TRÁFICO HUMANO/outroslixo "Não podemos adorar um Pai e tratar o outro como lixo": brasileiros comentam discurso do Papa
TRÁFICO HUMANO/outroslixo
"Não podemos adorar um Pai e tratar o outro como lixo":
brasileiros comentam discurso do Papa
Papa
Francisco discursou sobre o tráfico humano na conclusão da Conferência
Internacional. Entre os 200 participantes, havia especialistas brasileiros ou
ligados ao país.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do
Vaticano
Palavras contundentes contra o
tráfico de seres humanos marcaram o discurso do Papa Francisco na conclusão da
Conferência Internacional organizada pelo Dicastério do Desenvolvimento Humano
Integral da Santa Sé.
Ouça
a reportagem completa
Entre os 200 participantes que
ouviram o Pontífice reiterar que se trata de um crime de lesa humanidade, havia
especialistas brasileiros ou ligados ao nosso país, como é o caso do francês Fr.
Xavier Plassat, membro da Comissão Pastoral da Terra:
“As palavras do Santo Padre vão
diretamente ao fulcro da questão: o tráfico humano é um crime contra a
humanidade. Ele disse isso com todas as palavras e foi inclusive aplaudido
naquele momento. E um crime contra a humanidade do qual não podemos dizer ‘eu
não tenho nada a ver com isso’. Nós todos temos a ver com isso. Nós particularmente
cristãos, porque não podemos fingir que adoramos um Pai, que somos filhos de
Deus, se consideramos como lixo, descartável, mercadoria lucrável o outro. A
atitude que temos com o outro é um testemunho ou um contratestemunho completo.
Coisificação das pessoas
Na mesma linha, está a análise
da professora Márcia
Maria de Oliveira, da Universidade Federal de Roraima:
O tráfico aparece nesta
perspectiva como um gesto de profundo egoísmo, próprio desse estágio que
estamos vivendo do sistema capitalista neoliberal, que transforma as pessoas em
mercadorias. O Papa repetiu duas ou três vezes no discurso essa chaga da
humanidade que é permitir que pessoas sejam vendidas, compradas e negociadas
como se fossem meras mercadorias. Essa coisificação das pessoas leva a uma
banalização do humano, da dignidade humana. O discurso tem muito este apelo
evangélico de resgatar a dignidade humana.”
Já a Ir. Marinês Biasibetti atua
em Moçambique e comentou a frase bíblica citada pelo Papa Francisco:
“Ele justamente começou com esta
frase bíblica: ‘Eu vim para que todos tenham vida e a vida em abundância’. Este
é um grande desafio e por este motivo estamos aqui congregados para
continuarmos a trabalhar em defesa da vida, da dignidade.”
O abraço da Amazônia
Concluímos com a Ir.
Roselei Bertoldo, da Rede “Um Grito pela Vida”, que destaca o
reconhecimento do Papa Francisco à vida religiosa comprometida com a causa:
"Para a gente, que vem há
mais de décadas realizando este trabalho, sentimos uma alegria muito grande
porque muitas vezes por parte da Igreja como um todo a gente não sente esse
reconhecimento. E poder sentir isso da boca do Papa Francisco é muito bom,
porque nos anima a continuar na caminhada."
Ir. Roselei termina seu
depoimento recordando o abraço emocionado ao Papa, o abraço – segundo ela – de
toda a Amazônia ao Pontífice.
Comentários
Enviar um comentário