SER SANTO
Santidade: «na vida
há só uma tristeza, não ser santo» por P. Armando Soares
O Senhor chama
1.O que quero recordar com a Exortação “Gaudete et Exsultate” é a chamada à
santidade que o Senhor faz a cada um de nós: «sede santos, porque Eu sou santo»
(1 Ped 1, 16). O Concílio
Vaticano II salientou vigorosamente o apelo à santidade: «todos os fiéis, seja
qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai,
cada um por seu caminho» (Lumen Gentium, 11).
11.
«Cada um por seu caminho», diz o Concílio. Com efeito, há testemunhos que são
úteis para nos estimular e motivar, mas não para procurarmos copiá-loss. «Todos
estamos chamados a ser testemunhas, mas há muitas formas existenciais de
testemunho. É que a vida divina comunica-se «a uns duma maneira e a outros
doutra».( Hans
U. von Balthasar
Na Carta aos Hebreus somos convidados a reconhecer-nos «circundados de uma nuvem
de testemunhas» (12, 1), que nos estimulam a continuar a correr para a meta. E,
entre estas testemunhas, podem estar a nossa própria mãe, uma avó ou outras
pessoas próximas de nós (2 Tm 1,
5).
Deixemo-nos
estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos
membros mais humildes deste povo que «participam também da função profética de
Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de
caridade» (LG, 12).
Os santos, que já chegaram à presença de Deus, mantêm connosco laços de
amor e comunhão (Gaudete et Exsultate, 8).
Não devo carregar sozinho o que, na
realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus
protegem-me, amparam-me e guiam-me».
O
Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no povo santo de Deus. O
Senhor, na história da salvação, salvou um povo. Deus atrai-nos tendo em conta
a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade
humana (GE, 6).
O rosto da Igreja
3. Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou
religioso. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e dando
testemunho nas ocupações de cada dia.
Deixa
que a graça do teu Batismo frutifique. Abre-te a Deus e, escolhe-O sem cessar.
Não desanimes (Gal 5,
22-23). Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que
precisas para crescer rumo à santidade: a Palavra, os Sacramentos, os
santuários, a vida das comunidades, o testemunho dos santos e uma beleza
multiforme que deriva do amor do Senhor.
A
santidade é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e
em áreas diferentes, o Espírito suscita «sinais da sua presença, que ajudam os
próprios discípulos de Cristo». (9)
Esta
santidade irá crescendo com pequenos gestos, como: não falar mal de ninguém, a
mãe sentar e escutar com paciência e carinho as fantasias do seu filho,
conversar carinhosamente com um pobre que segue sozinho pela estrada fora (16).
Quando estava na prisão, o Cardeal Francisco Xavier Nguyen van Thuan
renunciou a desgastar-se com a ânsia da sua libertação. Tomou a decisão «viver
o momento presente, cumulando-o de amor»; e dizia: «aproveito as ocasiões que
vão surgindo cada dia para realizar ações ordinárias de maneira extraordinária»
(17).
Mais humanos
4. Não tenhas medo da
santidade. Não te tirará forças, nem vida, nem alegria. Muito pelo contrário,
porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu
próprio ser. Depender d’Ele liberta-nos das escravidões. (32)
Cada cristão, quanto mais se
santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo. Os Bispos da África
ocidental: «Somos chamados, no espírito da nova evangelização, a ser
evangelizados e a evangelizar através da promoção de todos os batizados para
que assumam as suas tarefas como sal da terra e luz do mundo, onde quer que se
encontrem». Mensagem
pastoral no final da II Assembleia Plenária (29.02.2016), 2.
Não tenhas medo de apontar
para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus.
Não tenhas medo de te deixares
guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o
encontro da tua fragilidade com a força de Deus.
Como dizia León Bloy, na vida
«existe apenas uma tristeza: a de não ser santo».
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