Doentes: Igreja a estalagem do «bom samaritano»
Doentes: Igreja a estalagem do «bom samaritano»
11 Fevereiro,
2020 JM-220
O Papa na visita à «Villaggio Emanuele», uma instituição em Roma que acolhe doentes de Ahlzeimer. |
O convite de Jesus
1. As palavras – da mensagem de Papa Francisco para o 28º Dia
Mundial do Enfermo – e ditas por Jesus – «vinde a Mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28) – indicam o
caminho misterioso da graça que revigora os cansados e exaustos. Exprimem a
solidariedade de Jesus Cristo, com a humanidade aflita e sofredora no corpo e
no espírito! Jesus convida
e promete alívio.
«Jesus pronuncia estas palavras, quando tem diante dos seus olhos
as pessoas que encontra todos os dias pelas estradas da Galileia: muita gente
simples, pobres, doentes, pecadores, marginalizados pelo ditame da lei e
pelo opressivo sistema social”.
No 28º Dia Mundial do Doente, Jesus dirige este convite aos
doentes, aos pobres que vivem na angústia devido à sua situação de fragilidade,
sofrimento e fraqueza. A humanidade ferida é contemplada por Jesus com olhos
que veem e observam, porque param e acolhem o homem todo e todo o homem, sem
descartar ninguém.
Conforto e proximidade
2. Jesus Cristo Se tornou frágil, experimentando o sofrimento
humano e recebendo, por sua vez, alívio do Pai.
Na verdade, só quem passa pessoalmente por esta experiência
poderá confortar o outro nas variadas formas de sofrimento: doenças incuráveis
e crónicas, patologias psíquicas, aquelas que necessitam de reabilitação ou
cuidados paliativos, as diferentes formas de deficiência, as doenças próprias
da infância e da velhice.
Na doença, a pessoa sente comprometidas não só a sua integridade
física, mas também a sua vida relacional, intelectiva, afetiva, espiritual; e
por isso, além das terapias, espera amparo, solicitude, atenção, em suma, amor.
Além disso, junto do doente, deve haver uma família que sofre e pede, também
ela, conforto e proximidade.
«Noite» do corpo e do espírito
3. Em Jesus encontraremos força para ultrapassar as inquietações
e interrogações que surgem na «noite» do corpo e do espírito.
A Igreja quer ser, cada vez mais e melhor, a «estalagem» do Bom
Samaritano que é Cristo (cf. Lc 10, 34), isto é, a casa onde podemos
encontrar familiaridade, acolhimento e alívio.
O Papa Francisco visita muitas vezes estruturas que acolhem
doentes. Um dia visitou «Villaggio Emanuele», uma “cidade” na periferia de Roma
que “abriga 100 habitantes em 14 casinhas coloridas” que acolhem doentes de
Ahlzeimer.
Segundo o portal de notícias do Vaticano, à chegada do Papa,
“incrédulos, os pacientes aproximaram-se de Francisco para o cumprimentar e
conversar com ele, e receberam uma palavra de conforto”.
Esta obra inspirou-se num centro holandês, perto de Amsterdão,
para oferecer aos doentes com Alzheimer assistência e hospitalidade num
contexto familiar”.
Profissionalismo e caridade
4. Os profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, pessoal
sanitário, administrativo e auxiliar, voluntários –, pondo em ação as
respetivas competência, cuidam da pessoa doente tratando suas feridas.
“Todos os atos médicos devem ter sempre em vista a dignidade e a
vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos de natureza eutanásica, de
suicídio assistido ou supressão da vida, nem mesmo se for irreversível o estado da doença”, chama a
atenção o papa Francisco. E quando não puderem curar, poderão e deverão amparar
o doente.
A vida é sagrada e pertence a Deus, sendo por conseguinte
inviolável e indisponível (Encíclica Evangelium vitae, 29-53), acentua o
Papa. O profissionalismo, animado pela caridade cristã, será o melhor serviço
ao direito à vida respeitada desde o seu início até à morte.
Infelizmente, nalguns contextos de guerra e conflitos violentos,
são atacados o pessoal sanitário e as estruturas que se ocupam da receção e
assistência dos doentes, o que não beneficia ninguém.
Muitos irmãos nossos vivem sem possibilidades de acesso aos
cuidados médicos porque vítimas da pobreza, O Papa Francisco dirige-se – na sua
mensagem – aos governos de todos os países do mundo, pedindo-lhes que não
sobreponham o aspeto económico ao da justiça social: e pede a sua cooperação
para que todos tenham acesso a cuidados médicos adequados para salvaguardar e
restabelecer a saúde.
Igreja com os doentes
5. Nas chamadas terras de missão, o trabalho muitas vezes
silencioso da Igreja e de seus missionários ajuda a levar um pouco de esperança
a este mar de desespero e sofrimento. Onde há uma missão, há um ponto de
assistência à saúde, muitas vezes o único num raio de centenas, senão milhares
de quilómetros. Muitos dispensários, clínicas e verdadeiros hospitais, nasceram
e continuam a operar nos lugares mais remotos do mundo, graças ao trabalho de
missionários e voluntários animados pelo espírito evangélico.
Os Institutos de caridade e assistência administrados pela
Igreja incluem: 5.287 hospitais, 15.957 dispensários, 610 leprosários, 15.722
casas para idosos, doentes crónicos e pessoas com necessidades especiais, 9.552
orfanatos, 11.758 Jardins de Infância, 13.897 centros de aconselhamento
matrimonial, 3.506 centros de educação ou reeducação social e 35.746
instituições de outros tipos.
Não faltaram heróicos testemunhos de religiosos e religiosas que
diante de uma emergência, preferiram sacrificar suas vidas em vez de abandonar
as pessoas que assistiam, e tendo contraído vírus ébola, por
exemplo, cuidando dos doentes. E o Padre Damião, consumido pela lepra. Não
esquecendo os que se sacrificaram na peste negra… e outras
situações que conhecemos da história da humanidade.
O Papa Francisco termina sua mensagem agradecendo aos
voluntários que se colocam ao serviço dos doentes, refletindo com gestos de
ternura e proximidade, a imagem de Cristo Bom Samaritano.
A Igreja pede a todos, crentes e não crentes, mais atenção e
auxílio, aos nossos queridos doentes da família e de todo o mundo.
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