Doentes: Igreja a estalagem do «bom samaritano»


Doentes: Igreja a estalagem do «bom samaritano»
O Papa na visita à «Villaggio Emanuele», uma instituição
em Roma que acolhe doentes de Ahlzeimer.

O convite de Jesus
1. As palavras – da mensagem de Papa Francisco para o 28º Dia Mundial do Enfermo – e ditas por Jesus – «vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28) – indicam o caminho misterioso da graça que revigora os cansados e exaustos. Exprimem a solidariedade de Jesus Cristo, com a humanidade aflita e sofredora no corpo e no espírito! Jesus  convida e promete  alívio. 
«Jesus pronuncia estas palavras, quando tem diante dos seus olhos as pessoas que encontra todos os dias pelas estradas da Galileia: muita gente simples, pobres, doentes, pecadores, marginalizados pelo ditame da lei e pelo opressivo sistema social”.
No 28º Dia Mundial do Doente, Jesus dirige este convite aos doentes, aos pobres que vivem na angústia devido à sua situação de fragilidade, sofrimento e fraqueza. A humanidade ferida é contemplada por Jesus com olhos que veem e observam, porque param e acolhem o homem todo e todo o homem, sem descartar ninguém.

Conforto e proximidade
2. Jesus Cristo Se tornou frágil, experimentando o sofrimento humano e recebendo, por sua vez, alívio do Pai. 
Na verdade, só quem passa pessoalmente por esta experiência poderá confortar o outro nas variadas formas de sofrimento: doenças incuráveis e crónicas, patologias psíquicas, aquelas que necessitam de reabilitação ou cuidados paliativos, as diferentes formas de deficiência, as doenças próprias da infância e da velhice.
Na doença, a pessoa sente comprometidas não só a sua integridade física, mas também a sua vida relacional, intelectiva, afetiva, espiritual; e por isso, além das terapias, espera amparo, solicitude, atenção, em suma, amor. Além disso, junto do doente, deve haver uma família que sofre e pede, também ela, conforto e proximidade.



«Noite» do corpo e do espírito
3. Em Jesus encontraremos força para ultrapassar as inquietações e interrogações que surgem na «noite» do corpo e do espírito.
A Igreja quer ser, cada vez mais e melhor, a «estalagem» do Bom Samaritano que é Cristo (cf. Lc 10, 34), isto é, a casa onde podemos encontrar familiaridade, acolhimento e alívio.
O Papa Francisco visita muitas vezes estruturas que acolhem doentes. Um dia visitou «Villaggio Emanuele», uma “cidade” na periferia de Roma que “abriga 100 habitantes em 14 casinhas coloridas” que acolhem doentes de Ahlzeimer.
Segundo o portal de notícias do Vaticano, à chegada do Papa, “incrédulos, os pacientes aproximaram-se de Francisco para o cumprimentar e conversar com ele, e receberam uma palavra de conforto”. 
Esta obra inspirou-se num centro holandês, perto de Amsterdão, para oferecer aos doentes com Alzheimer assistência e hospitalidade num contexto familiar”.

Profissionalismo e caridade
4. Os profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, pessoal sanitário, administrativo e auxiliar, voluntários –, pondo em ação as respetivas competência, cuidam da pessoa doente tratando suas feridas. 
“Todos os atos médicos devem ter sempre em vista a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”, chama a atenção o papa Francisco. E quando não puderem curar, poderão e deverão amparar o doente.
A vida é sagrada e pertence a Deus, sendo por conseguinte inviolável e indisponível (Encíclica Evangelium vitae, 29-53), acentua o Papa. O profissionalismo, animado pela caridade cristã, será o melhor serviço ao direito à vida respeitada desde o seu início até à morte.
Infelizmente, nalguns contextos de guerra e conflitos violentos, são atacados o pessoal sanitário e as estruturas que se ocupam da receção e assistência dos doentes, o que não beneficia ninguém. 
Muitos irmãos nossos vivem sem possibilidades de acesso aos cuidados médicos porque vítimas da pobreza, O Papa Francisco dirige-se – na sua mensagem – aos governos de todos os países do mundo, pedindo-lhes que não sobreponham o aspeto económico ao da justiça social: e pede a sua cooperação para que todos tenham acesso a cuidados médicos adequados para salvaguardar e restabelecer a saúde.

Igreja com os doentes
5. Nas chamadas terras de missão, o trabalho muitas vezes silencioso da Igreja e de seus missionários ajuda a levar um pouco de esperança a este mar de desespero e sofrimento. Onde há uma missão, há um ponto de assistência à saúde, muitas vezes o único num raio de centenas, senão milhares de quilómetros. Muitos dispensários, clínicas e verdadeiros hospitais, nasceram e continuam a operar nos lugares mais remotos do mundo, graças ao trabalho de missionários e voluntários animados pelo espírito evangélico.
Os Institutos de caridade e assistência administrados pela Igreja incluem: 5.287 hospitais, 15.957 dispensários, 610 leprosários, 15.722 casas para idosos, doentes crónicos e pessoas com necessidades especiais, 9.552 orfanatos, 11.758 Jardins de Infância, 13.897 centros de aconselhamento matrimonial, 3.506 centros de educação ou reeducação social e 35.746 instituições de outros tipos.
Não faltaram heróicos testemunhos de religiosos e religiosas que diante de uma emergência, preferiram sacrificar suas vidas em vez de abandonar as pessoas que assistiam, e tendo contraído vírus ébola, por exemplo, cuidando dos doentes. E o Padre Damião, consumido pela lepra. Não esquecendo os que se sacrificaram na peste negra… e outras situações que conhecemos da história da humanidade.
O Papa Francisco termina sua mensagem agradecendo aos voluntários que se colocam ao serviço dos doentes, refletindo com gestos de ternura e proximidade, a imagem de Cristo Bom Samaritano.
A Igreja pede a todos, crentes e não crentes, mais atenção e auxílio, aos nossos queridos doentes da família e de todo o mundo.

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