A CIÊNCIA E A DOR
A CIÊNCIA E A DOR
Ciência pode tratar qualquer
tipo de dor» – Bastonário da Ordem dos Médicos
Fev 19, 2020 - 15:05
Miguel Guimarães afirma que
todos os portugueses devem ter «acesso a bons cuidados de saúde»
O bastonário da Ordem dos
Médicos disse que a evolução da ciência permite ajudar quem se encontra em
sofrimento, defendendo um maior investimento nos cuidados paliativos, em
Portugal, num momento em que se debate a despenalização da eutanásia, no
Parlamento.
“Temos é de dar qualidade às
pessoas. A ciência evoluiu de tal maneira que, neste momento, é possível tratar
qualquer tipo de dor, sobretudo dor física, porque os meios que temos são de
facto muito, muito, muito maiores do que tínhamos há 10, 20 ou 15 anos”, referiu
Miguel Guimarães, no dia 19, aos jornalistas.
Alertou que “há um grande
desinvestimento em cuidados paliativos”, existem para “cerca de 25% da
população” e vários distritos de Portugal “não têm sequer médicos”.
“O que queremos é que todos os
portugueses tenham acesso a bons cuidados de saúde, a cirurgias quando é
necessário, a consultas com vários especialistas, que não morram num serviço de
urgência porque tem uma pulseira amarela e têm de esperar três ou quatro
horas”, desenvolveu.
No final da apresentação do
livro ‘Eutanásia, Constituição e Deontologia Médica’, ao qual se seguiu um
debate, o bastonário salientou que “a dor é subjetiva” e a sua avaliação “não é
fácil”.
Esta terça-feira, o Conselho
Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV)
emitiu pareceres desfavoráveis às iniciativas legislativas do BE, PAN, PS e PEV
que visam a despenalização da eutanásia em Portugal.
Sobre o parecer do CNECV, o
psiquiatra Pedro Afonso assinalou que “há uma unanimidade que a eutanásia não
deve ser legalizada em Portugal”, na maioria dos médicos, das entidades que
representam e “também aquelas que se destinam às questões éticas”.
“Não há motivo nenhum para que
não se continue a lutar pela vida humana, mesmo na fase terminal, em que os
doentes devem ser apoiados com cuidados paliativos e não submetidos à
eutanásia”, declarou à Agência ECCLESIA.
Pedro Afonso, presidente da
Associação dos Médicos Católicos Portugueses, alerta para “uma visão
ideológica, claramente, de desvalorização da vida humana”.
Já para Paulo Otero, professor
da Faculdade de Direito, “era inevitável a reprovação” por parte de um conselho
(CNECV) que se pauta por “princípios de natureza ética”.
“Oxalá que os deputados
entendam o que é a ética, que talvez lhes fizesse bem”, acrescentou o
constitucionalista, que apresentou a obra ‘Eutanásia, Constituição e
Deontologia Médica’.
A Ordem dos Médicos dinamizou
um debate sobre o tema da eutanásia, no qual o médico Bruno Maia, que defende a
despenalização, realçou os dois grandes grupos de doenças que “os projeto-lei
balizam” são as doenças oncológicas, “para as quais já não há tratamento com
intenção curativa”, e doenças neurológicas degenerativas, “para as quais não há
tratamento nenhum”.
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