre da Sua
presença no meio da história”.
Nesta
festa do presbitério, o bispo do Funchal reconheceu ainda que “nos nossos dias
um padre é solicitado por várias tarefas, muitas em si boas e que integram a
sua missão, mas que não raras vezes o afastam do centro da sua
existência”. Mais: “É tentado por tantos outros pensamentos que o
podem desviar daquilo que ele é, e das tarefas que o Senhor lhe confiou”. São,
disse o prelado, “tentações do poder (político ou religioso), da importância,
do estatuto social, ou tentações de se deixar diluir por entre a multidão, de
ser como os demais e, quando muito, exercer o seu serviço em horários
determinados, qual funcionário de uma instituição religiosa.”
O bispo do Funchal
percorreu ainda as leituras meditando sobre “as palavras de Jesus: cumpriu-se
hoje a passagem da Escritura que acabais de ouvir”. Deixai que, por alguns
momentos, vos proponha uma meditação acerca do que pode representar para cada
um de nós este “hoje” a que Jesus se referia”.
“Jesus é o hoje de Deus:
Aquele para onde caminham todos os tempos, culturas e civilizações; Aquele de
onde parte o sentido último e definitivo da própria vida humana — de todas as
vidas humanas, da existência de cada um de nós.”, frisou.
E é “por causa
deste hoje — que apenas Deus pode pronunciar com toda a verdade no seio da
história — que aquela mesma palavra de Jesus, longe de ficar prisioneira de um
passado, continua a ser proclamada no nosso tempo com todo o seu vigor e
atualidade”. Hoje, prosseguiu, “Jesus, o Ungido, o Messias, o Cristo
do Pai continua a proclamar o Evangelho, a realizar a salvação no seio da
história — aqui, bem presente no meio de nós que celebramos a Eucaristia nesta
Sé do Funchal. E este hoje significa igualmente a realização da sua missão de
anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos prisioneiros, a
vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos”.
Continuando, o prelado
sublinhou: “A este hoje que atravessa a história, que lhe dá qualidade divina e
permite a salvação de todos e cada um dos seres humanos, de todos os tempos e
culturas, a este hoje divino que apenas o Deus feito Homem pode pronunciar
plenamente, o Senhor associa homens frágeis e pecadores, dando-lhes a
participar da sua unção, do seu sacerdócio, enviando-os a celebrar o memorial
da sua paixão, capacitando-os para dizerem com toda a verdade as palavras da
Última Ceia, enviando-os a espalhar o seu perdão. Não por sua causa ou para seu
deleite, mas por causa de uma humanidade — os homens e mulheres do nosso tempo
— a quem Ele não desiste de oferecer a salvação; a quem Ele não desiste de
proclamar o ano da graça do Senhor.”
Hoje como em todos os
tempos, acrescentou, “Ele vem ao encontro do mundo, ao encontro de todos os
seres humanos, quaisquer que eles sejam, mas particularmente dos pobres, dos
que têm o coração atribulado, dos cativos e prisioneiros, enredados nas malhas
de tantos vícios e pecados. A esses urge que chegue a notícia do “hoje” da graça
do Senhor, que chegue o Evangelho”.
No início desta
Eucaristia, D. Nuno referiu-se ainda à tragédia de ontem, com um autocarro
de turismo, no Caniço, e homenageou os padres que fazem 60 e 50 anos de
sacerdócio, nomeadamente os padres Rafael Andrade e Mário Tavares (Bodas de
Diamante), o Cónego Carvalho e o padre Adelino Macedo (Bodas de Ouro).
O bispo do Funchal
procedeu ainda à bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos, e à
consagração do óleo do Crisma.
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