EUTANÁSIA «razões do NÃO»
EUTANÁSIA «razões do NÃO»
Diocese do Funchal promoveu debate sobre as razões do ‘Não’ à
Eutanásia
Por Luisa Gonçalves
28 Fevereiro, 2020
Foto: Duarte Gomes |
A Diocese do Funchal promoveu esta quinta-feira, dia 27 de fevereiro,
no Museu Casa da Luz, um debate sobre as razões do ‘Não’ à Eutanásia. A
iniciativa contou com a participação de Teresa de Melo Ribeiro, jurista e
mandatária da iniciativa Popular de Referendo Sobre a (Des)penalização da Morte
a Pedido; João Meirinho Moura, médico; Rubina Berardo, Economista e Paula
Margarido, advogada. A moderar os trabalhos esteve Virgílio Nóbrega.
Aos jornalistas, ainda antes de se iniciarem os trabalhos, D. Nuno Brás
disse que “passado todo o mediatismo da semana passada”, é importante continuar
a debater, este assunto que “é demasiado grave e tem consigo uma configuração
da própria sociedade e do próprio Estado”.
Não se trata, segundo o prelado, apenas de “uma realidade que diga
respeito a uma liberdade individual, o já por si era suficientemente
importante, mas aqui trata-se da configuração importante do próprio Estado.
Aliás, quando se diz que é uma das questões fraturantes é precisamente porque
fratura aquilo que é a nossa vida habitual, como sociedade e como Estado”.
Com as razões do sim “amplamente divulgadas”, D. Nuno entende que é
também necessário dar a “conhecer as razões do ‘Não’”, tendo sido esse o
objetivo desta iniciativa que, em seu entender, pode “contribuir para que as
pessoas possam ficar mais esclarecidas e possam formar a sua decisão de forma
mais consciente e percebendo aquilo que ela implica”.
Apesar de não ter “qualquer indicador” de que a maioria da sociedade
seja a favor ou contra a despenalização, o bispo diocesano considera
“importante que se dê aos portugueses a possibilidade de dizer, precisamente,
se são a favor ou se são contra”.
“Votaram nas costas da população”
De resto, a necessidade de se realizarem mais debates sobre esta
questão e sobretudo da realização de um referendo foi um dos pontos defendidos
por todos os intervenientes no debate, a que assistiram mais de meia centena de
pessoas.
Tratando-se de uma questão relacionada com direitos fundamentais, que
ainda por cima altera a noção do que é o Estado Social, entendem os oradores
que a mesma não deve nem pode ficar limitada à vontade e à posição dos
deputados da Assembleia da República.
Deputados que, no dizer de Rubina Berardo, debateram e votaram este
assunto “nas costas da população, de maneira acelerada e sem amadurecimento.” A
economista e antiga deputada do PSD na Assembleia da República, lembrou mesmo
que este tema não fazia parte dos programas eleitorais, tendo havido por isso,
em seu entender, “uma quebra de confiança entre o eleitor e o eleito muito
grave, no contexto da democracia portuguesa”.
Rubina Berardo disse ainda que “uma Assembleia da República, que ignora
a quantidade de assinaturas que já foram recolhidas no âmbito do pedido de um
referendo sobre esta matéria, é uma Assembleia da República que vira as costas
à sociedade” e que “tem medo” de deixar a população se pronunciar sobre esta
matéria.
Sobre esta questão do referendo, Teresa de Melo Ribeiro, frisou que o
mesmo é “a única forma de se poder parar a legalização da Eutanásia”, tendo
ainda adiantado que a iniciativa popular para pedir esse mesmo referendo conta
já com mais de 40 mil assinaturas. Quer isto dizer que este processo deverá
estar concluído em março, seguindo depois os trâmites previstos, até que se
saiba se há referendo ou não.
“Devemos nos mover no balão da vida”
Já Paula Margarido, ainda que considere que “a vida não é
referendável”, diz que neste momento o referendo é “um mal menor”. A jurista
lembrou que “o que quer que seja que venham a decidir nesta matéria terá que
implicar uma alteração quer à Constituição, quer ao Código Penal”.
A jurista defendeu ainda que “devemos todos nos mover no balão da vida
e não de uma morte medicamente assistida”. É que, disse, “se nós vamos
despenalizar a prática da Eutanásia, de hoje para amanhã acontecerá, como já
acontece na Holanda e na Bélgica, uma rampa deslizante em que é possível, por
vontade de terceiro, aplicar-se a Eutanásia, até em crianças com doenças
oncológicas e doentes psiquiátricos”.
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