CRISTIANISMO «A globalização da violência» na perseguição aos cristãos por P. Armando Soares
CRISTIANISMO
«A
globalização da violência» na perseguição aos cristãos por P. Armando Soares
in BN selmis fev 2020
in BN selmis fev 2020
No continente
europeu
No dia 21 de
dezembro, o Papa pediu à Cúria Romana - o governo da Igreja - uma
"profunda mudança de mentalidade" no contexto de um Ocidente em
processo de descristianização. Na saudação natalícia de 2019 cardeais disse:
"… a fé, especialmente na Europa, mas também em grande parte do Ocidente,
não constitui mais um meio para conviver juntos. Pior ainda, (a fé) é negada,
burlada, marginalizada e ridicularizada".
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou sua preocupação com a
violação da liberdade religiosa, alertando para “o aumento da
intolerância”.
A fundação
pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou para a realização de três mil
ataques contra igrejas, escolas e símbolos cristãos na Europa, em 2019, citando
uma pesquisa do centro de estudos e conselho de política internacional
‘Gatestone Institute’. Os dados divulgados no início de 2020, confirmam a
hostilidade aos cristãos no continente, com igrejas, escolas, cemitérios e
monumentos cristãos vandalizados, queimados, saqueados ou profanados.
A França é um
dos países com “mais incidentes contra igrejas e símbolos cristãos. Basta
lembrar que 12 igrejas francesas foram “alvo de atos de vandalismo” em “apenas
sete dias”, durante a segunda semana de março 2019. Podíamos juntar a Alemanha,
a Bélgica, a Grã-Bretanha, a Dinamarca, a Irlanda, a Itália e a Espanha.
Problemas mais
frequentes: interferência nas liberdades de consciência, expressão e
associação, negação de acesso à justiça e serviços jurídicos”, violação dos
direitos” dos pais cristãos de educarem os filhos “em conformidade com a sua
fé”, a remoção dos símbolos religiosos cristãos “da praça pública”, o “negativismo
ou silêncio” na Comunicação Social”, e a “exclusão dos campus universitários”
dos grupos cristãos”.
Globalização da
violência
Durante o ano
de 2019, foram assassinados 29 missionários (agentes da pastoral) podendo
falar-se numa “globalização da violência”.
“Enquanto no
passado os missionários assassinados se concentravam em boa parte numa nação,
ou numa área geográfica, em 2019 o fenómeno mostra-se mais generalizado”,
refere a agência Fides, do Vaticano. Os assassinatos aconteceram em 10
países da África, oito da América, um da Ásia e um da Europa.
O elenco
refere-se a todo o pessoal de missão, que morreu de forma violenta ou que
sacrificou a sua vida, “consciente do risco que corria”: 18 sacerdotes, um
diácono permanente, dois religiosos não sacerdotes, duas irmãs e seis leigos.
No continente
africano em 2019, foram assassinados 12 sacerdotes e, na América, seis.
No continente
africano
Na Nigéria, um
grupo jihadista do EI assinalou o Natal 2019 com a divulgação de um
vídeo – no dia 26 - durante o qual 11 homens são executados, um a tiro e os
restantes decapitados. Um homem, de cara tapada, afirmou: “a intenção das
mortes é uma mensagem para os cristãos do mundo inteiro".
A Igreja
Católica do país pediu mais segurança para a quadra natalícia, mas houve
ataques quase todos os dias. No dia 24 de dezembro, o grupo Boko Haram atacou
uma aldeia cristã perto de Chibok, tendo matado sete pessoas e raptado um
adolescente. Este grupo armado espalha o terror no nordeste da Nigéria e
nas regiões vizinhas do Chade, do Níger e dos Camarões, tentando expulsar as
populações cristãs.
O Bispo de Dori, D. Laurent Birfuoré Dabiré, denunciou
os massacres de cristãos: "Se o mundo continuar a não fazer nada, o
resultado será a eliminação da presença cristã".
No Burkina Faso
tem aumentado a violência contra as comunidades cristãs.
Apelo à
liberdade religiosa
O Papa
condenou, no passado dia 9, no Vaticano, o “flagelo” do terrorismo e pediu
respeito pela liberdade religiosa, numa intervenção perante diplomatas de mais
de 180 países, alertando para crises no continente africano.
“Dói constatar
como continuam – no Burquina Faso, Mali, Níger e Nigéria – episódios de
violência contra pessoas inocentes, entre as quais muitos cristãos perseguidos
e mortos pela sua fidelidade ao Evangelho”, denunciou o Papa Francisco ao
apresentar cumprimentos de Ano Novo.
Francisco
convidou a comunidade internacional a apoiar os esforços destes países na “luta
para derrotar o flagelo do terrorismo, que está a cobrir de sangue o continente
africano, bem como outras regiões do mundo”.
Sublinhou ainda
a importância de “promover o diálogo e a cultura do encontro para construir
sociedades pacíficas, no respeito pela livre pertença étnica e religiosa”.
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