CRIANÇAS vítimas da guerra
CRIANÇAS na guerra
Guterres diz que todos precisam “fazer mais” para proteger crianças em
conflitos
BR
Foto: Unicef/Vincent Tremeau |
Menina de 17 anos é atendida em centro de
reintegração para crianças associadas a grupos armados apoiado pelo Unicef, no
leste da República Democrática do Congo.
12 fevereiro 2020
Dia Internacional contra o Uso
de Crianças-Soldado é marcado em 12 de fevereiro; 250 milhões de menores vivem
em países afetados por conflitos; ONU lança guia para mediadores para proteger
crianças em situações de conflito armado.
Em encontro realizado pelo
Conselho de Segurança nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António
Guterres, lembrou que “crianças com menos de 18 anos constituem mais de 50% da
população da maioria dos países afetados pela guerra e estão entre as mais
vulneráveis, incapazes de se proteger de seu impacto.”
O secretário-geral, António Guterres, encontra o rei Philippe e a rainha Mathilde da Bélgica. Foto: ONU/Mark Garten |
Orientações
Na reunião estiveram o rei
Philippe e a rainha Mathilde da Bélgica, o comissário da Paz e Segurança da
União Africana, Smail Chergui, e a presidente do Conselho Consultivo da ONG
Watchlist sobre Crianças e Conflitos Armados, Jo Becker. Um dos destaques foi a
integração da proteção de crianças em processos de paz.
Ao apresentar ao conselho a
Orientação Prática para Mediadores para a Proteção de Crianças em Situações de
Conflito Armado, horas antes de ser lançada, Guterres afirmou que “as crianças simplesmente
não têm papel em conflitos.”
O secretário-geral explicou
que o guia reconhece “que as necessidades e os direitos das crianças devem ser
considerados durante todas as fases do conflito, desde os esforços de prevenção
à mediação e recuperação, passando pelo desenvolvimento sustentável e
inclusivo.”
O material apresenta
experiências de diversos contextos que trouxeram resultados tangíveis para
meninos e meninas afetados. Entre os casos apresentados estão Colômbia, Sudão
do Sul e Nepal, retratando a libertação de forças ou grupos armados e a
reintegração na vida civil.
Para Guterres, a orientação é
o próximo passo na estratégia de “colocar as crianças no centro dos esforços de
proteção, construção da paz e prevenção.”
Duas meninas andam nas ruínas da cidade de Mosul, no Iraque. Foto: Unicef/Anmar Anmar |
Abusos
O chefe da ONU lembrou que em
2018 mais de 12 mil crianças foram mortas ou mutiladas em conflito, sendo “os
números mais altos registrados desde 1996, quando a Assembleia Geral criou o mandato”
do representante especial para Crianças e Conflitos Armados. Ele acrescentou
que “mais de 24 mil violações foram documentadas e verificadas, em comparação
com 21 mil em 2017.”
Para Guterres, ataques a
hospitais e escolas impedem o acesso à educação, a assistência médica e de
emergência para crianças e obrigam as famílias a deixar suas casas. O chefe da
ONU destacou que “crianças podem ser submetidas a abusos horríveis nas zonas de
guerra, incluindo violência sexual e sequestro.”
O secretário-geral enfatizou
que “essas violações causam danos duradouros às próprias crianças e a suas
comunidades e sociedades.” Ele acredita que essas violações também “podem
alimentar as insatisfações e frustrações que levam ao extremismo, criando um
círculo vicioso de tensão e violência.”
Conscientização
António Guterres destacou os
progressos obtidos na “conscientização sobre violações”, em parte devido ao
Mecanismo de Monitoramento e Relatórios estabelecido pelo Conselho de Segurança
em 2005.
Segundo o secretário-geral, as
estatísticas produzidas pelo mecanismo são incompletas, mas com o tempo, “têm o
poder de mudar comportamentos, impedir violações graves e proteger as
crianças.”
Guterres: cerca de 250 milhões de crianças vivem em países afetados por conflitos. Foto: Unicef/ Delil Souleiman |
Sudão do Sul
O chefe da ONU citou o caso do
Sudão do Sul como exemplo de como “a proteção das crianças pode unir as partes
em conflito e criar confiança e paz”. Guterres mencionou a assinatura de um
acordo de paz na semana passada pelas partes envolvidas, que incluiu “um plano
de ação conjunto abrangente para a proteção de crianças com as Nações Unidas.”
Para Guterres, “isso ocorre em
um momento crucial para o Sudão do Sul e tem potencial para criar confiança
entre as partes no contexto de um processo de paz que enfrenta muitos
obstáculos.”
Campanhas
O chefe da ONU lembrou ainda
que campanhas como ‘Crianças, não soldados’ e a nova iniciativa ‘Aja para
proteger’ ajudaram “a gerar um consenso global de que as crianças nunca devem
ser usadas em conflito.” Ele observou, que, no entanto, “apesar desses
esforços, os números de violações graves contra crianças em conflito continuam
aumentando.”
Para o secretário-geral, este
“é o resultado de confrontos contínuos e agravados e um desprezo vergonhoso
pelas vidas civis.” Guterres fez um apelo para que todos os Estados-membros
tomem medidas concretas “para priorizar a proteção das crianças afetadas por
conflitos nos níveis nacional, regional e global.”
Guterres enfatizou que todos
devem fazer mais em prol dos menores nessas situações.
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